segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Lisboa: Cidadãos chineses acusados de lenocínio e auxílio à imigração ilegal

Máfia chinesa vendia mulheres para a prostituição

Exploradas em vários prostíbulos de Lisboa, alguns deles em zonas nobres, como a avenida de Roma ou a 5 de Outubro, várias mulheres chinesas pagavam entre 15 e 20 mil euros para chegarem à Europa. Procuravam um sonho, mas acabavam no pesadelo da prostituição, exploradas por compatriotas mafiosos, que em Portugal tinham uma rede de serviços sexuais.

Por:João Tavares

‘Vendidas’ a portugueses a 50 euros por meia hora ou a 70 por uma hora – os chineses pagavam mais 20 euros – a única altura em que as mulheres não trabalhavam era quando estavam com a menstruação. Sem falar português e indocumentadas, viviam como reféns nos prostíbulos.

O DIAP de Lisboa acusou agora os membros desta rede de exploração sexual de associação criminosa, lenocínio e auxílio à imigração ilegal, estando três em prisão preventiva, relativamente a factos desde o ano passado. Dois aguardam o avançar do processo em liberdade, enquanto outros seis estão fugidos das autoridades. Foram emitidos mandados de detenção europeus e internacionais.

Era em apartamentos com vários quartos – na Avª Roma, Avª 5 de Outubro, rua dos Anjos, Arroios e no Algarve – que as mulheres atendiam clientes, que respondiam a anúncios colocados na internet e jornais. As mulheres eram muito controladas e, caso saíssem de casa, não poderiam afastar-se mais de um quarteirão, não fosse surgir um cliente de última hora. Os pagamentos eram sempre feitos aos líderes da rede, com as mulheres a receberem 50 por cento do valor, num negócio que, segundo a acusação, era altamente proveitoso. Milhares de euros eram movimentados mensalmente entre os membros desta máfia chinesa, que era comandada em Portugal por uma mulher de 30 anos.

MÃE E FILHA SEPARADAS À CHEGADA

Segundo a acusação do DIAP de Lisboa, as mulheres eram tratadas como "mera mercadoria" pelos donos dos prostíbulos, que se encontravam ligados a outras redes mafiosas no estrangeiro e faziam chegar as mulheres a Lisboa. Em Portugal, a rede não tinha uma hierarquia definida, mas era numa mulher de 30 anos que recaía a maior parte das decisões, devido aos seus muitos contactos no estrangeiro. Dona do prostíbulo da Avª Roma, separou mãe e filha à chegada a Lisboa. Estas terão pago 18 mil euros para vir para a Europa, mas os seus documentos acabaram nas mãos dos ‘cabeça de cobra’ – nome dado aos traficantes de seres humanos. Foram obrigadas a prostituírem-se para pagar a dívida da viagem.

TRADUZIA PARA O SEF E OBTINHA AUTORIZAÇÕES FRAUDULENTAS

A rede mafiosa cobrava ainda às mulheres forçadas a prostituírem-se cerca de três mil euros para obter autorizações de residência de forma fraudulenta, para que estas se pudessem legalizar. Chave neste processo era uma chinesa de 40 anos, sócia de vários restaurantes no Algarve, que trabalhava ainda como tradutora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras naquela região. A arguida era, assim, conhecedora do processo de legalização e dos requisitos e prazos na tentativa de legalização das cidadãs chinesas que angariava. A algumas delas dava emprego nos restaurantes, que funcionavam como fachada neste lucrativo negócio. Algumas autorizações de residência eram pedidas em nome de pessoas a viver no estrangeiro.

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