terça-feira, 8 de janeiro de 2013

por Daniel Oliveira


Todos dizem que o BANIF não é o BPN. Não posso garantir que seja. Como, parece-me, ninguém pode garantir o oposto. Recordo-me que o BPN, antes de se saber o que foi, também não era o BPN que hoje conhecemos.

É que a história do BANIF ainda agora começou. Quando se começar a destapar a tampa que esconde, como escondia no BPN, todos os negócios que ali foram feitos, suspeito que ainda teremos muitas surpresas. Basta dizer que aquela instituição financeira foi um dos sustentáculos das mirabolantes fantasias financeiras do regime de Alberto João Jardim. Razões para temer o pior.

Enquanto o governo se prepara para cortar na saúde e na educação injeta 1,1 mil milhões de euros que recebeu datroika, e que terá de ser pago por todos nós, em bancos mal geridos. Enquanto privatiza os lucros da ANA nacionaliza os prejuízos do BANIF. E fá-lo com generosidade. Fica com 60% do banco, mas apenas controla 49% e nenhum administrador.

O capitalismo entrou na sua fase mais interessante. A velha ideia de quem paga manda já não tem validade. O Estado paga, os que precisaram do seu dinheiro continuam a mandar. Adoro os liberais que nos governam. Garantem um Estado forreta para quem o financia, que somos nós, e generoso para quem dele tira proveito. Nesta altura não ouvimos a conhecida expressão de Vítor Gaspar:"Não há dinheiro. Qual das três palavras não percebeu?" 

Publicado no Expresso Online

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