Ordem de detenção de antiga primeira-ministra ucraniana Timochenko provoca confrontos no tribunal
A ordem de detenção provisória da ex-primeira-ministra da Ucrânia Iulia Timochenko, que está a ser julgada por abuso de poder, foi hoje seguida de confrontos entre deputados do seu grupo parlamentar e agentes do destacamento especial da polícia "Grifon".
Segundo a agência Ria-Novosti, quando os agentes da polícia se aproximaram de Timochenko para a conduzir à prisão, os deputados do Bloco de Iúlia Timochenko começaram a gritar "Vergonha!" e "Iúlia! Iúlia!".
Na sala registaram-se confrontos entre agentes da polícia e deputados do Parlamento ucraniano, que gritavam: "Fascistas, irão todos para a cadeia!".
Os deputados fizeram um cordão à saída do tribunal para impedir a saída do automóvel que transportava a ex-primeira-ministra ucraniana, obrigando a polícia a abrir caminho. Cerca de cem agentes formaram um corredor por onde saiu o automóvel.
Apoiantes da antiga primeira-ministra ucraniana começaram a concentrar-se na Praça Krichatik, no centro de Kiev.
O processo continuará na próxima segunda-feira.
O presidente do tribunal, Rodion Kireev, acabou por anuir a um pedido da procuradora, após ter rejeitado na semana passada uma solicitação semelhante. Lilia Frolova pediu a detenção provisória para Iúlia Timochenko depois desta ter acusado o atual primeiro-ministro ucraniano Mykola Azarov, de "corrupção".
Além disso, o juiz considerou que Timochenko faltou ao respeito ao tribunal e tentou fazer tudo para prolongar o julgamento.
A ex-primeira-ministra, por exemplo, pediu um intérprete para traduzir para ucraniano as declarações de Azarov, que se expressou em russo.
"Não entendo o russo. Solicito um intérprete para que sejam traduzidas as declarações do primeiro-ministro ucraniano, que não sabe falar ucraniano", disse Timochenko, que domina a língua russa.
Em resposta, o presidente do tribunal recordou que, de acordo com a legislação em vigor, todas as testemunhas têm o direito de se exprimir na língua da sua escolha.
Timochenko, que arrisca até dez anos de prisão, é acusada de ter ultrapassado os seus poderes de primeira-ministra em 2009, ao autorizar sem a aprovação do governo a assinatura de contratos sobre a importação de gás russo a um preço demasiado elevado, e desse modo prejudiciais para Kiev.
Na ocasião, Timochenko assinou os contratos com o primeiro-ministro russo Vladimir Putin.
No decurso da audição, Azarov indicou ter colocado a questão a Putin por diversas vezes, para esclarecer em definitivo "como foram firmados esses contratos tão desfavoráveis para a Ucrânia".
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