terça-feira, 18 de junho de 2013




Posted: 17 Jun 2013 04:37 PM PDT
Depois da ACAPOR publicar os dados de um alegado dono no seu site, o Legendatuga encerrou. A ACAPOR apanhou o homem errado.
O Tugaleaks contactou a verdadeira dona do site Legendatuga. Esta informação já estava presente no seu site mas a ACAPOR apanhou o homem errado, que apenas dava o seu contributo para a recolha de donativos.
A ACAPOR escreveu a 30 de Maio de 2013 que o dono era “Humberto Batista, um homem de 31 anos residente nas Caldas da Rainha”. No entanto, nada podia estar mais longe da verdade.

O Tugaleaks tentou contactar a ACAPOR no final da semana passada e interpela-los sobre as condições legais e éticas de divulgar dados de pessoas – que agora, se sabem serem não confirmadas – mas até ao momento não recebeu qualquer resposta.
Chegámos então à conversa com Sandra Santos, a verdadeira dona do Legendatuga, que nos deu uma entrevista sobre o que realmente aconteceu:



Porque é que o Legendatuga fechou?

O Legendatuga fechou derivado ao processo movido pela ACAPOR, no qual é referido que a indemnização acresce de 500€/dia que o mesmo continue aberto após entrada do processo, sabendo que a indemnização pretendida pela ACAPOR é de 30.000€ e não querendo colocar mais represálias à pessoa visada, decidi fechar.

A pessoa que a ACAPOR visou no site deles é o dono do site?

A pessoa em questão não é dono do site, é sim um utilizador que sempre se dispôs a ajudar em tudo o que fosse preciso. Foi ele que criou um dos logótipos que exibia no site e até ajudou em alguns problemas de design que tive. A ACAPOR considerou o proprietário derivado às partilhas que o mesmo fazia no seu Facebook, por isso estejam atentos, partilhas pode levar à justiça. Toda e qualquer informação que esteja no Facebook é viável pelos vistos na justiça.

Como acham que a ACAPOR chegou à pessoa errada?

A ACAPOR não chegou a lado nenhum, a queixa submetida pela ACAPOR contra desconhecidos deu entrada à ASAE, o visado quando falávamos no chat em donativos se disponibilizou em participar. O referido visado, disponha de um meio (multibanco) que poderíamos colocar na angariação de donativos. Acontece que as referências geradas pelo mesmo, pertencem à Hipay, que quando contactada pela ASAE disponibilizou os dados do mesmo. Partindo desse ponto foi de fácil intenção gerar um novo processo contra o titular da conta dos donativos.

Consideram correcta a atitude da ACAPOR?

A ACAPOR faz o seu papel, são um associação que representa os donos de videoclubes, os mesmo choram-se que o declínio de lucros é face à pirataria. No entanto não os vejo a intentar contra os ISP que lucram sem ser chamados a quê, velocidade de 360mb para ver o e-mail?
Só tenho pena que a nossa Justiça se deixe interessar por isso e investir tempo e dinheiro, enquanto existe violadores, pedófilos e corruptos que nada é feito.


Consideram que o que fazem é ilegal ou errado?

Jesus partilhou os pães e os peixes, praticou ele pirataria?
Posso estar aqui com blá, blá, blá whiskas saquetas, no entanto a única coisa que o site disponha é de redireccionamentos, o site em si nunca teve qualquer conteúdo considerado ilegal. O mesmo está sediado na Suécia e regendo pela sua pátria tudo o que nele era feito, está dentro da legalidade, PARTILHAVA, não disponha de qualquer conteúdo.
Existe uma coisa chamada Cultura, sei por comunicações com os mesmos que muitos utilizadores não dispõem de videoclubes na sua área de residência, temos utilizadores que deram grande apoio derivado ao facto de estarem com mobilidade reduzida, ao qual posso afirmar que alguns se encontram paraplégicos ou com deficiência, serão essas pessoas privadas de cultura?





O Legendatuga pode voltar a abrir?

Não, alguns dos intervenientes no site podem desenvolver outro projecto similar, mas Legendatuga.com como se conhece fica assim.
Disponha de média 600 utilizadores diários e em bom sábado subia aos 1800, não obstante que quase metade estava no site 10 segundos (ao qual vinha por engano), não tinha uma afluência como as dos sites referenciados pela ACAPOR (pdc, né-niguelito, wareztuga, etc).
O nosso Facebook tem quase 3000 gostos mas pelos comentários sabia que estava no caminho certo para desenvolver um projecto com muita qualidade e que viria a crescer, infelizmente não foi assim.
Nunca foi comercializado qualquer visionamento, logo a despesa era altíssima. Ninguém está disposto a ingressar via judicial por uma coisa que só apresenta despesa.
No entanto está pendente um projecto em que muitos querem participar. O mesmo projecto será delineado como uma aprendizagem do “Know How” que dispomos, ou seja, será um tutorial completo de como criar o seu site de vídeos online.


