quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Posted: 07 Nov 2012 03:21 PM PST

A Islândia foi saqueada, tal como Portugal, mas lá o crime não compensa e a impunidade não venceu.
O que contribuiu para o sucesso Islandês, não foi apenas a manifestação que depôs o governo, pois se voltassem para o poleiro políticos corruptos, tudo voltaria ao mesmo. 
O que fez toda a diferença, foi a sorte de encontrarem um presidente com braço de ferro e coração de ouro... Resgatou as pessoas e não os bancos.

À semelhança de Portugal também a Islândia teve um caso ao estilo BPN. Créditos ao desbarato para os amigos. Empréstimos sem garantias. Todos os envolvidos estavam ricos. O governo não cumpria o seu papel, permitindo que a situação atingisse o ponto de ruptura. Tal como em Portugal, era o regabofe.
Contudo ao contrário de Portugal estes senhores, julgando-se intocáveis e crendo que o estado iria assumir todas as suas asneiras, depararam-se com um presidente justo e integro, que os obrigou a "pagar" pelo que fizeram.

Vejamos nos vários pontos, em baixo, as diferenças entre a postura do governo e povo Português e do Islandês, e percebemos que a profundidade da injustiça e corrupção, em Portugal, tem uma dimensão maior que a que julgávamos.
Pior ainda, percebemos que oferecer as dividas de um banco saqueado por políticos, a um povo inocente, não era a única opção mas sim a mais conveniente aos saqueadores.

1- A Islândia deixou cair os seus bancos e persegue os banqueiros.
Vê aí um modelo islandês de saída da crise?
(Ólafur Ragnar Grímsson, Presidente da Islândia) -Talvez não tivesse havido outra opção além dessa: os bancos eram tão grandes que não havia maneira de os resgatar. Mas não interessa se havia ou não opções. A Islândia não aceita a noção de o cidadão comum ter de pagar toda a factura das loucuras dos bancos, como aconteceu com essas nacionalizações feitas noutros lugares pela porta do cavalo.
2 - Ex-primeiro-ministro islandês julgado por negligência governativa.
Em Setembro de 2010, o parlamento islandês decidiu processar por "negligência" o antigo chefe do Governo, que liderava o país na altura em que o sistema financeiro islandês entrou em colapso, em Outubro de 2008.
Para julgar Haarde, foi criado um tribunal especial, o Tribunal Superior de Justiça (Landsdomur). JN

3 - Procurado Sigurdur Einarsson - Procura-se. Homem, 48 anos, 1,80 m, Calvo, olhos azuis. A Interpol acompanha esta descrição de uma foto na qual aparece um tipo bem barbeado enfiado num desses fatos escuros de 2000 euros. A delinquência mudou muito com a globalização financeira. Isto é a Islândia, o lugar onde os bancos vão à ruína e os seus dirigentes podem ir para a cadeia sem que o céu se abata sobre as nossas cabeças; a ilha onde apenas meio milhar de pessoas armadas com perigosos tachos podem derrubar um governo.
Isto é a Islândia, onde agora os taxistas lançam os mesmos olhares furibundos que em todas as partes quando se lhes pergunta se estão mais chateados com os banqueiros ou com os políticos.
O tipo da foto chama-se Sigurdur Einarsson. Era o presidente executivo dum dos grandes bancos da Islândia e o mais temerário de todos, Kaupthing "a praça do mercado" Foi detido há uns dias na sua mansão de Londres. E é um dos protagonistas do livro mais lido na Islândia: nove volumes e 2400 páginas para uma espécie de saga delirante sobre os desmandes que a indústria financeira pode chegar a perpetrar quando está totalmente fora de controlo.
4 - A Islândia foi saqueada por cerca de 20 ou 30 pessoas. Uma dezena de banqueiros, uns poucos empresários e um punhado de políticos formaram um grupo selvagem que levou o país inteiro à ruína: 10 dos 63 parlamentares islandeses, incluindo os dois líderes do partido que governou quase ininterruptamente desde 1944, tinham empréstimos pessoais concedidos por um valor de quase 10 milhões de euros por cabeça. Está por demonstrar que isso seja delito (embora pareça que parte desse dinheiro servia para comprar acções dos próprios bancos: para fazer inchar as cotações), mas pelo menos é um escândalo enorme.

