Sábado, 18 de Agosto de 2012
A sucessão de Francisco Louçã à frente do Bloco de Esquerda está a colocar em evidência o carácter profundamente autoritário do partido. Numa organização política democrática, o líder anunciaria a sua saída e deixaria para os militantes a escolha da nova liderança. Mais, num partido democrático, quem desejasse a liderança faria um anúncio de candidatura e iria à procura dos votos dos militantes. É assim que acontece em qualquer partido que preza a liberdade interna dos seus militantes. No Bloco de Esquerda não. O líder que sai é quem escolhe o seu substituto. E como um nome não chegava para acalmar as facções, escolheu dois. Mais tarde, em Novembro, o Bloco realizará uma Convenção para os militantes ratificarem o que Louçã e meia dúzia de iluminados escolheram para o futuro do partido. Uma espécie de eleições norte coreanas, onde o resultado já foi definido pelo comité central. O pior é que as vozes públicas dissonantes a este processo, talvez à excepção de Rui Tavares, que até já saiu do partido, e de Daniel Oliveira, que está afastado da direcção do Bloco há algum tempo, têm sido quase nulas. Quem não se consegue organizar democraticamente perde credibilidade para falar de democracia. Os dirigentes do Bloco deviam saber disso.
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