domingo, 23 de setembro de 2012




Posted: 22 Sep 2012 05:27 PM PDT
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Perplexo, o povo português defrontou-se com uma medida demasiado grosseira para ser verdade: iriam tirar aos trabalhadores o seus rendimentos para entregar directamente o dinheiro do seu trabalho ao patronato.



Todos estavam contra essas medidas, desde a oposição, o que é normal, até aos próprios membros do PSD. Tinha-mos unanimidade. Com uma medida desta, era normal, quando nos vão ao bolso é normal tal reacção básica, ainda para mais essas medidas nem sequer estavam prevista no memorando da Troika, toda gente estava mais contra.


Reunião do Conselho de Estado, e depois volta tudo atrás, essas "medidas não são bem assim, vão ser alteradas, mas são necessárias novas medidas para colmatar essa perda de receitas".


Tudo não passa de um embuste, uma manobra de diversão, as privatizações de sectores fundamentais da nossa economia passam então como necessárias, entre muitas outras medidas, como as mexidas no IRS que irá afectar os que não podem escapar ao fisco, ou seja, o rendimento do trabalho. As novas mediadas que vêem aí serão mais gravosas do que as actuais decorrentes das alterações da TSU, mas disfarçadas de medidas necessárias, que a maioria das pessoas não irá perceber.


As manifestações populares promovidas pela "sociedade civil" foram curiosamente difundida por todos os meios de comunicação social, falava-se em 90 mil pessoas convocadas, mas após a divulgação mediática, chegaram aos 500 mil, só em Lisboa, muito à custa dessa mesma comunicação social que tudo fez, curiosamente ou não, para as promover. Tiveram direito a toda a divulgação durante horas. Chega-se a pensar que foram promovidas por essa mesma comunicação social, nas mãos dos grandes grupos económicos. Até tiveram direito à cobertura de helicópteros, quanto o mesmo não acontece com greves ou manifestações promovidas por organizações sindicais.


Depois vêem-nos dizer que o recuo das medidas sobre a TSU foi uma vitória do descontentamento, da vontade popular, quando na realidade essas medidas, que todos sabíamos injustas  (propositadamente demasiado grotescas) tinham esse objectivo: fazer crer que foi uma derrota popular, fazer crer que o "povo" tem uma palavra dizer, que é dono das decisões tomadas. Nada mais falso, estas medidas "injustas" foram construídas para dar lugar a outras menos mediáticas, que essas sim irão afectar a vida de todos os portugueses sem que esses se apercebam e por consequência, se manifestem.


Estas medidas absurdas da TSU, que ninguém concorda, não passam de medidas que se sabia iriam ser "chumbadas" à partida, para dar lugar a medidas que serão aceites por todos como necessárias, essas sim sem descontentamento, equivalentes ou superiores à famosa TSU, mais gravosas do que esta teatralidade, mas sempre a favor do capital.

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