terça-feira, 7 de maio de 2013

O ADAMASTOR

Estupendamente incisivo,irónico e contundente qb,este belíssimo texto do TCor. Brandão Ferreira não poderia ficar somente 

arquivado,tinha mesmo de repassar para o meu largo número de correspondentes e apelar à sua máxima divulgação.

O Adamastor

“Melhor é perder o ofício e a vida, que reter o ofício e perder a consciência”.
Padre António Vieira
A saga continua.
Numa cerimónia que se vai repetindo, convocou o Sr. Ministro da Defesa (MDN) uma conferência de imprensa, no Forte de S. Julião da Barra (há que o aproveitar enquanto não for posto à venda – a “Golden Sachs” até é capaz de dar uma nota gorda por ele). A sala estava devidamente decorada com umas flores e os quatro chefes militares.[1]
Tanto que se falou da “brigada do reumático”…
O MDN – agora despido de muitas competências, entretanto delegadas por despacho, no Secretário de Estado (SE) - lá falou para não dizer nada, a não ser humilhar as chefias militares (mais uma vez), afirmando passar a ter apenas o CEMGFA como futuro interlocutor.
De facto o objectivo não era dizer algo que se visse, mas apenas fazer de conta que estão todos como “Deus com os Anjos” e que o desmantelamento da Instituição Militar vai prosseguir. E que tem o acordo e a colaboração das chefias militares.
Neste âmbito o Sr. Ministro enterrou a espada até ao copo.
Não importa sequer, que a maioria dos estudos e “reformas” estejam a ser forjadas em organismos e grupos de trabalho fora da tutela das chefias militares; que o Sr. Ministro se entretenha a solicitar estudos e pareceres a esmo (enfim, ele é advogado e, pelos vistos, só conhece o “princípio do contraditório”) e que a “task force” mais poderosa seja constituída por um quadrilátero de estrelados, fora da efectividade de serviço, algo ressabiados por não terem conseguido mais uma estrela, e com algumas contas a ajustar por aí.
Nós já percebemos – e percebemos há muito – que pouco haverá que possa ocorrer, que provoque reacções nas chefias; e, se calhar têm razão: arranja-se sempre quem a seguir faça o mesmo, ou pior…
 
Veja-se, por ex., o que estão a fazer aos Estabelecimentos Militares de Ensino; seguir-se-ão as Academias Militares…
Não vai ficar pedra sobre caco.
No despacho sobre a estúpida junção do Colégio Militar e do Instituto de Odivelas[2], chega-se ao ponto de incluir uma frase justificativa – aliás muito em voga nos corredores de Bruxelas – de que a medida se destina a “não haver discriminação de género”.
Ora aí está, já adivinhámos qual a medida a anunciar na próxima conferência de imprensa do MDN, a ser marcada na antevéspera de uma qualquer marcha “gay”:
 
A de que será destacado para junto de cada chefe militar um “comissário para os direitos do género”, com poderes suspensivos sobre qualquer ordem ou deliberação (presumivelmente, um magistrado ou procurador).
Deste modo, junto ao CEMGFA será colocado um transexual libertário (obviamente assumido) – e à flamula distintiva da função da mais alta hierarquia militar, será acrescentada uma bandeirinha com as cores do arco - iris; Junto ao CEME irá ser destacado uma lésbica, de preferência grávida por inseminação artificial; ao Chefe da Armada, calhará um pai solteiro, bissexual e ex-toxicodependente e à Força Aérea, como o Ramo tido por mais “prá-frentex”, caberá um gabinete de estudos dos “géneros a haver”, e da reforma do conceito de pedofilia, trigamia e incesto, sem esquecer os direitos da interacção do género humano com o género animal!
Tudo isto, é claro, sem olvidar o apoio psicológico de um terapeuta especializado em “stress” pós traumático de peixes em cativeiro.
 
Vão ver como vão todos ficar agradecidos!
 
