segunda-feira, 19 de março de 2012

Nobel da Paz defende criminalização da homossexualidade

19 de Março, 2012

Em 2011 Ellen Johnson Sirleaf ganhou o prémio Nobel da Paz pelo seu papel na reconstrução da Libéria, um país destruído por 14 anos de guerra civil. Nesta segunda-feira, numa entrevista conjunta com Tony Blair ao britânico The Guardian, a presidente da Libéria assume uma posição polémica e defende a criminalização da homossexualidade no país.

Tony Blair - de visita ao país como representante da Iniciativa pela Governança de África, uma organização que fundou para ajudar os governos africanos – fica visivelmente desconfortável quando, no decorrer da entrevista, Sirleaf defende os «valores tradicionais» da sociedade da Libéria por oposição a orientações homossexuais.

Certo é que, na Libéria, a «sodomia voluntária», leia-se homossexualidade, é considerada um desvio comportamental e, como tal, punida por lei com um ano ou mais de prisão. Quando interrogada sobre descriminalizar este comportamento, a Nobel declara que tal não deve acontecer num futuro próximo e explica à jornalista que na Libéria há «certos valores tradicionais» que os libaneses querem preservar.

Enquanto responde à jornalista, Sirleaf olha para Blair, sentado ao seu lado direito, e sorri, como que esperando obter algum sinal de que o ex-PM concorda com o que está a ser dito e, na verdade, quando confrontado, um atrapalhado Blair não confirma nem desmente. Tony Blair responde apenas que na sua posição actual, afastado de cargos públicos, pode «escolher as questões às quais responde», escolhe, portanto, não responder à afirmação da repórter sobre bons governantes e direitos humanos serem duas faces da mesma moeda.

Ao longo dos dez anos em que ocupou o cargo de primeiro-ministro, o ex-líder do Partido Trabalhista, foi um acérrimo defensor dos direitos dos homossexuais e da igualdade legal para todas as opções sexuais, tendo chegado mesmo a pedir ao Papa para repensar o posicionamento da Igreja relativamente à homossexualidade. No entanto, optou por não confrontar a presidente afirmando que está no país para tratar de «outros assuntos».


SOL

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