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24 Jan 2014 03:14 PM PST
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A famosa meta dos 3%.
Por disciplina financeira, os países membros do
euro definiram que o deficit público de cada país não deveria ultrapassar os 3%
do PIB.
O limite de 3% de deficit público, fixado pelo
Pacto de estabilidade, tornou-se uma verdadeira obsessão para os burocratas de
Bruxelas. Na realidade, mesmo em período de crescimento económico, a não ser
dois ou três pequenos países da UE, a grande maioria nunca respeitou esse
valor.
Este fetischismo das contas públicas levou à
instalação de planos de austeridade que conduziram à destruição económica de
vários países através de medidas de contenção de salários, aumento de impostos e
venda ao desbarato do aparelho produtivo.
Prisioneiros do euro, e perante o imobilismo do
BCE, os países do sul da Europa não têm qualquer meio de escapar à destruição da
sua economia, tudo em nome do sacro-santo deficit público imposto, que os países
do norte da Europa não respeitam.
Deficit público um instrumento
capitalista.
A possibilidade de poder fazer variar o deficit
público é instrumento económico que permite limar os vários parâmetros
conjunturais. A proibição dessa possibilidade, com o limite dos 3%, advém de uma
concepção ultra-liberal baseada na capacidade do mercado se auto-equilibrar e
estabilizar a economia.
Esta obsessão da limitação do deficit público
tem como finalidade escondida o aproveitar as crises para a restructuração do
capital à custa dos trabalhadores.
Assim, numa sociedade capitalista, se o
investimento público se destinar a coisas úteis, o deficit não é um drama, antes
pelo contrário. Um deficit público mais elevado pode funcionar por parte do
Estado como um motor de arranque económico, a meta arbitrária dos 3% não faz
qualquer sentido. O Reino Unido tem vivido normalmente com valores mais
elevados, 8,3% em 2011 e 6,3% em 2012.
Uma dívida impagável.
Não esquecer que o torna actualmente as dívidas
públicas insustentáveis na zona euro têm em grande medida origem no artigo 123
do Tratado de Lisboa, que proíbe o financiamento dos Estados directamente com o
BCE. Os bancos comerciais europeus financiam-se no BCE com uma taxa de 1%, para
a seguir emprestar aos Estados o dinheiro a taxas que podem atingir os 11%
!
É urgente rever os tratados europeus para
permitir que os Estados se financiem directamente no BCE.
Desde a primavera de 2010 que a crise da dívida
pública se tornou um pretexto para promover medidas de austeridade na Europa. A
dívida é antes de mais um assunto de classe, trata-se de uma "redistribuição ao
contrário" em que os rendimentos da maioria da população se desloca para os mais
ricos.
O rendimento do trabalho tem baixado ao mesmo
ritmo que tem aumentado o rendimento do capital.
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