5 - O presidente do país dá com um mandatário - Ólagur Grímsson, que considera "uma loucura" que os seus concidadãos "tenham de pagar a factura da banca sem serem consultados".
O cúmulo deu-se com o novo século: o Estado privatizou a banca e os banqueiros iniciaram uma corrida desaforada pela expansão dentro e fora do país, ajudados pelas mãos deixadas livres com a falta de regulamentação e com taxas de juro à volta de 15% que atraíam as poupanças dos dentistas austríacos, dos reformados alemães e dos comerciantes holandeses.
6 - Mas voltemos a Arnar e ao seu relato: "a banca começou a desbaratar dinheiro em farras com champanhe e estrelas de rock; comprou ou ajudou a comprar meia Oxford Street, vários clubes de futebol da liga inglesa, bancos na Dinamarca, empresas por toda a Escandinávia: tudo o que estivesse à venda e tudo a crédito". Os executivos concediam créditos milionários a si mesmos, a familiares, a amigos e aos políticos próximos, frequentemente sem garantias. A Bolsa multiplicou o seu valor por nove entre 2003 e 2007. Os preços dos andares triplicaram. "Os bancos levantaram um obsceno castelo de cartas que levou tudo à frente", conta Arnar, que conserva o seu emprego, mas com metade do ordenado.
A magnitude da catástrofe foi espectacular. A inflação descontrolou-se, a coroa veio por ali abaixo, o desemprego cresceu a toda a velocidade, o PIB caiu 15%, os bancos perderam uns 100 mil milhões de dólares (há-de passar muito tempo até haver números definitivos) e os islandeses continuaram a ser ricos, mais ou menos: metade do que eram antes. De quem foi a culpa? Dos bancos e dos banqueiros, naturalmente. Dos seus excessos, daquele forrobodó de crédito, da sua desmedida cobiça. Os bancos são o monstro, a culpa é deles e, de toda a forma, dos políticos que lhes permitiram tudo isso. Também do povo que permitiu.

7 - O país inteiro viu-se apanhado numa bolha. A banca sentiu um desenvolvimento repentino, coisa que agora vemos como algo estúpido e irresponsável. Mas as pessoas fizeram algo parecido. As regras normais das finanças permaneceram suspensas e entramos na era do vale tudo: duas casas, três casas por família, um Range Rover, uma moto de neve. Os salários subiam, a riqueza parecia sair do nada, os cartões de crédito deitavam fumo", explica Ásgeir Jonsson, ex-economista chefe da Kaupthing. "Nós islandeses contribuímos para que se passasse o que passou, por permitirmos que o governo e a banca fizessem o que fizeram, mas também participamos dessa combinação de cobiça e estupidez. Os bancos merecem ficar afastados do jogo e nós merecemos uma parte do castigo: mas só uma parte"

8 - Tudo isso elevou a dívida pública acima de 100% do PIB e para controlar o défice os islandeses nem sequer se livraram da maré de austeridade que percorre a Europa desde o Estreito de Gibraltar até à costa da Gronelândia: mais impostos e menos gastos públicos. No final a Islândia teve que pedir um resgate ao FMI e o Fundo aplicou as receitas habituais: elevaram o IRS e o IVA islandeses e criaram novos impostos, e pelo lado dos gastos baixaram os salários e benefícios sociais e estão a fechar escolas; reduziu-se o Estado social. Que é o que costuma suceder quando de repente um país é menos rico do que pensava.

