Posted:
13 Feb 2014 07:12 AM PST
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Com a prescrição de medicamentos por DCI
(Denominação Comum Internacional), isto é pelo nome da molécula em vez da marca,
a corrupção em Portugal passou dos médicos para as farmácias.
Há vinte anos atrás, os laboratórios
farmacêuticos aliciavam os médicos com os seus medicamentos de marca, através da
sua promoção e respectiva prescrição, em troca de bens materiais que iam de uma
simples caneta até electrodomesticos e viagem de sonho.
Não era raro os médicos serem visitados por uma
dezena de delegados de informação médica antes da suas consultas com essas
aliciantes propostas em troca de umas dezenas de prescrições.
O problema não seria grave se alguns desses
médicos se limitassem a prescrever uma determinada marca para uma mesma
patologia em detrimento de outra.
O problema é que para atingir um certo numero
de embalagens, muitos não hesitavam em prescrever um medicamento inútil para a
doença do doente (com os seus devidos efeitos secundários) quando éticamente não
o deveriam fazer.
Este tipo de corrupção existiu, todos sabemos,
apesar de pelo peso do lobby médico existente, raramente tenha sido
comprovado.
Nos últimos anos foi incrementada a prescrição
por DCI com inegáveis benefícios para os doentes, pela baixa do preço dos
medicamentos, mas também para as farmácias.
Com efeito, agora são as farmácias que decidem,
em grande parte, qual o genérico que vendem, e esse facto faz com que tenham
vantagens financeiras em vender um determinado genérico em detrimento de
outro.
Um dos problemas dos numerosos genéricos
colocados no mercado é que muito têm uma origem duvidosa, apesar da Infarmed nos
dizer que são seguros e bioequivalentes em relação aos medicamentos de
marca.
Tudo se passa nas farmácias como na
concorrência entre a Coca-cola e a Pepsi-Cola nos restaurantes: se vender
Coca-Cola (em vez da concorrente) terá 3 de borla por cada 10 vendidas. Então o
restaurante, tal como a farmácia, escolhe a marca que lhes é mais
rentável.
É tão simples quanto isto, a corrupção
transferiu-se dos médicos para as farmácias. Agora, cada vez mais delegados de
informação médica "dedicam-se" às farmácias em vez de visitar os médicos.
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