sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Posted: 19 Dec 2012 09:39 PM PST

Sei, há muito tempo, que todo o noticiário nos EUA segue uma agenda. Pois hoje descobri que a mesma agenda que comanda o noticiário nos EUA, comanda também o noticiário no resto do mundo.

Por razões que minha razão não alcança, a rede Russia Today Moscou solicitou-me uma entrevista ao vivo, via Skype, sobre o tiroteio em Newtown, Connecticut, numa escola, em que morreram 20 crianças pequenas e vários adultos. Fiquei interessado em saber o que interessaria a Moscou, naquele caso, e concordei em dar a entrevista.

Para minha grande surpresa, o único interesse da rede russa era repetir a história oficial dos EUA sobre os tiros e perguntar a minha opinião sobre se “armas de assalto” deveriam ser proibidas depois do ‘evento’ em Newtown.

Inúmeros objetos podem ser definidos como armas de assalto. Um taco de beisebol, uma faca, um punho, um rifle .22 de um tiro, uma arma de cano duplo, um atiçador de lareira, um revólver de seis balas, um tijolo, uma espada, arco e flecha, lança. E a lista pode aumentar à vontade.

Os que defendem o controle de armas definiram “arma de assalto” como qualquer versão civil de armas semiautomáticas de uso militar, como a AR-15, versão civil da M-16 militar, e a AK-47. Durante o governo Clinton, não se permitia que a versão civil dessas armas apresentasse várias características inofensivas, apenas porque aquelas características davam aos rifles aparência de arma militar; e as armas não podiam ter carregadores para mais de dez tiros.

Hoje, se compram carregadores de 20 e 30 tiros. Para um profissional, o número de balas no carregador é irrelevante. Com experiência, carregar armas é
trabalho de um segundo. Aperta-se um botão, o carregador salta, insere-se um novo. Por razões que ninguém entende, os que advogam a favor do controle de armas pensam que carregador para dez tiros converteria a tal “arma de assalto” em alguma outra coisa.

Disse à rede Russia Today de Moscou que os EUA são o mais completo estado policial que jamais houve na história da humanidade. Graças à tecnologia, Washington consegue espionar quem queira espionar, muito mais e melhor que Joseph Stalin e Adolf Hitler. Até a imaginação de George Orwell, no romance1984, já foi ultrapassada pelo que Washington faz hoje. A “guerra ao terror” é o pretexto para que continue a existir o Estado Policial Americano (EPA).

“Mas que sentido teria um estado policial”, perguntei eu, “se a população estiver armada?”. Depois de já terem sido rasgadas todas as emendas constitucionais, a última que resta, a Segunda Emenda [“Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido.”] não sobreviverá por muito tempo.

Mas por que a rede Russia Today Moscou tanto se preocupa com “armas de assalto”? O acusado, Adam Lanza, foi sumariamente declarado culpado. Segundo a Associated Press, o médico da polícia de Newtown, Connecticut, Dr H. Wayne Carver, disse que “todas as vítimas foram mortas à queima-roupa, por vários tiros de rifle”.

Mas a rede Fox News diz que “repórter da CNN informa que a polícia recuperou três armas na cena do crime: uma Glock e uma Sig-Sauer, que são pistolas, além de um rifle 223 Bushmaster. O rifle estava no banco traseiro do carro que o atirador dirigiu até a escola. As pistolas estavam dentro da escola.”

A mesma Fox News diz: “Medidas de segurança implementadas esse ano na escola Sandy Hook incluíam manter as portas trancadas durante as horas de aula. E era preciso tocar a campainha para entrar no prédio. Havia uma câmera que mostrava quem entrasse no prédio”. Se essa notícia está correta, como Lanza entrou, armado?

Tentei explicar à rede Russia Today Moscou que essas notícias indicavam que o atirador acusado, já morto, e que não poderá ser interrogado, se, digamos que seja, foi o responsável, ele matou as crianças com pistolas, não com algum “rifle de assalto” deixado no carro, embora o médico tenha falado de tiros de rifle.

Nada faz sentido. Ou as notícias estão erradas, ou o médico está errado, ou as criança não foram assassinadas por Adam Lanza.

Foi demais, para a entrevistadora da rede Russia Today Moscou. Ela cortou-me a palavra, dizendo que fato era que as crianças estão mortas. Interrompeu-me, isso sim, porque o foco da entrevista eram os “rifles de assalto”. Minha suspeita confirmou-se em seguida, quando me pediram para continuar conectado, para uma pergunta pós-entrevista.

