quinta-feira, 6 de junho de 2013


Como se reergue um Estado

por João Quaresma, em 06.06.13

Nos últimos anos, publicaram-se dezenas de livros tendo por tema Salazar e o Estado Novo e em qualquer livraria encontramos a foto do Presidente do Conselho numa capa. Ironicamente, o livro mais conhecido de sua autoria tem estado indisponível nas livrarias apesar do sucesso de vendas que constituiu a sua reedição em 2007 (depois de uma outra reedição, em 1991, publicada a coberto do anonimato, segundo o prefácio). «Como se reergue um Estado» resulta do convite para uma entrevista, feito em 1936 pela editora francesa Flammarion, e que Salazar declinou alegando falta de tempo, encarregando António Ferro de «tratar do assunto». Foi assim produzida uma obra com base numa selecção de textos (discursos, comunicações e apontamentos) que foi publicada em França no ano seguinte.

Citando o prefácio, «Salazar decide explicar aos franceses e ao mundo ― não a Portugal e aos portugueses ― como chegou ao poder e o que está com ele a fazer, ou seja, as principais linhas de força do seu programa político e o inventário das realizações havidas e a haver.
Partindo de um diagnóstico da caótica situação portuguesa ― em múltiplos planos, do financeiro ao social, do económico ao político ―, Salazar, utilizando uma retórica modesta e de tom humilde, que se tornaria seu timbre, dá uns quantos conselhos ao mundo, fazendo lembrar a atitude de Descartes no Discurso do Método: afirma terem sido estes os passos que deu e acrescenta que se alguém vir algum proveito em segui-los, que o faça.»


Encontrei o livro de novo à venda na Feira do Livro (pavilhão da Civilização Editora, ainda a edição de 2007), e ainda não li (apenas folheei) pelo que deixarei um comentário para mais tarde. Mas deixo aqui uma citação, do capítulo sobre a reforma económica:
«Não serviria para nada reorganizar as finanças públicas, se abandonássemos a economia geral, onde elas vêm alimentar-se.»

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