9 - A maioria dos executivos da banca estão na rua e alguns aguardam julgamento. O nosso Sigurdur Einarsson, o banqueiro mais procurado, tratou de comprar uma mansão em Chelsea, um dos bairros mais exclusivos de Londres, por 12 milhões de euros. A maioria dos banqueiros que tem problemas com a justiça fizeram o mesmo durante os anos do boom, e menos mal que o fizeram: as pessoas apupavam-nos no teatro, atiravam-lhes bolas de neve em plena rua, lançavam bocas nos restaurantes ou deixavam espirituosas pinturas nas casas. Saíram a correr da Islândia. A hipoteca não era problema: Einarsson decidiu alugá-la ao banco enquanto vivia na casa; ao fim e ao cabo, um presidente é um presidente e esse é o tipo de demonstrações de talento financeiro que só trazem surpresas, no improvável caso, de que a justiça se meta no meio.

10 - "Deixar falir os bancos e dizer aos credores que não vão cobrar tudo o que se lhes deve ajudou a mitigar algumas das consequências das loucuras dos seus banqueiros", a Islândia deixa várias lições fundamentais.
Uma: não está claro se deixar cair um banco é um acto reaccionário ou libertário, mas o custo, ao menos para Islândia, é surpreendentemente baixo; o PIB da Irlanda (cujo governo garantiu toda a dívida bancária) caiu o mesmo e as suas perspectivas de recuperação são piores.
Dois: ter moeda própria não é um mau negócio. Em caso de aflição desvaloriza-se e vitória, vitória que se acabou a história; isso permite sair da crise com exportações, algo que nem a Grécia nem a Irlanda (nem a Espanha) podem fazer.

11 - Os directores de bancos islandeses que arrastaram o país para a bancarrota em finais de 2009 foram presos por ordem das autoridades, sob a acusação de conduta bancária criminosa e cumplicidade na bancarrota da Islândia.
Os dois arriscam-se a uma pena de pelo menos oito anos de cadeia, bem como à confiscação de todos os bens a favor do Estado e ao pagamento de grandes indemnizações. tsf

12 - (Actualização 2/12/2011) Na Islândia o crescimento económico triplica em relação à UE em 2012.
De acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Islândia vai fechar 2011 com um crescimento do PIB de 2,5%, prevendo-se novo crescimento de 2,5% para 2012 – números que representam quase o triplo do crescimento económico de todos os Estados-membros da UE que em 2011 ficarão pelos 1,6% e que descerão para os 1,1% em 2012. A taxa de desemprego no país vai ainda descer para os 6%, contra os actuais 9,9% da zona euro.
Contra factos não há argumentos e nem as agências de rating conseguem ignorar os efeitos positivos das decisões políticas. "A economia da Islândia está a recuperar das falhas sistemáticas dos seus três maiores bancos e voltou a um crescimento positivo depois de dois anos de contracção severa".
Das consecutivas decisões que o país foi tomando – e que continua a tomar – desde 2008 que não há vítimas a registar, a não ser os banqueiros e políticos que levaram à crise da dívida pública.
O crescimento económico, potenciado ainda por medidas como a criação de uma comissão constituinte de cidadãos sem filiação partidária que agora é consultada em quase todas as decisões políticas e pela contínua busca e julgamento dos responsáveis pelo estalar da crise. Resultado: para além dos números já avançados, está previsto um crescimento de 2,7% do PIB islandês em 2013. ionline

13 - (Actualização 5/3/12) Ex-primeiro-ministro islandês já começou a ser julgado.
Geir H. Haarde arrisca-se a uma pena de dois anos de prisão, por responsabilidade no colapso financeiro da Islândia, em 2008, é acusado de ignorar os alertas da supervisão em relação à crise iminente, que atingia os principais bancos islandeses.
A investigação considerou Haarde e outros três políticos responsáveis pela falência do país, mas o parlamento decidiu que só o ex-primeiro ministro devia ir ao tribunal. fonte

