Segurança: Veio do Brasil sem mandado de captura internacional
Assassina a tiro duas vítimas de assaltos
Quando matou pela primeira vez, ainda no Brasil, Elivan Carvalho Pimenta tinha 20 anos, em 2005. Assassinou a tiro, em Goiás, um comerciante que resistiu a um roubo. Fugiu duas vezes da cadeia e veio para Portugal, sem que houvesse um mandado de captura internacional em seu nome. E conseguiu uma autorização de permanência no nosso País – até que na última semana voltou a matar. Desta vez o alvo, na Amadora, foi Victor Fernandes, por lhe recusar dinheiro para a gasolina.
Apesar de, fora do Brasil, não haver qualquer referência ao registo criminal de Elivan, no seu país tem dois mandados de captura pendentes, pelos casos de homicídio e posse de arma proibida. Os crimes não foram investigados no Brasil a nível federal – logo, a informação não passou para o plano internacional.
Assim, depois dos crimes, em 2005 e 2008, o cadastrado chegou a Portugal em 2009 como se nada tivesse feito. E obteve das autoridades portuguesas uma autorização de permanência, sem que ninguém o procurasse.
A Polícia Judiciária passou a conhecê-lo na noite de quarta--feira da semana passada, quando assassinou a tiro o reformado da TAP, 67 anos, por este e a mulher lhe terem recusado dinheiro para a gasolina junto a um banco na Amadora. Nessa noite foi logo capturado pela PSP e, entregue à PJ, está em prisão preventiva até ser julgado.
Ao que o CM conseguiu apurar, junto da delegacia de Goiânia, a polícia brasileira perdeu o rasto de Elivan pela primeira vez quando este foi condenado pelo homicídio de Djalma Oliveira Moura, um comerciante de Goiás que tentou proteger a sua mercearia e foi morto à queima-roupa.
Fugiu da prisão e foi recapturado, em 2008, com um revólver. Preso uma vez mais, voltou a escapar. E o destino escolhido foi Portugal. A mãe, Agustina Aparecida, acolheu-o em casa, na Amadora. Ontem, o CM tentou contactar os familiares do brasileiro para saber se sabiam que Elivan era um homicida foragido, mas tal não foi possível.
"DISSE: 'NÃO FALA ALTO' E LOGO A SEGUIR ATIROU E MATOU-O"
Leonor Duarte, mulher de Victor Fernandes, assassinado à queima-roupa na Amadora, explicou na altura ao CM o terror vivido. "Ele [o homicida] agarrou-me pelo braço e disse que queria dinheiro para a gasolina. O Victor veio socorrer-me, tentar afastá-lo – e o assaltante só lhe disse ‘não fala alto’. Depois disparou. Matou-o ali", contou, lavada em lágrimas.
Médica pediatra no Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, a mulher de 67 anos ficou apavorada. "É um grande choque, o Victor tinha tanto para viver", disse. Os amigos e familiares de Victor Fernandes estão desolados e só pensam em confortar-se uns aos outros. Victor Fernandes é recordado como "uma pessoa boa, que se preocupava com toda a gente".
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