Posted:
23 Jan 2014 02:43 AM PST
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Um relatório da ONG britânica Oxfam,
divulgado nesta segunda-feira, mostra que o património das 85 pessoas mais ricas
do mundo equivale às posses de metade da população mundial.
Ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez
mais pobres.
As 85 pessoas mais ricas do mundo têm um
património de US$ 1,7 trilhão, o que equivale ao património de 3,5 bilhões de
pessoas, as mais pobres do mundo. A Oxfam observou no seu relatório que, nos
últimos 25 anos, a riqueza ficou cada vez mais concentrada nas mãos de
poucos.
A renda líquida obtida em 2012 pelas 100
pessoas mais ricas do mundo, 240 bilhões de dólares, poderia acabar quatro vezes
com a extrema pobreza no planeta.
"É chocante que no século XXI metade da
população do mundo não tenham mais do que a minúscula elite cujos números podem
caber confortavelmente num autocarro de dois andares", afirmou Winnie Byanyima,
diretora-executiva da Oxfam.
Hoje, as diferenças entre os países estão
diminuindo, mas a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres dentro de
cada nação está crescendo.
A planeada desrugulamentação do sistema
financeiro.
Globalmente, o que se passa é que os indivíduos
e as companhias mais ricos escondem trilhões de dólares dos impostos na enorme
rede de paraísos fiscais espalhados pelo mundo, estima-se que US$ 21 trilhões
estão assim "escondidos" sem registros.
Não é uma coincidência o aumento da
desigualdade no mundo desenvolvido desde os anos 1980. Foi nesta época que
começaram a ter efeito as políticas lideradas pelos governos de Ronald Reagan
nos Estados Unidos (1981-1989) e Margaret Thatcher (1979-1990) no Reino Unido, e
adopatadas em boa parte por outros governantes, como Helmut Kohl (Alemanha),
Ruud Lubbers (Holanda) e Bob Hawke (Austrália): impostos mais baixos,
desregulamentação do sistema financeiro, redução do papel do governo e outras
medidas integrantes do receituário neoliberal.
Essa política, sustentada pela globalização,
teve alguns efeitos positivos, mas foi levada ao extremos por quem se beneficia
delas. Para manter as políticas desejadas, que aumentavam a sua riqueza (e
também a desigualdade) esses grupos de interesse encrustaram-se nos círculos de
poder. Eles sequestraram a política.
O resultado disso, seja nos Estados Unidos, na
Europa, na Índia ou no Brasil, é uma grave crise de representação. O cidadão não
consegue participar da vida pública e ter seus anseios ouvidos pelo governantes.
Os partidos, à esquerda e à direita, caminham cada vez mais para o centro e,
como diz o filósofo esloveno Slavoj Zizek, fica cada vez mais difícil
diferenciá-los. A esquerda, supostamente contrária aos absurdos do liberalismo
económico, ou aderiu a ele e também tem suas campanhas financiadas por grandes
corporações ou não tem um modelo alternativo e crível a apresentar.
A política de austeridade factor de pobreza.
À escala da Europa, se a política de
austeridade for mantida pelos dirigentes políticos actuais, há o risco de 25
milhões de europeus caírem numa situação de pobreza até 2025. No seu documento,
a organização entende que o modelo europeu "está diretamente colocado em questão
por políticas de austeridade mal concebidas".
A directora do ramo europeu da Oxfam, Natalia
Alonso, criticou o recuo dos direitos sociais, "os cortes radicais nos
orçamentos da segurança social, da saúde e da educação, a redução dos direitos
dos trabalhadores e uma fiscalidade injusta", ingredientes desde há três anos
das purgas económicas destinadas alegadamente a recuperar as finanças públicas
na Europa.
O resultado desta política de austeridade terá
como resultado a longo prazo a que um quarto da população se encontrem ameaçadas
pela pobreza, incluindo a população activa com trabalho.
Os países sujeitos ao regime de austeridade,
como os casos de Portugal e da Grécia, em troca de uma assistência financeira da
UE e do Fundo Monetário Internacional, mas também a Espanha e o Reino Unido,
"situar-se-ão em breve entre os países mais desiguais do mundo", se prosseguirem
as suas políticas.
Esta ONG apela "aos Estados membros da UE para
que defendam um novo modelo económico e social", assente numa fiscalidade justa
e em investimentos públicos nos serviços e na inovação.
Sobre Portugal é ainda dito que entre 2010 e
2011 a desigualdade nos rendimentos tem beneficiado as “elites económicas”,
dando-se como exemplo o crescimento do mercado de bens de luxo, e é dito que
após as crises financeiras em geral os mais ricos vêem os seus rendimentos
crescer 10% enquanto os mais pobres os perdem na mesma proporção.
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