sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Sexta-feira, 2 de Dezembro de 2011

Yasmin e Yasminelle triplicam o risco de trombose em relação às pílulas mais antigas



As mulheres que tomam os contraceptivo orais Yasmin ou Yasminelle têm um risco mais elevado de desenvolver uma trombose venosa (formação de um coagulo no sangue) potencialmente grave, do que as que tomam contraceptivos mais antigos.



O que está em causa:



A pílula contraceptiva oral é uma combinação de um estrogénio e um progestagénio, sendo que o estrogénio utilizado é habitualmente o etinilestradiol. Devido aos efeitos secundários de estrogénio, sempre se procurou diminuir a sua dose, e para isso foram desenvolvidas novas moléculas de progestagénio.



O quadros seguinte mostra os vários compostos das principais pílulas:




DERIVADOS DA TESTOSTERONA:


1ª Geração : Noretisterona
2ª Geração : Levonorgestrel - Microginon, Trinordiol
2ª Geração : Norgestrel
3ª Geração : Desogestrel - Marvelon, Mercilon
3ª Geração : Gestodeno - Gynera, Tri-Gynera, Harmonet, Microgeste, Minigeste, Minulet, Tri-Minulet

DERIVADOS DA ESPIRONOLACTONA:


Drospirenona - Yasmin e Yasminelle



Como podemos verificar, os progestagénios até aqui utilizados eram derivados da testosterona. Recentemente, há cerca de dez anos, o laboratório Bayer iniciou a comercialização de uma pílula em que o progestagénio é um derivado, não da testosterona mas sim, da espironolactona, a drospirenona.


A espironolactona é um diurético, isto é aumenta a eliminação de líquidos no organismo, e por isso é utilizada no tratamento da hipertensão e em certas doenças em que existe retenção de líquidos, como na insuficiência cardíaca congestiva. A espironolactona tem a particularidade de ser um poupador de potássio, isto é, impede que o organismo absorva muito sal e previne que os níveis de potássio fiquem muito baixos. Este factor poderá estar na origem de um risco aumentado de trombose verificado com a toma das pílulas Yasmin e Yasminelle.



Demasiadas provas.


A FDA (Food and Drug Administration) analisou os estudos referentes a mais de 800 000 mulheres, nos Estados Unidos, que tinham utilizado vários meios de contracepção entre 2001 e 2007. Verificou, que as mulheres que tinham utilizado o Yasmin ou o Yasminelle tinham o risco que desenvolver um trombo 1,5 vezes maior do que as que usavam pílulas mais antigas.



Dois estudos mais recentes, publicados na revista British Medical Journal, chegaram à conclusão que as pílulas Yasmin e Yasminelle triplicavam, num dos estudos, e duplicavam, no outro, o risco de tromboses graves em relação à geração precedente de contraceptivos orais.


A FDA refere que pelo menos 190 mulheres morreram após a toma de Yasmin ou Yasminelle. Nos Estados Unidos já existem 10 400 queixas jurídicas contra a Bayer. Na Alemanha as mortes são de pelo menos 12 mulheres.






Os estudos:


Um estudo da nova Zelândia, " Parkin L, Sharples K et al. Risk of venous thromboembolism in users of oral contraceptives containing drospirenone or levonorgestrel: nested case-control study based on UK General Practice Research Database", publicado no BMJ em abril de 2011, estudou o risco de trombo-embolia não mortal em mulheres que utilizavam o Yasmin e as que usavam uma pílula com levonorgestrel.




Os resultados em ambos os estudos concluíramque os risco de trombose venosa é 2 a 3 vezes mais elevada nas mulheres que utilizam o Yasmin em relação às que usam uma pílula mais antiga, com levonorgetrel.



A revista "Prescrire" chega às mesmas conclusões, baseando-se em dois estudos: Lidegaard Ø et coll. "Hormonal contraception and risk of venous thromboembolism : national follow-up study" e Van Hylckama Vlieg A et coll. "The venous thrombotic risk of oral contraceptives, effects of oestrogen dose and progestogen type : results of the MEGA case-control study", ambos publicados no BMJ.

De salientar que este problema já tinha sido relatado, logo em 2002, por um grupo de médicos de clínica geral holandeses, no artigo publicado no BMJ: Tony Sheldon " Dutch GPs warned against new contraceptive pill ".



Claro que a Bayer recusa qualquer destas acusações e apresenta estudos, financiados pela Bayer, que contradizem esses resultados. Após a compra do laboratório Schering em 2005 pela Bayer, este tornou-se o primeiro vendedor mundial de contraceptivos. As pílulas Yasmine e Yasminelle representam para a Bayer um volume de vendas de 1,5 mil milhões de dólares anuais.







http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21511804

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21511805

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1122825/

http://pharamster.over-blog.com/article-lecture-officinale-drospirenone-risques-de-thromboses-veineuses-78156630.html


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