Reportagem: "Senhor Presidente dissolva o Parlamento"
Manifestantes preenchem a Praça da Batalha por completo. É difícil conseguir mexer-se.
17h28 - O núcleo duro de manifestantes mantém-se ao fundo da Avenida a ouvir testemunhos de precariedade ao microfone. A multidão vai diminuindo, resistem no ar algumas bandeiras, incluindo uma... da Líbia. Daqui a algumas semanas os Aliados voltam a encher para festejar o campeonato de futebol e o São João.
17h20 - Nos aliados a ilusão é grande em transformar este dia numa data histórica para o país. Um grupo de jovens avança por entre a multidão com cartazes onde se lê: "Depois do 25 de Abril de 1974, o 12 de Março de
17h16 - Um manifestante do Porto sobe a uma árvore para pendurar um cartão gigante em forma de placar desportivo. O resultado è uma goleada. "PEC - 4 vs. Povo - 0"
17h11 - À medida que a concentração final nos Aliados se aproxima do fim, a Avenida assemelha-se cada vez mais a um estádio de futebol. Já se cantou até o hino nacional e houve pulos conjuntos ao som da frase: "E quem não salta é do Governo".
17h07 - Uma agência bancária do Banco Espírito Santo, situada na Avenida dos Aliados, foi vandalizada pelos manifestantes. Em cima do letreiro de cor verde está escrito "ladrões" em letras grandes e azuis.
17h04- Ironicamente em frente a uma agencia bancária do BES, um dos organizadores do protesto no Porto fala sobre os problemas com a atribuição das bolsas universitárias: "Endividamo-nos porque não nos pagam as bolsas e no final do curso não temos emprego".
16h58 – Não é só a classe política a "roubar" os portugueses, na voz dos manifestantes que chamam agora "gatunos" aos políticos. Os carteiristas do Porto, também à rasca, não faltaram à chamada. O sistema de som instalado a meio da Avenida dos aliados, anuncia que a carteira da Ana Cunha Sousa Santos já foi recuperada pela polícia.
16h54 - A manifestação das várias gerações à rasca, teve origem nas redes sociais e concretiza-se também no plano tecnológico. Miúdos e graúdos captam fotografias e vídeos. Mais logo estarão disponíveis no twitter, facebook e youtube. Entre os cartazes são muitos os telemóveis e câmaras fotográficas acima das milhares de cabeças que se concentram agora na Avenida dos Aliados, bem no centro do Porto.
16h48 - Se uns precários se manifestam nas ruas do Porto, outros mostram o seu espírito empreendedor. Juan, natural da Galiza e vestido de Palhaço, está no meio dos manifestantes a vender flores feitas com balões. É a economia paralela a funcionar, aquela que o Governo quer controlar de forma mais apertada, segundo o programa de estabilidade e crescimento ontem anunciado.
16h35 - No local do início do protesto portuense restam apenas alguns grupos de idosos, que ainda ontem ficaram a saber que poderão esperar mais um ano de pensões mínimas congeladas. Um deles segura numa mão a bengala e na outra uma folha onde se lê telegraficamente: "Justiça, velhice enrascada". A seu lado, duas pensionistas "enrascadas" também pela crise do euro discutem o valor da reforma em contos de reis.
16h30 - Uma hora e meia depois do início da concentração, a Praça da Batalha, no porto, está prestes a reabrir ao trânsito. A multidão segue rumo aos aliados. Dois motociclistas encerram o cortejo com monstruosas mascaras de Carnaval na cara. Na mão uma folha branca tem escritos a cores varias: "o momento mete medo ao susto".
16h23 - Duas bonecas insufláveis simbolizando prostitutas provocam primeiro o riso e depois assobios contra a equipa governativa. A mensagem é dura: "senhor primeiro-ministro, por trás?! Chega os clientes!"
16h19 - "Ninguém daqui votou na Merkel", lembra um cartaz amarelo à entrada da rua de Santa Catarina, um dia depois do Governo ter apresentado o quarto pacote de austeridade no espaço de um ano. Medidas já elogiadas...pela chanceler alemã.
16h16 - O desfile na cidade invicta não tem fronteiras para a reivindicação. Empunhando um megafone, um grupo reclama...a regionalização. A moção de estratégia que Sócrates levará ao Congresso prevê a retirada da revisão administrativa do país da agenda política dos próximos tempos.
16h13 - Um jovem pai traz a filha ao ombro com um cartaz irónico na mão: "Futura precária".
16h12 - No Porto reclama-se a quedo do Governo. O apelo de Cavaco Silva na tomada de posse é lembrado no protesto do Porto para pedir acção política em Belém. "Senhor Presidente, em nome dos pobres, dos jovens, dos idosos e da nação, dissolva o Parlamento!", lê-se num cartaz.
16h09 - Uma enorme massa humana começa a descer rumo à rua de Santa Catarina. Há crianças, adolescentes, jovens na casa dos trinta, quarentões e reformados. As boinas que escondem a calvície misturam-se com as rastas dos jovens. No horizonte há cartazes com reivindicações várias. Contra o desemprego, os baixos salários, a precariedade, o valor das bolsas de estudo e...o capitalismo.
16h02 - No Porto cheira a cravo e a jasmim: milhares de pessoas convocados pelo Facebook preenchem por completo a Praça da Batalha gritando slogans de Abril: “O povo unido jamais será vencido.”
15h54 - Na Praça da Batalha, no Porto, a manifestação também já arrancou. Ninguém se mexe, tal é o número de pessoas presente.
"Geração à rasca" leva 300 mil manifestantes à Avenida da Liberdade
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