quarta-feira, 12 de março de 2014

O que sabemos e não sabemos do voo desaparecido

Veja tudo o que está em causa no desaparecimento do voo 370 da Malaysia Airlines.
Por:T.L.P. com agências

Na madrugada de sábado, um avião de passageiros com 239 pessoas a bordo desapareceu no sudoeste asiático. Os investigadores não têm ainda explicação de como é possível um avião de tão grande porte desaparecer sem deixar rasto.
Continuam as buscas no mar, que envolvem barcos e aviões de muitos países. Os familiares dos passageiros e tripulação continuam angustiados, à espera de novidades. As autoridades avisaram-nos para se prepararem para o pior.
Existem muitas teorias sobre o que terá acontecido. Até serem divulgadas mais informações sobre este misterioso desaparecimento, aqui fica um sumário do que se sabe e não se sabe sobre o voo 370 da Malaysian Airlines.
A ROTA DO VOO
o que se sabe: O Boeing 777-200 descolou de Kuala Lumpur, capital da Malásia, às 00h41 de sábado (16h41 de sexta-feira, em Portugal). Estava previsto aterrar em Pequim, na China, às 06h30 do mesmo dia (22h30 de sexta-feira, no fuso horário português), depois de 3700 quilómetros de viagem. No entanto, cerca das 01h30 de sábado (17h30 de sexta-feira em Portugal), os controladores aéreos malaios de Subang, próximo de Kuala Lumpur, perderam o contato com o avião que sobrevoava o mar entre a Malásia e o Vietnam. 
o que não se sabe: O que aconteceu a seguir. Os pilotos não indicaram a existência de qualquer problema para a torre de controlo, nem emitiram qualquer sinal de socorro. Militares malaios explicam através dos dados de radar que, antes de desaparecer, o avião alterou a sua rota, retornando a Kuala Lumpur. Mas os pilotos não avisaram o controlo aéreo desta mudança de rota. Neste momento não se sabe porque o avião deu meia volta.
OS PASSAGEIROS
o que se sabe: Estavam 239 pessoas a bordo. 227 passageiros e 12 tripulantes. Cinco dos passageiros tinham menos de 5 anos de idade. A bordo havia pintores de renome, escritores e trabalhadores de uma empresa americana de semicondutores. Segundo a companhia aérea estavam a bordo passageiros de mais de 12 nacionalidades, das regiões da Ásia, do Pacífico, da Europa e da América do Norte. A China/Taiwan (154) e a Malásia (38) eram as nacionalidades mais representadas a bordo. Cinco passageiros não chegaram a descolar de Kuala Lumpur. Segundo as autoridades, as suas bagagens foram tiradas do avião antes da descolagem.  
o que não se sabe: A identidade real de alguns dos passageiros. Duas pessoas que estavam a bordo do avião, supostamente com nacionalidade italiana e austríaca, tinham passaportes roubados. As autoridades estão a estudar a possibilidade de outros passageiros do avião estarem a viajar com passaportes falsos ou roubados.  
MISTÉRIO DOS PASSAPORTES
o que se sabe: Os bilhetes dos dois passageiros com passaportes roubados foram comprados na quinta-feira na Tailândia, segundo mostram os registos da companhia aérea. A Polícia afirma que um homem misterioso de origem iraniana, conhecido apenas como Ali, comprou os bilhetes dos passageiros que usaram os passaportes roubados no avião desaparecido da Malaysian Airlines. Os dois bilhetes eram apenas de ida, tinham escala em Pequim, em Amesterdão (Holanda), e destino final em Copenhaga (Dinamarca) e Frankfurt (Alemanha). Os donos dos passaportes roubados não embarcaram no avião - os dois passaportes foram roubados na Tailândia (o Austríaco foi roubado em 2013 e o Italiano em 2012). 
o que não se sabe: Quem são as pessoas que estavam a usar os falsos passaportes e se elas têm alguma relação com o desaparecimento do avião. O responsável pela aviação civil da Malásia, Azharuddin Abdul Rahman, disse na segunda-feira, que as imagens das câmaras de segurança do aeroporto mostram que os homens que viajavam com passaportes falsos "não têm aparência de asiáticos". Mas as autoridades não avançaram mais detalhes sobre a investigação feita às identidades dos dois homens. Os passaportes levantaram a possibilidade do desaparecimento ter origens criminosas. Apesar de não se conhecerem até ao momento ligações terroristas, existe a possibilidade de sequestro do Boeing 777. Outra explicação possível para os passaportes roubados é a tentativa de emigrantes ilegais entrarem na Europa, como já aconteceu noutras tentativas. E o sudeste asiático é conhecido pelo seu mercado em expansão de passaportes roubados.     
O CONTROLO DE SEGURANÇA 
o que se sabe: A INTERPOL diz que os passaportes registados como roubados na sua base de dados. Mas não foram feitas quaisquer controlos a estes passaportes desde o seu roubo até ao embarque no avião desaparecido. O secretário-geral da INTERPOL, Ronald K. Noble, disse que "causa grande preocupação" o facto de passageiros com passaportes listados como roubados pela agência terem conseguido embarcar num voo internacional. 