14 - (Actualização 21/10/12) "Os islandeses estão hoje a votar um referendo sobre questões relacionadas com a elaboração da nova Constituição do país, considerada a primeira do mundo que poderá ser redigida pelos próprios cidadãos.
O referendo inclui seis questões sobre temas como o papel dos recursos naturais do país, da igreja nacional ou o futuro sistema democrático da ilha. As perguntas, que devem ser respondidas com "sim" ou "não" , foram elaboradas por uma comissão de 25 cidadãos, eleitos em 2010, que ficou encarregue de rever a constituição. Por sua vez, estas 25 pessoas, de diferentes contextos sociais, pediram sugestões aos islandeses através da internet.
O islandeses estão ainda a ser questionados sobre o modo de elaboração desta Constituição e se estão de acordo que esta seja redigida através das contribuições dos cidadãos.
"Para mim, a escolha não é difícil. Penso que é o povo quem tem de decidir o que consta na constituição", disse à AFP Magret Einarsdottir, uma islandesa reformada. fonte

15 - "A Islândia reduziu a taxa de desemprego dos 12%, em maio de 2010, para os 5%, sem setembro deste ano, segundo dados do Gabinete de Estatística islandês, hoje citados pelo site do jornal espanhol 'ABC'." fonte

Isto foi onde nos levou Cavaco Silva, o nosso presidente e companhia limitada.... 
«Em cada hora, 17 portugueses perdem o emprego» PS acusa Álvaro Santos Pereira de ser «um exterminador de empregos», ministro da economia pede diálogo e defende «reindustrialização do país» FONTE
"FAMÍLIAS ENTREGAM 16 CASAS POR DIA À BANCA" fonte

Video... 
(Este artigo, contém ainda resumos de alguns artigos do site, Esquerda net)



Posted: 07 Nov 2012 04:17 AM PST

Mais promiscuidade? Não, assim já basta!!!!! 
"Para além de António Borges, em Portugal, existem mais casos conhecidos de altos quadros públicos com currículo na banca de investimento global.
Carlos Moedas, o secretário de Estado adjunto que acompanha os memorandos da troika, trabalhou no departamento de fusões e aquisições do Goldman Sachs.
Mais recentemente escolheram João Moreira Rato, do Morgan Stanley, para presidir ao IGCP, o instituto que vende e gere a dívida pública portuguesa." dinheirovivo.
"A agência da dívida pública portuguesa integrará o universo das entidades públicas empresariais, depois de o Governo ter anunciado a transformação do IGCP em EPE." jornaldenegocios

"Vítor Gaspar esconde salários milionários." Promiscuidade e secretismo... 
"O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, tem recusado divulgar os vencimentos auferidos por altos cargos na Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, que rondam os 300 mil euros anuais no caso do presidente do IGCP, João Moreira Rato.
Também a vogal Cristina Casalinho recebe um valor muito superior ao ordenado do primeiro-ministro.
João Moreira Rato, anteriormente no Morgan Stanley, e Cristina Casalinho, antiga economista-chefe do BPI, beneficiam de um regime de excepção no IGCP após este ter sido transformado em empresa pública.
Questionado Vítor Gaspar não respondeu.
Também o PS apresentou um requerimento ao primeiro-ministro sobre esta matéria, mas Passos Coelho recusou responder «dizendo que a responsabilidade não era dele, mas do ministro das Finanças», disse Carlos Zorrinho, líder parlamentar socialista. O PS fez então um requerimento a Vítor Gaspar, o qual ainda não obteve qualquer resposta.
João Moreira Rato, de 41 anos, era director executivo do Morgan Stanley desde 2010 antes de assumir a presidência do IGCP. Anteriormente tinha passado pelo Goldman Sachs.
Ambos os gestores do IGCP não entregaram as declarações de rendimentos junto do Tribunal Constitucional, o que deviam ter efectuado até 18 de Agosto." diariodigital.
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