quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


Portugal: FASCISMO ELECTRÓNICO




Fernando Dacosta – Jornal i, opinião

A perseguição aos idosos pobres continua florescente entre nós. Explorá-los, humilhá-los, tornou-se afã insaciável dos que julgam hoje governar o país.

Última malfeitoria: obrigar os que recebem pensões acima de 293 euros mensais a fazer declarações de IRS – de que estavam dispensados.

Sendo, como se sabe, o preenchimento do seu formulário um mimo de simplicidade e a sua entrega (por internet) um doce, a medida vai tornar-se passatempo de delícias para os velhotes que, como se sabe, são barras em informática.

Desde que os preços dos computadores e das mensalidades da net passaram a ser ninharias em rendimentos como os referidos, os pensionistas portugueses não mais largaram o primeiro lugar do rating europeu de utilizadores de PC, MAC e quejandos.

A decisão é ainda excelente por permitir aos funcionários públicos da área combaterem a pasmaceira em que caíram quando o simplex entrou, pela sua eficácia, de dispensar o dinamismo da máquina do Estado. Complicar tudo sempre foi apanágio das boas administrações.

A bondade da iniciativa é, por outro lado, insuspeita, pois não se destina, desta vez, a sacar dinheiro aos visados, mas a colher informações para combater fugas ao fisco – sendo entre eles que essas fugas maiores valores atingem. A seu lado, a cratera do BPN não passa, com efeito, de covinha de crianças.

Exagerados são assim os que insinuam ser a medida mais uma devassa controleira (não bastavam as pidescas escutas telefónicas?), mais um fascismo electrónico da bela república caseira.

Que valentes democratas tem a nossa democracia!

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