sábado, 12 de março de 2011

Reportagem: "Senhor Presidente dissolva o Parlamento"

Manifestantes preenchem a Praça da Batalha por completo. É difícil conseguir mexer-se.

17h28 - O núcleo duro de manifestantes mantém-se ao fundo da Avenida a ouvir testemunhos de precariedade ao microfone. A multidão vai diminuindo, resistem no ar algumas bandeiras, incluindo uma... da Líbia. Daqui a algumas semanas os Aliados voltam a encher para festejar o campeonato de futebol e o São João.

17h20 - Nos aliados a ilusão é grande em transformar este dia numa data histórica para o país. Um grupo de jovens avança por entre a multidão com cartazes onde se lê: "Depois do 25 de Abril de 1974, o 12 de Março de 2011”.

17h16 - Um manifestante do Porto sobe a uma árvore para pendurar um cartão gigante em forma de placar desportivo. O resultado è uma goleada. "PEC - 4 vs. Povo - 0"

17h11 - À medida que a concentração final nos Aliados se aproxima do fim, a Avenida assemelha-se cada vez mais a um estádio de futebol. Já se cantou até o hino nacional e houve pulos conjuntos ao som da frase: "E quem não salta é do Governo".

17h07 - Uma agência bancária do Banco Espírito Santo, situada na Avenida dos Aliados, foi vandalizada pelos manifestantes. Em cima do letreiro de cor verde está escrito "ladrões" em letras grandes e azuis.

17h04-
Ironicamente em frente a uma agencia bancária do BES, um dos organizadores do protesto no Porto fala sobre os problemas com a atribuição das bolsas universitárias: "Endividamo-nos porque não nos pagam as bolsas e no final do curso não temos emprego".

16h58 – Não é só a classe política a "roubar" os portugueses, na voz dos manifestantes que chamam agora "gatunos" aos políticos. Os carteiristas do Porto, também à rasca, não faltaram à chamada. O sistema de som instalado a meio da Avenida dos aliados, anuncia que a carteira da Ana Cunha Sousa Santos já foi recuperada pela polícia.

16h54 - A manifestação das várias gerações à rasca, teve origem nas redes sociais e concretiza-se também no plano tecnológico. Miúdos e graúdos captam fotografias e vídeos. Mais logo estarão disponíveis no twitter, facebook e youtube. Entre os cartazes são muitos os telemóveis e câmaras fotográficas acima das milhares de cabeças que se concentram agora na Avenida dos Aliados, bem no centro do Porto.

16h48 - Se uns precários se manifestam nas ruas do Porto, outros mostram o seu espírito empreendedor. Juan, natural da Galiza e vestido de Palhaço, está no meio dos manifestantes a vender flores feitas com balões. É a economia paralela a funcionar, aquela que o Governo quer controlar de forma mais apertada, segundo o programa de estabilidade e crescimento ontem anunciado.


16h35 - No local do início do protesto portuense restam apenas alguns grupos de idosos, que ainda ontem ficaram a saber que poderão esperar mais um ano de pensões mínimas congeladas. Um deles segura numa mão a bengala e na outra uma folha onde se lê telegraficamente: "Justiça, velhice enrascada". A seu lado, duas pensionistas "enrascadas" também pela crise do euro discutem o valor da reforma em contos de reis.

16h30 - Uma hora e meia depois do início da concentração, a Praça da Batalha, no porto, está prestes a reabrir ao trânsito. A multidão segue rumo aos aliados. Dois motociclistas encerram o cortejo com monstruosas mascaras de Carnaval na cara. Na mão uma folha branca tem escritos a cores varias: "o momento mete medo ao susto".

16h23 - Duas bonecas insufláveis simbolizando prostitutas provocam primeiro o riso e depois assobios contra a equipa governativa. A mensagem é dura: "senhor primeiro-ministro, por trás?! Chega os clientes!"

16h19 - "Ninguém daqui votou na Merkel", lembra um cartaz amarelo à entrada da rua de Santa Catarina, um dia depois do Governo ter apresentado o quarto pacote de austeridade no espaço de um ano. Medidas já elogiadas...pela chanceler alemã.

16h16 - O desfile na cidade invicta não tem fronteiras para a reivindicação. Empunhando um megafone, um grupo reclama...a regionalização. A moção de estratégia que Sócrates levará ao Congresso prevê a retirada da revisão administrativa do país da agenda política dos próximos tempos.

16h13 - Um jovem pai traz a filha ao ombro com um cartaz irónico na mão: "Futura precária".

16h12 - No Porto reclama-se a quedo do Governo. O apelo de Cavaco Silva na tomada de posse é lembrado no protesto do Porto para pedir acção política em Belém. "Senhor Presidente, em nome dos pobres, dos jovens, dos idosos e da nação, dissolva o Parlamento!", lê-se num cartaz.

16h09 - Uma enorme massa humana começa a descer rumo à rua de Santa Catarina. Há crianças, adolescentes, jovens na casa dos trinta, quarentões e reformados. As boinas que escondem a calvície misturam-se com as rastas dos jovens. No horizonte há cartazes com reivindicações várias. Contra o desemprego, os baixos salários, a precariedade, o valor das bolsas de estudo e...o capitalismo.

16h02 - No Porto cheira a cravo e a jasmim: milhares de pessoas convocados pelo Facebook preenchem por completo a Praça da Batalha gritando slogans de Abril: “O povo unido jamais será vencido.”

15h54 - Na Praça da Batalha, no Porto, a manifestação também já arrancou. Ninguém se mexe, tal é o número de pessoas presente.


"Geração à rasca" leva 300 mil manifestantes à Avenida da Liberdade

Organização fala em 300 mil manifestantes em Lisboa, polícia aponta para 200 mil. Ainda será cedo para fazer balanços, mas quem está na rua diz não se lembrar de tanta gente junta na Avenida da Liberdade em muitos anos. "Sócrates aceita a demissão" ou "Senhor Presidente dissolva o Parlamento" são das ideias que mais geram consenso.

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