domingo, 4 de setembro de 2011

Em Jose Eduardo dos Santos "ninguém toca" (Enric Vives-Rubio (arquivo))

Número de detidos na manifestação de sábado continua por determinar

Manifestantes presos em Luanda vão ter julgamento sumário

04.09.2011 - 20:44 Por João Manuel Rocha

Jovens manifestantes detidos no sábado pela polícia angolana em Luanda, durante um protesto contra o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, deverão ser nesta segunda-feira levados a tribunal para julgamento sumário. A informação foi prestada ao PÚBLICO neste domingo pelo presidente da Associação Justiça, Paz e Democracia, António Ventura.

O número de detidos e feridos na repressão violenta da manifestação continua por determinar com rigor. A Polícia Nacional informou no sábado à noite ter feito 24 prisões, mas o número rondará as 40 pessoas, que permaneciam detidas em diferentes esquadras, disse o activista. Na maior parte dos casos, as famílias dos jovens desconheciam para onde tinham sido levados.

O Bloco Democrático, onde militam professores universitários e advogados, alertou para a “gravidade da situação que se vive” e denunciou a “arbitrariedade da Polícia Nacional, sob ordens do Executivo”.

O partido, liderado por Justino Pinto de Andrade, quantificava ontem de manhã as detenções em cerca 50, entre as quais as de três organizadores da manifestação — Carbono Casimiro, Mizinge e Sábio — e de uma militante sua, Ermelinda Freitas. Dois manifestantes foram “barbaramente agredidos” e tiveram de receber assistência hospitalar, denunciou também.

O mesmo partido qualificou as detenções como “prisões políticas”, contestou a falta de acesso aos detidos e apelou a uma mobilização que leve à sua libertação. A manifestação de sábado, promovida pelo Grupo de Jovens Revolucionários, que junta poetas e cantores de rap, foi autorizada.

“Este comportamento não é novo. Já se tem dado várias vezes, a nível de falta de protecção aos cidadãos que querem manifestar ideias e opiniões contrárias às políticas ou ao Presidente. No Presidente ninguém toca”, disse António Ventura.

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