terça-feira, 12 de abril de 2011

PERDOAR



Perdoar não é esquecer

Inês Menezes
2011-04-08

Especialistas dizem que é fundamental aprender a perdoar para conviver numa sociedade cheia de conflitos como a nossa!

Embora em situações limite o perdão pareça totalmente impossível, a verdade é que perdoar é algo próprio do ser humano. Mesmo que pareça estranho ou bizarro perdoar quem nos ofende e desilude, se o perdão não acontece de forma verdadeira e profunda, dá espaço ao ressentimento e à raiva, sentimentos que acabam por ser nocivos para quem não perdoa!

Diante da possibilidade da repetição do comportamento reprovável por parte da pessoa a quem foi concedido o perdão, existe o risco de que se desencadeie um quadro de ansiedade ou depressão na pessoa que perdoou mas que não conseguiu superar o ocorrido.

Quer queiramos quer não, a vivência em sociedade está, de alguma forma, predestinada ao acto de perdoar. Ele estabelece, por natureza, uma abertura entre quem cometeu a falta e quem foi ofendido, o que facilita a nossa vida em sociedade. Sem isso, não seria possível viver em harmonia social.

Sensação de bem-estar
Diversos estudos conseguem indicar áreas do cérebro relacionadas com o perdão. Quanto ao processamento das emoções, ele está, do ponto de vista biológico, muito próximo da compaixão.

Hoje em dia, a ciência já é capaz de explicar parte destes fenómenos. Actualmente, a medicina demonstra que as pessoas que geralmente exercitam o sentimento de perdoar têm uma vida com mais qualidade. Aliás, está demonstrado que quando perdoamos temos uma enorme sensação de bem-estar, o que poderá estar relacionado com a libertação de substâncias químicas. No fundo, é como se quando se pratica o perdão, se recebesse uma recompensa do cérebro.

Além da biologia
Impossível, no entanto, definir o perdão como algo puramente biológico, e separá-lo das emoções. Um dos pontos-chave do perdão é de natureza psicológica. Não se trata de um fenómeno com resultados apenas ao nível químico ou fisiológico. Aliás, não é possível perdoar apenas de forma cerebral. Perdoar é muito mais do que isso. É perceber a natureza humana, aceitar que o erro também faz parte do ser humano. E que todos nós, em determinadas alturas da vida, nas mesmas circunstâncias, poderíamos ter cometido o mesmo erro. O erro faz parte da humanidade.

Assim, perdoar sem compreender seria uma contradição. E encarar o perdão como sinónimo de esquecimento também é enganoso. O esquecimento não possibilitaria qualquer aprendizagem acerca de ética, de moral ou mesmo de crença.O perdão é a forma mais eficaz de lidar com ofensas que causam mágoas num relacionamento humano e comunitário.

O conceito de perdão, naturalmente, é variável – como são variáveis as culturas. Necessitamos contabilizar, ainda, as questões religiosas. Mas, a verdade é que qualquer que seja o tipo de sociedade ou de religião, sem perdão as relações ficam demasiado complicadas, seja dentro da própria família, trabalho ou amigos. E, uma vez que não é possível conceber a existência humana sem conflitos e sem mágoas, o perdão é fundamental

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