terça-feira, 4 de outubro de 2011

Segunda-feira, 3 de Outubro de 2011
OS NOVOS SALTEADORES DA ARCA VAZIA

Armando Galvão Pereira, com mais de meio-século de existência, é um desempregado de longa duração por muitas razões que aqui, para este caso, pouco importam. Já tirou vários cursos profissionais e continua desempregado. No último, que terminou há muitos meses, foi obrigado a abrir uma conta na Caixa Geral de Depósitos para que o subsídio fosse pago através desta entidade bancária.

Actualmente continua a receber o RSI, Rendimento Social de Inserção, mas, agora, é pago por cheque através dos Correios. Calculando-se as razões e os porquês, Armando nunca mais colocou um cêntimo na sua conta que movimentava através de uma caderneta.

Na semana passada, certamente para se desenrascar enquanto não vem o cheque, pediu ajuda ao genro que mora em Lisboa. O familiar depositou na sua conta 10 euros e logo a seguir telefonou ao Galvão que o dinheiro já lá estava.

Na sexta-feira, última, à tardinha, Armando inseriu a caderneta na máquina bancária para levantar a nota com uma dezena de euros vinda de Lisboa. Sem passar cavaco ao Pereira, a máquina, como transformada em glutona, comeu-lhe a caderneta, não arrotou, e, da tão ambicionada nota, nem uma satisfação.

Hoje, de manhã, o Pereira foi à Caixa Geral de Depósitos (CGD), aqui na Baixa de Coimbra, saber da razão de a máquina ter apreendido a caderneta e para levantar aquilo que julgava ser seu.

Veio então um funcionário expedito dizer-lhe que a sua caderneta ficou presa porque o Armando era devedor de 10 euros à instituição. “Devedor? Como? Se não fiz qualquer dívida, não coloco cá dinheiro há muitos meses, e até estou desempregado?”, interrogou insistentemente.

“Pois, o senhor vá ler as cláusulas do contrato. Está lá que se o senhor não movimentar a conta, de três em três meses, terá de pagar 10 euros à instituição para manutenção”, respondeu o funcionário, imagino, do alto do seu rigoroso cumprimento da lei –calculo, feita por medida pela CGD e com a conivência escandalosa do Banco de Portugal.

O Armando Galvão veio ter comigo quase de lágrimas nos olhos. “Como é possível uma coisa destas, senhor Luís? Isto é um a assalto a coberto da lei!”

Aconselhei-o a ir à CGD e pedir o Livro de Reclamações e descrever com minúcia tudo o que lhe aconteceu. Pelo menos o Banco de Portugal tomaria conta desta inqualificável e inconcebível atitude bancária. Para não lhe chamar pior. Foi lá, e passada meia-hora, voltou.

Então, Armando, escreveu lá no livro tudo o que se passou? –interroguei.

“Não vale a pena! Veio o gerente e disse que era uma norma do banco. Que era assim, assado, mais cozido, em todas as dependências bancárias. E que daqui a mais algum tempo, se eu continuar a não colocar lá dinheiro, voltam a tirar-me mais 10 euros. Embora notasse que estava a ser feito tudo para que eu não escrevesse no Livro de Reclamações, acabei por o não solicitar. Não vale a pena! Eles comem tudo! Eles comem tudo aos pobres

1 comentários:

Jorge Neves disse...

Vale sempre a pena reclamar no livro e denunciar estes roubos. Volte lá e reclame por escrito.

3 de Outubro de 2011 13:06

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