A pergunta que Russia Today Moscou tinha a fazer era se eu achava que armas de assalto seriam banidas. Respondi que, na minha opinião, todas as armas devem ser banidas, inclusive as do Pentágono. Já havia dito também, durante a entrevista, que penso que todas as armas devem ser tiradas das mãos de cidadãos norte-americanos, mas que não acredito na eficácia de nenhuma lei, para essa finalidade. Contei a ela que, no início do século 20, os EUA, com sua infinita sabedoria, criaram leis que proibiam completamente bebidas alcoólicas. E havia bebida por todos os cantos. A “Lei Seca” foi o berço (e a fortuna) dos sindicatos do crime. Hoje, as drogas são ilegais, já há décadas. E há drogas por toda parte, e os sindicatos da droga ganham bilhões. Proibir armas terá idêntico destino. Há lei que proíbe porte de armas na Inglaterra, e todos os criminosos andam armados. Hoje, até a polícia britânica, que tradicionalmente era desarmada, já está pesadamente armada. Quando vivi na Inglaterra, as armas não eram proibidas, e a política tinha cassetetes, não armas de fogo.

Mas o foco nas “armas de assalto” é intrigante também por outra razão. Segundo os noticiários, Lanza sofreria de desordem de personalidade, ou de desordem mental, ou, talvez, fosse apenas diferente. Seja como for, tomava remédios. Quero dizer: a culpa é da arma, ou do remédio? Mas, como a agenda, hoje, é banir armas... a culpa é da arma.

No tiroteio anterior, no cinema, no Colorado, cada testemunha viu uma coisa, todas as coisas diferentes do relato oficial; segundo os noticiários, o suspeito estaria envolvido numa espécie de experimento do governo sobre controle da mente. Depois do tiroteio, ele foi encontrado sentado num carro, no estacionamento do cinema.

O tiroteio na escola de Connecticut também tem aspectos estranhos. Em depoimento à polícia, no local, um professor diz que viu “duas sombras correndo por trás do ginásio”. O relatório da política também fala de dois homens numa van que foram parados e detidos; e vários noticiários disseram que a polícia prendeu um homem no bosque próximo. O homem diz: “Não fui eu”. Mas como um homem, no bosque poderia saber que alguém fizera alguma coisa? No bosque, não há televisores; mas o homem negou que tivesse matado crianças. Muito estranho.

O que sempre acontece é vários relatos errados, que começam no primeiro momento, como, no caso de Connecticut, a notícia de que a mãe de Lanza era professora na escola, que foi morta na escola, Lanza também matou o pai, que o irmão de Lanza poderia estar envolvido. As discrepâncias da história oficial misturam-se com as falsas notícias, e vice-versa, e é impossível saber o que realmente aconteceu. As pessoas aceitam a versão oficial, porque não há outra.

Tudo isso considerado, mesmo assim, é quase inacreditável que o Russia Today Moscou siga, sem qualquer crítica, o que diz a imprensa nos EUA, e ponha-se a repetir a história oficial, mesmo tendo a dura experiência de ver como a mídia ns EUA distorceu, deliberadamente, todas as notícias da guerra Georgia-Rússia, guerra que foi iniciada pela ex-república soviética da Georgia, mas a imprensa norte-americana noticiou que a culpa foi da Rússia.

Será que Russia Today Moscou realmente acredita no que lê na imprensa dos EUA? Que os mísseis das bases dos EUA que cercam a Rússia fazem mira contra o Irã?

Os americanos vivem bem armados há vários séculos. Mas a “violência das armas” é novidade. Por quê?

Haverá hoje mais gente mentalmente perturbada? Mais gente que toma remédios? Os norte-americanos teríamos perdido completamente o autocontrole? Nossa consciência moral? Os norte-americanos estaremos sendo adestrados por filmes violentos, videogames violentos e onze anos de massacre ininterrupto – o governo dos EUA massacrando povos pelo mundo? Os norte-americanos perderam completamente a capacidade de solidariedade, de amor ao próximo?

Tom McNamara, conferencista da Academia Militar Nacional da França, lembra: “Mas a miséria e o tormento que desabaram sobre Newtown têm de ser multiplicados por mil, para que se saiba o que acontece no mundo árabe. As políticas e as ações dos EUA resultam ali na morte de milhares, se não de centenas de milhares de inocentes. A morte de cada uma daquelas crianças é crime de guerra e é crime contra a humanidade, dos mais evidentes. São crimes que nos chocam e nos ofendem. Que nos obrigam a exigir imediata mudança na política exterior dos EUA. Mas, para que isso aconteça, temos, antes, de aprender que os árabes também choram seus filhos mortos. Isso, os EUA ainda não sabemos.”

O tiroteio na escola em Connecticut é tragédia em vários sentidos. Crianças mortas, famílias que perdem os filhos, e essas tragédias estão sendo usadas para desarmar os norte-americanos. É como nos entregar, rendidos e desarmados, à fúria de um estado policial que só cresce em força e no alcance da ameaça.

Veja o vídeo no RT news abaixo (em inglês):

 

Tradução: Vila Vudu
Via: http://www.anovaordemmundial.com/

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