o que não se sabe: Se os passaportes foram usados em voos anteriores. Como não foram feitos quaisquer controlos nos passaportes roubados, a INTERPOL "não consegue determinar em quantas ocasiões forma estes passaportes usados para embarcar em aviões ou atravessar fronteiras." As autoridades malaias estão a investigar as falhas nos procedimentos de segurança que permitiram a estes dois passageiros embarcar no voo. No entanto, as autoridades deste país insistem que o avião saiu de Kuala Lumpur cumprindo todos os standards internacionais.
A TRIPULAÇÃO
o que se sabe: Todos os membros da tripulação a bordo do voo 370 eram naturais da Malásia. O piloto do avião desaparecido é o comandante Zaharie Ahmad Shah, de 53 anos, com 18365 horas de voo. Trabalha na Malaysian Airlines desde 1981. O copiloto , Fariq Ab Hamid tem 2763 horas de voo. Hamid, de 27 anos, começou a trabalhar na companhia em 2007. Estava habituado a voar com outro avião a jato e estava em período de transição para o Boeing 7877-2000, depois de ter completado o seu treino em simulador de voo. 
o que não se sabe: O que aconteceu no cockpit por volta da hora que o avião perdeu o contato com os controladores aéreos. O avião de passageiros estava em altitude cruzeiro, a parte do voo que é considerada a mais segura, quando desapareceu. As condições meteorológicas não eram adversas. Os peritos em aviação dizem que é particularmente intrigante os pilotos não reportarem qualquer tipo de problema antes de o avião perder o contato com os controladores.  
AS BUSCAS
o que se sabe: Estão envolvidos nas buscas, numa grande área do Mar do Sul da China perto da zona em que o avião desapareceu, 34 aviões, 40 barcos e equipas de salvamento de 10 países. Os detritos que foram encontrados na área das buscas até ao momento não estão relacionados com o desaparecimento deste avião. "Nada do que encontrámos até ao momento parecem ser destroços do avião", disse na segunda-feira Rahman, do departamento malásio de aviação civil. Também se determinou que o óleo encontrado na zona não é do avião, pertence a navios de carga. 
o que não se sabe: Se as buscas estão concentradas na zona certa. As autoridades começaram as buscas numa área perto do golfo da Tailândia, local da última posição conhecida do avião. No entanto, os esforços de busca foram expandidos a oeste - para o outro lado da península da Malásia - e a norte - para o mar de Anddaman, parte do Oceano Índico. Quanto mais tempo passa, mais as correntes oceânicas poderão intervir, complicando as buscas.
AS CAUSAS
o que se sabe: Francamente, não se sabe nada. "Um avião destes desaparecer assim...do nosso ponto de vista, estamos igualmente intrigados", disse Rahman esta segunda-feira. Até porque o avião em questão, um Boeing 777-200, tem um excelente registo de segurança no passado.  
o que não se sabe: até que as buscas sejam capazes de encontrar o avião e os seus registos de voz e dados, vai ser extremamente difícil perceber o que aconteceu. Peter Bergen, analista de segurança da CNN, diz que a extensão das possíveis razões para o desaparecimento podem ser divididas em três categorias: falha mecânica, ações dos pilotos ou terrorismo. Mas até haver mais dados disponíveis sobre este desaparecimento, tudo o que temos são teorias. 
OS ANTECEDENTES
o que se sabe: É raro um avião comercial de grande porte desaparecer a meio do voo. Mas não é inaudito. Em junho de 2009 o voo 447 da Air France, que se deslocava do Rio de Janeiro para Paris, ficou sem comunicações a meio do Atlântico. O Airbus A330, outro avião com tecnologia de ponta, desapareceu com 228 pessoas a bordo. Só ao fim de quatro ações de busca ao longo de dois anos é que foi possível localizar os destroços principais do avião e a maior parte dos corpos numa cadeia montanhosa no fundo do Oceano Atlântico. Demorou ainda mais tempo para se poder estabelecer as causas do acidente. 
o que não se sabe: Se o destino do voo desaparecido da Malaysia Airlines é de alguma forma similar ao do voo da Air France. Os investigadores atribuíram a causa do acidente do voo 447, a uma série de erros dos pilotos e a falhas em reagirem corretamente a problemas técnicos no avião. Se não existirem sobreviventes do avião malaio, este será o pior acidente aéreo desde 12 de novembro de 2001, quando o voo 587 da American Airlines se despenhou perto de Nova Iorque, matando todas as 260 pessoas a bordo e mais cinco que estavam em terra.

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