quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O tio alemão e não há coqueiros para subir, este também é um dos responsáveis, vergonha na cara?

Enquanto Passos Coelho se faz acompanhar de quatro pessoas, Cavaco Silva leva 23 para uma cimeira de dois dias

Se a importância que os nossos governantes dão aos países que lhes cabe visitar se medisse pela dimensão da comitiva que os acompanha, ficaríamos a saber que a 21.a Cimeira Ibero-Americana, que decorre entre os dias 27 e 28 de Outubro, em Assunção, no Paraguai, é muito mais importante para o Presidente da República que para o primeiro-ministro ou para o chefe da diplomacia, Paulo Portas.
Enquanto Pedro Passos Coelho leva consigo quatro pessoas, incluindo segurança, Aníbal Cavaco Silva arrasta atrás dele um séquito de 23, no qual se incluem mordomo e médico pessoal. O Presidente, que se eternizou na célebre frase “Ninguém está imune aos sacrifícios”, já tinha suscitado consternação aquando da visita aos Açores em Setembro, por se ter feito acompanhar de uma comitiva de 30 pessoas, entre as quais estavam o chefe da casa civil e sua esposa, quatro assessores, dois consultores, um médico pessoal, uma enfermeira, dois bagageiros, dois fotógrafos oficiais, um mordomo e 12 agentes de segurança.
Numa altura em que os portugueses são diariamente chamados a acreditar nas garantias consoladoras de dificuldades justamente partilhadas e convidados a aceitar cortes, inevitável emagrecimento e até empobrecimento, eis que o chefe de Estado português aterra no Paraguai amanhã, depois de uma escala no Brasil, com o equivalente a duas equipas de futebol, com custos que, contabilizados ao nível do cidadão comum, e só no que diz respeito ao preço dos voos, são de 7500 euros por pessoa para um bilhete de ida e volta em classe executiva e 1870 euros em classe económica.
A participação na Cimeira Ibero-Americana foi acordada aquando da passagem por Lisboa do secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, que na altura disse estar empenhado em garantir que Portugal se fazia representar em Assunção pelo Presidente da República Portuguesa, pelo chefe do executivo e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.
Antes de aterrar no Paraguai, Cavaco Silva e Passos Coelho farão uma escala de menos de 24 horas no Brasil, onde, porém, não chegarão a cruzar-se. O objectivo: impulsionar os investimentos entre Portugal e o Brasil.
O primeiro-ministro tem agendado para as 17h30 de hoje um encontro em Brasília com a presidente Dilma Rousseff. A reunião centrar-se-á no tema das privatizações em Portugal, incluindo a da EDP, que já atraiu o interesse de várias companhias brasileiras, como a Eletrobras e a Cemig.
De acordo com uma nota divulgada pela Presidência da República, em trânsito para o Paraguai, Cavaco Silva passará por São Paulo, onde será, no dia 27 de Outubro, o convidado de honra de um jantar comemorativo dos 99 anos da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil. Ainda de acordo com a nota de Belém, durante este jantar, o chefe de Estado irá receber a distinção Homenagem Especial 2011, que a Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil lhe atribuiu, “devido ao empenho que colocou no incremento das relações luso-brasileiras”.
A b reúne em Assunção os governantes da América Latina, de Espanha, Portugal e Andorra. Será consagrada ao tema da transformação social e do desenvolvimento e pretende reflectir sobre a crise e a nova realidade económica e debater o papel do Estado e das políticas públicas como garante da igualdade.
Na ordem de trabalhos está a aprovação de 18 comunicados separados, um dos quais deverá reflectir as conclusões do Fórum Económico, que congregará representantes de organismos empresariais e abordará, entre outros temas, o do papel e da importância de economias emergentes como a chinesa. A cimeira culminará na passagem de testemunho a Espanha, responsável pela organização em 2012, em Cádis, do próximo encontro de chefes de Estado e de governo ibero-americanos.
Segundo Enrique Iglesias, esta cimeira vai ser necessariamente “muito dominada” pela actual conjuntura, tendo a América Latina de debater “a forma de lidar com os impactos negativos” da crise global. A par da declaração política central, em Assunção deverá ser aprovado um programa de acção com temas como segurança social, inovação e de- senvolvimento.

É uma vergonha!

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