segunda-feira, 31 de dezembro de 2012


Posted: 30 Dec 2012 08:33 AM PST

Enviado por Alexandre do Couto
Correspondente no Cone Sul

Para falar sobre a situação dos países mais afetados pela crise da zona do euro, ninguém ousa ainda empregar o tão angustiante termo “depressão”, usado durante a crise dos anos 1930. No entanto, a situação de milhares de gregos, espanhóis, irlandeses, portugueses e italianos tem se tornado cada vez mais dramática.

A recessão às vezes interminável (cinco anos na Grécia), somada a um desemprego em massa (mais de 25% na Grécia e na Espanha, mais de 15% em Portugal) e associada às medidas de austeridade que reduzem o tamanho do Estado-providência, trouxe à tona uma nova forma de pobreza.

Esta pode ser percebida através de pequenas privações, mas também de verdadeiros sacrifícios, muitas vezes. Os espanhóis reduziram os orçamentos de Natal. Muitos deles também abriram mão do uso do telefone celular, em proporções recorde: no total, 486 mil linhas foram suspensas, e seu número caiu 3,8% em um ano, de acordo com a agência Reuters em meados de dezembro.


Com um desemprego que afeta mais da metade da população ativa abaixo dos 25 anos, os jovens espanhóis têm apelado cada vez mais a seus pais em questões financeiras. Enquanto isso, os mais idosos recorreram às organizações de caridade, muito procuradas neste final de ano.

No dia 14 de dezembro, o jornal “El País” divulgou um relatório publicado pela associação Intermon Oxfam (“Crisis, desigualdad y pobreza”), alertando contra o risco de crescente pauperização do país.

Segundo esse estudo, 40% --dois em cada cinco espanhóis!-- estarão em situação de exclusão social até o ano 2022. Um “nível tão elevado que serão necessárias duas décadas para que o país retorne ao nível de bem-estar anterior à crise”, assinalava o jornal.

No país, o consumo de produtos alimentícios baratos tem levado a um aumento da obesidade, sendo que no vizinho português 10.385 alunos de 253 escolas públicas estão sofrendo carência alimentar, alarmava em novembro o “Jornal de Angola”. Um jornal de Luanda, capital da antiga colônia portuguesa, para onde cada vez mais portugueses têm emigrado para escapar da crise.

Na Grécia, segundo um relatório do instituto de estatística europeu Eurostat, publicado no dia 3 de dezembro, quase um terço dos gregos (31%) estariam em “situação de privação material grave”, ameaçados de pobreza ou de exclusão. Ou seja, vivendo com uma renda inferior ao limiar de pobreza, estabelecido em 60% da renda média nacional, e/ou incapazes de pagar as contas do dia a dia, como, por exemplo, a eletricidade.

Com a redução dos gastos na saúde, uma parte cada vez maior da população grega não tem mais seguro de saúde, ao passo que as falências e o desemprego estão lançando alguns na depressão ou na miséria.
Novas doenças

De dois anos para cá, os médicos gregos viram surgir novas patologias associadas à desnutrição das crianças. E em todo o país, doenças esquecidas estão retornando, como a malária ou a tuberculose.

No país, a chegada do frio invernal resultou em roubos de madeira, registrados até na floresta protegida do Monte Olimpo...

Para o Eurostat, o risco é mais significativo nos países do sul da Europa, mas ele afeta todo o Velho Continente. Em 2011, quase 120 milhões de pessoas teriam estado em situação de privação ou ameaçadas de pobreza ou de exclusão, ou seja, 24,2% da população dos 27 países-membros, contra 23,4% em 2010 e 23,5% em 2008.

Já a França, que foi relativamente poupada do flagelo (19% em risco de pobreza, de exclusão ou em situação de privação), foi tomada pelo medo. No dia 7 de dezembro, o jornal “Les Echos” divulgava os resultados reveladores de uma pesquisa realizada pelo CSA: quase um em cada dois franceses (48%) se declarava “pobre” ou “em vias de se tornar pobre".

Fonte: http://m.noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2012/12/29/pobreza-ameaca-um-quarto-da-populacao-da-europa.htm

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