Acham que o fecho dos sites de warez vão permitir aos clubes de vídeo mais lucros?

Há 30 anos não existia “clubes de vídeo” e daqui a 30 anos não vão existir. É um modelo de negócio ultrapassado, somente os proprietários ainda não chegaram a essa conclusão. O declínio dos mesmos não se deve ao facto da pirataria se ter tornado global e de fácil acesso, mas sim ao não ser necessário se deslocar de casa para alugar um filme. Projectos como a MEO, ZON e Cabovisão iniciaram é que vão fomentar esse declínio. Cada vez esses fornecedores têm uma oferta maior, mais variada e a preços competitivos.
O próprio Steven Spielberg já anunciou o fim dos cinemas e a entrada da “cabo” nas estreias. Temo que os proprietários dos cinemas não entendam isso, no entanto a parceria que a Lusomundo já dispõe com a ZON, se futuramente lançarem um canal pago que estreia os filmes sem terem de ir ao cinema, levará à decadência das salas como as conhecemos.
Aí será uma associação de proprietários de cinema a vir dizer que é a pirataria.
Lembro-me que quando houve a saída do gravador de VHS, já a ACAPOR (ou semelhante) dizia que ia arruinar os clubes, depois saíu o gravador de DVD e era o dia do juízo final para a maioria, agora estamos na época da internet e será esta a levar à extinção…
Lembrem-se quando saiu a água canalizada a maioria dizia que a água engarrafada iria acabar, no entanto é o que se vê, modernização e marketing.
O futuro está em VOD se a ACAPOR quiser subsistir apelo que criem um site de streaming, que retenham ideias do que existe mas desta feita o tornem comercializável.



E o leitor, o que pensa do fecho destes sites e dos processos colocados pela ACAPOR?
Posted: 17 Jun 2013 03:07 AM PDT
Quem não se levanta, não pode fazer frente á polícia. Esta pode ser uma táctica usada que impede os hospitais de prestarem ajuda às vitimas dos confrontos.
Turquia vive há mais de 15 dias um verdadeiro drama. Jornalistas, crianças, homens, mulheres e até médicos sofrem repressão. Ao início a polícia negava o uso de força, mas depois do mainstream media ter coberto o assunto, foi impossível levar. Embora já tenham havido negociações e até sido proposto um referendo sobre o destino do parque, não é possível neste momento prever um fim dos confrontos.



Segundo a Associação de Médicos Turcos, que publicou um apelo urgente ao termino do conflito e à ajuda da comunidade internacional, existem algumas estatísticas. Segundo o site, 65% das pessoas têm entre 20 e 30 anos mas dessas pessoas apenas 13% usam uma máscara de protecção profissional. Em 11.164 pessoas tratadas, mais de metade (52%) declarou ter estado em contacto com produtos químicos entre 1 a 8 horas e 11% durante cerca de 20 horas.

Português na Turquia relata nas redes sociais

Um Português que se encontra perto dos confrontos, relatou ontem nas redes sociais como se sente:

São seis da manhã cá e acabo de chegar a casa. Foi uma das noites mais inacreditáveis da minha vida e tenho um favor a pedir-vos: por favor divulguem tudo o que puderem sobre a resistência na Turquia. Hoje fui expulso de um parque com uma carga policial. Hoje fui empurrado para um hotel com dezenas de feridos. Hoje fui fechado em salas com gás lacrimogéneo por todo o lado, sem conseguir abrir os olhos de tanto arder,sem conseguir respirar. Hoje levei com um canhão de água com químicos só por estar em frente a um hotel sem estar a ameaçar o quer que seja. Hoje estive nas ruas com o povo de istambul. Hoje construí barricadas com eles, hoje atirei de volta as cápsulas de gás para cima da polícia, hoje fugi lado a lado pelas ruelas com medo da Polis. Hoje passei por Gezi durante a noite e já bulldozers a destruir tudo: o nosso parque, as nossas tendas, as nossas coisas. Hoje vi pessoas quase a asfixiarem, vi feridas abertas nos corpos. Hoje senti um tiro raspar-me as calças. Hoje fui tirado à bruta de dentro de um taxi pela polícia e revistado de cima a baixo, tudo o que estava dentro da mochila, e ofendido por ter um panfleto de Gezi como separador de um dos livros. Hoje volto a casa com uma raiva deste grupo de pessoas, deste grupo de caras, deste grupo de gravatas,destes Tayyips, e desta gente que veste o uniforme enquanto despe a consciência. Hoje chego a casa estoirado, a sentir que não durmo há dias, mas com a energia para correr todas as ruas desta cidade. Hoje chego a casa com mais força para lutar. Principalmente porque sei que não estou sozinho. Mas também sei que se a mensagem não passar aí para fora estamos perdidos. Estou num país onde um homem tem o direito de mandar espancar brutalmente milhares de cidadãs só porque ocuparam um parque. Sei que não podem vir para cá, mas por favor levem-nos para aí.

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