quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

"Junta Médica"
Hoje, de manhã, devido ao prolongar das festividades do dia anterior, Natal, e depois de ter trabalhado um pouco, porque não tive muitos trabalhadores para ver, fui para casa. Sentei-me a ver televisão, analisando os tradicionais programas matinais que, de um modo geral, revelam bem os nossos comportamentos, e que são utilizados, frequentemente, não como entretenimento, mas com objetivos por vezes comerciais e, até, para fazer coscuvilhice. Não significa esta apreciação que não tenham alguma utilidade. O desmascarar de uma ou outra situação pode ser bastante útil pela pertinência e justeza da mesma. A apresentadora descreveu o quadro de um homem que sofre de grave doença respiratória obstrutiva crónica, de provável origem profissional, visível e profundamente incapacitado, não só para a sua profissão como também para a vida quotidiana. Os relatos, as imagens, a abordagem em direto, entrevistando familiares e uma técnica da segurança social, não deixaram quaisquer dúvidas sobre o caso. A par da situação clínica, grave, como já foi afirmado, adiciona-se uma decisão incompreensível, diria mesmo obscena, caso seja comprovada, da junta médica que o declarou apto para o exercício da sua atividade profissional. Pensei que teria sido algum equívoco da reportagem ou das declarações dos familiares, mas, à medida que iam sendo apresentados mais elementos, constatei que o caso era mesmo caricato e muito grave em termos de decisão médica. Perante esta situação, que só foi possível denunciar graças à reportagem, é preciso, no mais curto espaço de tempo, fazer o respetivo inquérito e tomar as devidas medidas. Não posso aceitar que médicos, os quais têm a nobre missão de proteger, defender e tratar qualquer pessoa, independentemente da sua condição, credo, etnia, religião ou seja o que for utilizado para discriminar seres humanos, tenham este comportamento. Fiquei perturbado e ansioso. Como pertenço à mesma classe, exijo que os responsáveis, neste caso a Ordem dos Médicos, faça o que lhe compete para esclarecer o que realmente aconteceu, e sancionar, se for caso disso. Tudo aponta que sim, os intervenientes nesta junta não se portaram bem, mas, como há sempre o princípio do contraditório a respeitar, gostava de saber o que é que os colegas, que decidiram naquele sentido, têm a dizer. Entretanto, vou pensando no que andam a fazer certos responsáveis, ou que se julgam como tais. O mundo está cada vez mais velhaco, cínico e sem sentido. É preciso repor a dignidade e o respeito pela vida humana.

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