quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cambalacho público

28 Dezembro, 2011 – 17:07

O Estado central, de livre vontade, resolveu utilizar bens de todos os contribuintes para embelezar algumas partes da cidade de Lisboa sem outra razão aparente que não fosse aliviar o esforço financeiro que a própria camara lisboeta deveria fazer, se assim o entende-se, no ambito das suas funções e à custa dos seus contribuintes locais. Foi portanto uma decisão de apoio e favor político ao seu presidente, membro do mesmo partido governamental da altura.
O novo governo decidiu extinguir a empresa pública criada para suportar tais obras e custos. Mas manteve o compromisso de colocar o património do estado e o dinheiro de todos os contribuintes a pagar obras em benefício da câmara municipal de Lisboa.
Entre outras medidas, deu ao municipio o edificio do antigo Tribunal da Boa Hora acrescido de € 3.582.900 euros. Isto em 25 de Novembro.
A ministra da justiça, que assinou a resolução que doa tal edificio, passados apenas 15 dias, vem dizer que «tudo fará» para que o mesmo volta á propriedade do ministério da justiça. Nem há como comentar tal reviravolta….
O novo proprietário do edifício prontamente manifesta a sua boa vontade de também tudo fazer para satifazer a senhora ministra. Desde que lhe paguem 7,5 milhões de euros por um edifício que recebeu de graça…..
Depois de referir que a ministra já lhe tinha falado no assunto «há meses» (o que levará a ministra a decisões de quer, não quer, afinal quer?) afirma en passant que «nunca pretendeu ficar com a Boa Hora» (aceitou contrariado, coitado….) mas de repente já está a pensar ali instalar «a assembleia municipal, de todos os serviços camarários dispersos pela Baixa e ainda de uma escola do primeiro ciclo e um jardim-de-infância». Portanto, fica já aberta a porta para que o governo venha de alguma forma a doar ou financiar tais equipamentos.

Podia-se dizer que é mais um caso de pouca vergonha de governos e autarcas, não fosse o caso de no final quem ficará prejudicado é o mesmo de sempre: o contribuinte.

Por Gabriel Silva

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