domingo, 31 de janeiro de 2010
O peso da mentira
"A mentira tem perna curta. Na terça-feira, pouco antes da meia-noite, a velha asserção popular voltou a provar ser correcta. A proposta de Orçamento do Estado pôs a nu aquilo que já se sabia: que o Governo e o PS, sob a liderança de José Sócrates, andaram a esconder aos portugueses a real situação do País.
A campanha eleitoral de Setembro foi um desfile de fingimento e manipulação. Aquilo que era apontado como um défice que não ultrapassaria os 5 por cento subitamente transformou-se em 9,3. Quase o dobro. Em apenas cinco meses, a verdade acabou por chegar. A crua dimensão do problema aí está, na frieza dos números. Por entre promessas e venda de ilusões, Sócrates acabou, em 2009, por conduzir Portugal ao maior défice da nossa democracia pós-1976.
No campo das receitas, o panorama é, no mínimo, dramático. A colecta do IVA, por exemplo, mantém-se teimosamente próxima das que o Estado arrecadou há dez anos em termos reais. O que se conseguiu cobrar adicionalmente entre 2000 e agora, em grande parte devido às duas subidas da taxa de tributação (de 18 para 20 por cento com Ferreira Leite e de 20 para 22 com Teixeira dos Santos), foi comido pela inflação média do mesmo período. A estagnação na angariação do IVA corresponde a um sinal claro e indesmentível do sério abrandamento da economia, que não fica igualmente imune à enorme dívida pública, que saltou, nestes dez anos, para o dobro.
Todos devem preparar-se para o pior, a começar pelos funcionários públicos. O congelamento dos salários não surpreende, bem como o conjunto de medidas restritivas visando diminuir as despesas do Estado, condenado que está a uma implacável cura de emagrecimento. Como atitude preventiva, será bom os portugueses mentalizarem-se de que precisam de estar mais atentos às palavras que sobre eles são despejadas, sobretudo em períodos eleitorais. Gente há que está no Poder pelo Poder, com projectos de natureza pessoal e que faz questão de ignorar o que significa ser ministro, bem como a principal obrigação subjacente à função: servir.
Esta proposta de Orçamento pôs a descoberto a forma inquinada e manipulatória como a situação económica e financeira do País foi exposta e o leque de falsidades que envolveu a comunicação dos números. A verdade acabou por vir à superfície, não resistindo à transparência que a democracia exige, mesmo numa sociedade como a nossa em que o jornalismo tão fustigado tem sido, através de tentativas de controlo e silenciamento. A passividade perante quem teve a ousadia de pensar que passaria incólume neste caso, tal como o criminoso que julga que os seus actos ficarão impunes apesar das evidências, corresponde a um acto de cumplicidade. É bom, portanto, que o País acorde."
José Eduardo Moniz
posted by Dr. Assur at 08:40 0 c
"A mentira tem perna curta. Na terça-feira, pouco antes da meia-noite, a velha asserção popular voltou a provar ser correcta. A proposta de Orçamento do Estado pôs a nu aquilo que já se sabia: que o Governo e o PS, sob a liderança de José Sócrates, andaram a esconder aos portugueses a real situação do País.
A campanha eleitoral de Setembro foi um desfile de fingimento e manipulação. Aquilo que era apontado como um défice que não ultrapassaria os 5 por cento subitamente transformou-se em 9,3. Quase o dobro. Em apenas cinco meses, a verdade acabou por chegar. A crua dimensão do problema aí está, na frieza dos números. Por entre promessas e venda de ilusões, Sócrates acabou, em 2009, por conduzir Portugal ao maior défice da nossa democracia pós-1976.
No campo das receitas, o panorama é, no mínimo, dramático. A colecta do IVA, por exemplo, mantém-se teimosamente próxima das que o Estado arrecadou há dez anos em termos reais. O que se conseguiu cobrar adicionalmente entre 2000 e agora, em grande parte devido às duas subidas da taxa de tributação (de 18 para 20 por cento com Ferreira Leite e de 20 para 22 com Teixeira dos Santos), foi comido pela inflação média do mesmo período. A estagnação na angariação do IVA corresponde a um sinal claro e indesmentível do sério abrandamento da economia, que não fica igualmente imune à enorme dívida pública, que saltou, nestes dez anos, para o dobro.
Todos devem preparar-se para o pior, a começar pelos funcionários públicos. O congelamento dos salários não surpreende, bem como o conjunto de medidas restritivas visando diminuir as despesas do Estado, condenado que está a uma implacável cura de emagrecimento. Como atitude preventiva, será bom os portugueses mentalizarem-se de que precisam de estar mais atentos às palavras que sobre eles são despejadas, sobretudo em períodos eleitorais. Gente há que está no Poder pelo Poder, com projectos de natureza pessoal e que faz questão de ignorar o que significa ser ministro, bem como a principal obrigação subjacente à função: servir.
Esta proposta de Orçamento pôs a descoberto a forma inquinada e manipulatória como a situação económica e financeira do País foi exposta e o leque de falsidades que envolveu a comunicação dos números. A verdade acabou por vir à superfície, não resistindo à transparência que a democracia exige, mesmo numa sociedade como a nossa em que o jornalismo tão fustigado tem sido, através de tentativas de controlo e silenciamento. A passividade perante quem teve a ousadia de pensar que passaria incólume neste caso, tal como o criminoso que julga que os seus actos ficarão impunes apesar das evidências, corresponde a um acto de cumplicidade. É bom, portanto, que o País acorde."
José Eduardo Moniz
posted by Dr. Assur at 08:40 0 c
VOLTA SALAZAR
VOLTA SALAZAR
Parece que os tipos dos carroceis andaram por Lisboa a buzinar com uns dizeres à altura nos camiões. Um exibia um pano onde se podia ler "Salazar volta que estás perdoado". Há para aí uns anitos que está, de certeza.
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