E lá virão as frases, agora já mal balbuciadas, de que os militares apesar de serem de carne e osso (cada vez mais, só osso…) não se podem eximir aos sacrifícios (que ninguém nas altas instâncias quer fazer) e estão sempre receptivos aos progressos da evolução da sociedade – mesmo que sejam propalados por adiantados mentais formados em coisa nenhuma; e que não ficará qualquer missão por cumprir – sobretudo se só se ordenarem as que puderem ser feitas…
E todos os militares estão disciplinadíssimos, hirtos e voltados para a frente, com os olhos postos no infinito – onde observam, placidamente, um oito deitado. E com o mesmo ar feliz das vacas açorianas, que tanto embeveceram o espirito de S. Exª, o Comandante - Supremo, na sua última visita ao Arquipélago…
Nos discursos em parada, mesmo que esteja reduzida a um pelotão menos, de gente muito bem camuflada e com aspecto de “Robocop” (mas que nem sequer têm munições de salva), ainda se há - de ouvir a necessidade de proceder a racionalizações e empregar toda a imaginação para continuar a bem defender a Pátria. Aliás é isso que ela espera de nós, perdão, deles!
Quem os viu e quem os vê. É patético.
Por outro lado, consta que irá ser apresentada uma queixa no Tribunal Constitucional contra as chefias militares, para se apurar se a sua acção (e omissão) está a ser conforme à Lei fundamental do País (lembra-se que os militares juraram “guardar e fazer guardar a Constituição…” [3] – nunca ninguém previu era como isso se fazia na prática - além de terem jurado “lutar pela independência da Pátria”- cá dê ela?).[4]
Pois o Tribunal Administrativo do Sul, não multou o MDN, em um milhão de euros por este não ter efectuado a vigilância aero – marítima, que protegesse a ZEE dos Açores e, desse modo, defendesse os pescadores do Arquipélago, da pesca ilícita?
E lá se foi o Lino, que sabia tanto de Defesa Nacional como, pelos vistos, de “Swaps” – e vamos a ver como vai ser com o próprio ministro a avaliar por notícias já vindas a público.
 
Nada de grave, porém, dadas as competências políticas serem inesgotáveis, o ministério vai receber um reforço de peso: a especialista Berta![5]
Como até agora ninguém tinha descortinado as razões porque a escolheram, pusemo-nos em campo e descobrimos a causa (como Poirot ficaria orgulhoso de nós), através da foto junta, a qual dispensa explicações…
Obus usado na I Guerra Mundial conhecido por “Big Bertha”
Com créditos destes, resta a esperança que a nóvel SE, conseguirá equivalência a uma licenciatura em Artilharia! O pobre do Relvas ficaria vingado…
 
Haja alegria, pois há muito que não se pode levar nada disto a sério!
 E o Padre António Vieira nunca esteve tão actual.

[1] E ainda está para se perceber porque, até hoje, nunca assistimos a nenhuma conferência de imprensa de qualquer ministro, com os seus “directores - gerais” ao lado, e só as chefias militares acompanham o ministro das FA, perdão, da Defesa, nestas andanças. [2] Só comparável à ideia, assaz inteligente, de juntar todas as Escolas Práticas das Armas, no Convento de Mafra! (conhecido na gíria da Infantaria, pelo termo ternurento, “Calhau”) [3] Não é que a CR seja grande coisa – deve ser até a pior que temos desde 1822 – mas, enfim, está em vigor e não foram só os detentores dos órgãos de soberania, que a juraram… Ainda serve para dizer que na fórmula de Juramento militar a ordem dos termos parece invertida. Isto é, primeiro jura-se defender a Constituição e só depois a Pátria… [4] Ainda não demos conta que nenhum chefe militar tenha sacrificado a vida - como previsto no tal juramento – a lutar contra a “Troika”, nem contra quem a chamou… [5] Estamos seguros que, pelos dias que correm, já saberá distinguir um avião de um carro de combate (não lhe falem é em “tank” senão a coitada ainda pensa que é o recipiente onde lava a roupa…

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