Posted:
28 May 2013 03:25 PM PDT
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Nos últimos anos, têm surgido no mercado
vários testes de predisposição genética que preconizam tratamentos "por medida",
adaptados ao perfil genético.
No entanto, a grande maioria das doenças não
são mono-genéticas, vários outros factores influenciam o desencadeamento de uma
determinada doença, tal como a alimentação ou o modo de vida.
Assim sendo, estes testes podem preocupar
erroneamente as pessoas ou pelo contrário tranquilizar-las e desdenharam um modo
de vida mais saudável.
A fragilização e banalização da
vida.
Falar em testes de predisposição genética, e
portanto na predisposição em contrair uma desterminada doença, coloca a questão
de saber como viver com essa informação relativa a uma potencial doença que
talvez nunca venha a acontecer.
Psicologicamente, uma notícia destas, reduz o
campo das possibilidades para o homem, onde esta visão estreita e definitiva da
sua vida, implica a perda da esperança.
Teste para todos os gostos...
Genelex, empresa americana, propõe uma "análise
dietética do ADN" em relação à obesidade, e aconselha uma dieta personalisada em
função dos resultados. Pagamos 645 dólares, recebemos um kit com dois cotonetes,
fazemos uma ligeira raspagem da cavidade bucal e enviamos o conjunto para a
morada indicada. Cinco dias depois recebemos em casa um plano de acção com uma
dieta "em harmonia com o nosso perfil genético".
Sciona, empresa especialista em nutrição,
através da analise de 19 genes e um questionário sobre o modo de vida, vaí mais
longe: prevê a tendência a vir a ter problemas de colesterol, de hipertensão,
capacidade a acumular gorduras ou a destruir radicais livres de oxigénio. Assim,
após ter pago 99 dólares para o teste, pode receber em casa um pequeno manual
com o resultado dos testes e conselhos, que todo sabemos de antemão: fazer
exercicios físico, comer peixe, fruta e legumes.
Genelex também propõe testes de "reacções a
medicamentos". Após a analises de alguns genes, fica a saber se é receptivo ao
Prozac ou se necessita de uma dose reforçada de Effexor (anti-depressor).
O site Gene Link, vende um teste que
pretensamente permite calcular o envelhecimento cutâneo. Em função dos
resultados, recomenda a compra de um determinado creme anti-rugas ou de
micro-nutrientes de que a sua pele necessita. Claro que os produtos preconizados
são vendidos pelo próprio site.
NicoTest propõe um kit onde, após depositar uma
gota de sangue, e por 137 euros, fica a saber a sua reacção à nitotina, a sua
taxa de dependência e a sua resistência ao stress.
Derivas preocupantes.
O estudo genético aplicado a doenças graves,
como o autismo, com vista a um possível tratamento é benéfico, mas quando
ouvimos falar em derivas da aplicação da predisposição genética como nos casos
de caracteristas da personalidade, o assunto é preocupante.
Existe o problema ético do direito à
privacidade e à não descriminação, baseado em testes de predisposição para
determinadas doenças que nunca pederemos vir a padecer: descriminação pelas
companhias de seguros, na contratação de trabalho e possível aparecimento de
testes para avaliar potenciais criminosos ou simplesmente pessoas potencialmente
perigosas com a necessidade das "neutralizar" ou "eliminar", potenciais doentes
mentais, homosexuais,...
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