segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Processo

Justiça investiga milhões de Vara

Juiz manda tirar certidão depois de verificar desvios entre o rendimento declarado e as contas bancárias de Armando Vara.

Por:Tânia Laranjo/ Manuela Teixeira

É de cerca de 800 mil euros a diferença entre os rendimentos auferidos por Armando Vara e o dinheiro que entrou nas suas contas bancárias, em 2008 e 2009. São 800 mil euros não declarados ao Estado que podem levar o arguido do processo ‘Face Oculta’ a responder pelos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, na sequência de uma certidão já extraída do processo principal e cuja investigação foi entregue ao DIAP de Lisboa.

A perícia financeira, que o CM consultou, mostra que Armando Vara declarou em 2008 e em 2009 um milhão e 500 mil euros de rendimentos. Deste valor, um milhão e 200 mil referem-se a salários de trabalho dependente como administrador do BCP e como pensionista pelas funções públicas que exerceu. Declarou também ao Fisco incrementos patrimoniais de 290 mil euros. No mesmo período, nas contas bancárias pessoais de Armando Vara (três) entraram cerca de dois milhões e 337 mil euros. Cerca de um milhão foi para uma conta da Caixa Geral de Depósitos; 59 mil euros para uma outra conta referente à pensão vitalícia do Estado; e um milhão e 278 mil na conta do BCP.

Nos movimentos catalogados como ‘saída de dinheiro’, constam transferências de cerca de 500 mil euros para o Banif, através de quatro cheques, que Vara justificou como sendo do negócio de uma casa. Esta transacção suscitou, contudo, suspeitas de crime de branqueamento de capitais, tendo sido também aberto um inquérito autónomo.

Em 2008 e 2009, há também pagamentos referentes a um crédito de habitação. Saíram ainda valores de 25 mil euros para a aquisição de um Mercedes e transferências de carácter familiar. Há ainda uma transferência de 2500 euros para o Partido Socialista. Na análise pericial da investigação judicial no âmbito do caso ‘Face Oculta’, não foram registados depósitos em dinheiro ou em cheque provenientes do sucateiro Manuel Godinho, principal arguido do processo.

Armando Vara, suspeito de branqueamento e fraude fiscal no processo autónomo, vai responder por três crimes de tráfico de influências no ‘Face Oculta’. Em causa estão pressões exercidas sobre administradores de empresas públicas para favorecer os negócios do sucateiro.

OUTROS CASOS DE PENSÕES ELEVADAS

Outros arguidos do ‘Face Oculta’ recebem pensões pelas funções públicas que exerceram. São os casos de José Penedos, que ganhava mensalmente 1600 euros, e de Paiva Nunes, da EDP Imobiliária, que recebia 1500.

VARA RECEBE SEM EXERCER FUNÇÕES

Armando Vara recebeu 882 mil euros em 2010 sem exercer funções, que suspendeu depois de ter sido constituído arguido, no BCP. Em Setembro de 2010, foi contratado como gestor da construtora Camargo Corrêa em África.

TAGUSPARK EM JULGAMENTO

Um dos processos já com julgamento marcado e que nasceu do processo ‘Face Oculta’ é o caso do Taguspark. O julgamento dos três arguidos tem início marcado para 11 de Janeiro de 2012, sentando-se nessa altura no banco dos réus Rui Pedro Soares, ex-administrador não executivo do pólo tecnológico de Oeiras; Américo Tomatti, à data dos factos presidente da comissão executiva do Taguspark; e João Carlos Silva, antigo administrador do pólo. Os três estão acusados de corrupção passiva para acto ilícito, na sequência do apoio dado por Luís Figo à campanha de José Sócrates nas legislativas de 2009.

OS MAIS CAROS ADVOGADOS

Não é só entre os arguidos e as testemunhas que figuram importantes personalidades de várias áreas da sociedade portuguesa. Também alguns dos advogados que a partir da próxima semana vão estar diariamente no Tribunal de Aveiro são dos mais reputados do País. José Penedos, por exemplo, apresenta uma equipa de juristas em que figuram Rui Patrício, do Con

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