sábado, 5 de novembro de 2011


Os jovens portugueses desempregados devem emigrar, em vez de ficarem na sua «zona de conforto», disse no sábado o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre. «Se estamos no desemprego, temos de sair da zona de conforto e ir para além das nossas fronteiras».
Parece que como não temos nem batatas, nem chicharros, nem parafusos para exportar, este governo resolveu exportar os jovens deste país. Ouvi, durante anos e anos, gente dizer que o mal do país, o que fazia com que ele não se desenvolvesse era a baixa qualificação dos nossos trabalhadores. Parecia ter lógica e por isso se aplaudia as medidas que levavam os nossos jovens para a escola, oferecer-lhes melhores condições e ganharem conhecimentos que os transformassem em trabalhadores altamente qualificados. Uma politica consensual onde se gastaram milhares e milhares de milhões para a sua consumação.
Agora, que temos esses trabalhadores descobrimos que não temos trabalho para tanta qualificação. Aliás já chegámos ao ponto em que não temos trabalho para ninguém, seja ele qualificado ou desqualificado. Engenheiros, arquitectos, licenciados de todas as áreas trabalham hoje em call centers ou nas caixas dos supermercados dos hiper-Merceeiros em troca de um salário mínimo e de toda uma vida de precariedade. A isto chama o Secretário de Estado “zona de conforto”.
A solução é a exportação, não de produtos porque não os produzimos, mas de jovens licenciados. O Salazar exportou os seus trabalhadores desqualificados para os “bidonvilles” desse mundo e estes enviam os seus trabalhadores qualificados para um qualquer bairro dos subúrbios desse mesmo mundo. O Passos coelho veio dizer que nos vai fazer ficar a todos e mais o país mais pobres e agora este que desistiram. Primeiro atiramos tudo o que tínhamos fora, o Cavaco encarregou-se disso, agora atiramos também os jovens e as suas qualificações. O que resta? Nada.

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