Há que ter peninha de Manuel Maria Carrilho
E, de repente, um professor
de filosofia, que também é um político medíocre, transforma-se numa
personagem literária, uma personagem que, confesso, inspira-me muita
peninha, piedade da boa, da pura, coitadinho. O que leva um homem a
humilhar uma mulher com a conversa dos trambolhões causados pelo álcool?
O que leva um indivíduo, coitadinho, a lançar ao vento a ideia de que a
ex-mulher é um pequeno camião de silicone e botóx e que está numa
espécie de menopausa dos quarenta? O que leva um homem a dizer
publicamente que a sua ex-mulher foi abusada pelo padrasto, forçando
assim os filhos a chafurdar nesta roupa suja? A resposta comum passará
por palavras como maldade, perversão, amoral.
Tendo em conta o CV marital de Carrilho, a hipótese tem
pernas para andar. Uma das ex-mulheres de Carrilho veio a público dizer
que "teve uma faca encostada ao pescoço". Na resposta, o nosso homem
garante que a senhora é doida varrida. Caramba, se tivéssemos em
consideração a palavra de Carrilho, chegaríamos à conclusão de que este
indivíduo, coitadinho, casou sempre com doidas varridas. Bárbara
Guimarães seria doida, a outra senhora seria doida e, calcula-se, todas
as outras mulheres e namoradas também seriam malucas. É como se Carrilho
tivesse uma quota conjugal no Júlio de Matos. Não, ele não seria o
nosso Dominique Strauss-Kahn, seria apenas um pobre desgraçado com azar,
calhava-lhe sempre a fava, ficava sempre com a Maria Maluca. Seria ou
não seria caso para termos peninha? Seria se a palavra de Carrilho ainda tivesse um valor transaccionável.
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