Operação: Negócios ilícitos envolviam tráfico de pedras preciosas
Rede lava milhões em Portugal
A rede de crime organizado dedicava-se a todo o tipo de negócios ilícitos: fomentava o tráfico de diamantes e outras pedras preciosas, de droga, de chifres de rinoceronte e mercúrio e chegavam até a clonar cartões. Lavavam também dinheiro através de transferências milionárias, que tinham a América do Sul na origem e Portugal como ponto de passagem.
Os cinco membros que constituíam o núcleo duro do grupo, no qual está um advogado de Lisboa e um engenheiro do Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), foram detidos anteontem pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ durante a operação ‘Miscelânea'. Os inspectores conseguiram ainda travar uma transferência de 50 milhões.
Os cinco detidos, que têm entre os 30 e os 45 anos, foram ontem presentes a tribunal. Ao fecho desta edição não eram conhecidas as medidas de co-acção.
Na operação, que culminou em 42 buscas domiciliárias e envolveu mais de cem inspectores, a PJ constituiu 19 arguidos, entre eles um advogado do Porto.
O núcleo duro da rede tinha como principal tarefa encontrar pessoas dispostas a prestar todo o tipo de serviços ilegais. Eram contactados por outros criminosos, que se dedicavam essencialmente ao tráfico de pedras preciosas e à lavagem de dinheiro. Depois cabia-lhes encontrar quem estivesse disposto a participar nos negócios ilícitos.
A rede era já investigada há mais de um ano. A PJ irá agora analisar em laboratório os diamantes encontrados, de forma a apurar o seu real valor.
SEM RENDIMENTO HÁ VÁRIOS ANOS
A operação foi levada a cabo pela Unidade Nacional que combate a criminalidade económica e financeira. As bus-cas foram feitas quase em simultâneo para evitar fugas de informação. Além dos advogados e empresários alvo de buscas, outros dos visados não têm qualquer actividade profissional. Dedicam-se apenas ao mundo do crime e não apresentam rendimentos há vários anos.
ORDEM ACOMPANHOU BUSCAS
Os escritórios dos dois advogados envolvidos na rede anteontem desmantelada pela Unidade Nacional Contra a Corrupção da PJ foram alvos de buscas. As diligências foram acompanhadas por um representante da Ordem dos Advogados e também por um procurador do Ministério Público.
Em causa está a necessidade de assegurar que o segredo profissional a que os advogados estão sujeitos não seja comprometido e garantir que apenas os documentos que dizem respeito à actividade criminosa em que os causídicos estão envolvidos sejam apreendidos. A Ordem é avisada antecipadamente pelos inspectores da Judiciária de que serão realizadas buscas a advogados.
O causídico de Lisboa, que pertencia ao núcleo duro e que foi um dos cinco detidos, poderá agora ser alvo de um processo disciplinar e o exercício da sua profissão poderá mesmo ser colocado em risco.
Já em relação ao advogado do Porto tal hipótese, para já, não se aplica, uma vez que durante a operação aquele apenas foi constituído arguido
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