quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Libertados portugueses escravos durante quatro anos

Menor de 14 anos estava entre família escravizada em Espanha

Por: Cláudia Lima da Costa | 9- 11- 2011 19: 8

Foram quatro anos de pura escravidão. Quatros anos de trabalho forçado em campos agrícolas na vizinha Espanha. De sol a sol com as mãos na terra, uma família, incluindo uma menor de 14 anos, viveu confinada a uma arrecadação e a restos de comida. Quatro anos de agressões físicas e psicológicas que terminaram ontem com a detenção, em Alfandega da Fé, de uma outra família. Esta, um homem e duas mulheres, são acusados de exploração laboral, sequestro e escravidão.

Segundo a Polícia Judiciária, contactada pelo
tvi24.pt, este é mais um caso de escravidão que as autoridades portuguesas conseguiram desmantelar e que se insere no conjunto de casos semelhantes. São já nove os detidos e 13 as vítimas de escravidão, este ano, no Norte do país. A escravidão laboral ganhou recentemente terreno à exploração sexual que durante largos anos dominou a realidade portuguesa.

Ao que o
tvi24.pt conseguiu apurar a menor escravizada era ligeiramente «poupada» ao trabalho do campo e era forçada a trabalhos domésticos. O mesmo não acontecia com o resto das vítimas. Uma das mulheres chegou mesmo a ser hospitalizada em consequência das agressões sofridas. «As agressões físicas e psicológicas eram constantes», adiantou fonte da Judiciária. O comunicado da instituição específica ainda que a escravidão ocorreu «pelo menos desde o ano de 2008 e ininterruptamente até à presente data».

A família vítima da escravidão não estava acorrentada, mas estava confinada a uma arrecadação. As três mulheres e o homem alimentavam-se apenas dos restos de comida dos seus «patrões».


Como na maioria dos casos com estas características, os suspeitos aproveitam-se das fragilidades das vítimas, quer económicas, quer culturais e emocionais para os aliciarem com propostas de trabalho tentadoras, mas que acabam por nunca se concretizar. As vítimas foram todas elas «recrutadas» nas suas respectivas áreas de residência: Bragança, Amarante e Lisboa.


A PJ não tem dúvidas em afirmar que esta família foi sujeita «a um regime de verdadeira exploração esclavagista, nomeadamente na actividade agrícola desenvolvida nas regiões de Zamora e de La Rioja ¿ Espanha».


Um quinto elemento deste grupo conseguiu libertar-se em Março deste ano e denunciou o caso às autoridades. A Judiciária adianta ainda que estão ainda processos em investigação e que se esperam novas detenções em breve.

Os detidos, de 61, 59 e 34 anos de idade, vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coacção tidas por adequadas.

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