E nós daqui prendamos o conteúdo abaixo com uma musiquinha.
Personalidade do Ano: Cavaco Silva
O
exemplo tem de vir de cima. A Presidência da República não publica os
contratos e os ajustes directos no espaço reservado para esse efeito na
página oficial da própria Presidência. Após a publicação do livro Má
Despesa Pública, no qual esta questão é destacada, a TVI24 decidiu fazer uma reportagem
sobre o assunto. Na altura, a Presidência garantiu que iria passar a
disponibilizar essa informação aos cidadãos. Os meses passaram-se e nada
foi feito. O PR nem no facebook fala do assunto.
Autarca do Ano: António Costa
Têm-se
sucedido os exemplos de falta de transparência na Câmara Municipal de
Lisboa. Os contratos dos assessores políticos demoraram três anos a serem publicados, os gastos em iluminações de Natal
duplicaram de um dia para o outro e informações simples como as ordens
de trabalhos das reuniões do executivo municipal, resumos das actas,
propostas, deliberações ou moções deixaram de ser
disponibilizados no site da CML. Em nome do rigor.
Entidade Pública do Ano: Fundação Cidade de Guimarães
Num ano em que as fundações estiveram na berlinda e que se esperava uma nova ética dos seus responsáveis, eis que o presidente da Fundação Cidade de Guimarães, João Serra, se escusa a dizer a um jornalista quanto ganha de salário por mês.
Como se não chegasse, a anterior administração está a exigir uma
indemnização que pode somar dois milhões de euros. Entretanto, agora que
a Capital Europeia da Cultura (organizada pela Fundação) está a chegar
ao fim, começam a surgiu notícias de dívidas, atrasos e pagamentos. A novela promete.
Prenda do Ano: CP
Comboios
suprimidos, greves que parecem não ter fim e o passe social sempre a
aumentar. Mesmo assim, a CP lá consegue arranjar dinheiro para comprar pins de ouro e de prata. Os utentes é que deviam receber esta prenda.
Compra do Ano: Carro de Golfe do Banco de Portugal
O
Banco de Portugal comprou um carro de golfe no valor de cinco mil
euros. O Má Despesa quis saber onde é que se encontra localizado este
carro de golfe e qual a relação entre o orçamento do Banco de Portugal e
o grupo de golfe do Grupo Desportivo do Banco de Portugal. Ninguém nos respondeu, para (não) variar.
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Concurso do Ano: Refeições da Assembleia da República
A Assembleia da República abriu um concurso
para disponibilizar, pelo menos, 3 variedades de vodka, 16 tipos de
whisky, 4 vermutes, 4 brandies e 8 licores. Uma vodka Eristoff sai a
2,05 euros e um Famous Grouse a 2,70 euros. Uma cerveja mini custa 45
cêntimos. E isto é só um pormenor do concurso para o fornecimento de
refeições na AR, o qual não dispensa porco preto.
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Subsídio do Ano: Associação de Ex-Deputados da Assembleia da República
Frase do Ano:
“Portugal não é um país corrupto”
“Digo
olhos nos olhos: o nosso país não é um país corrupto, os nossos
políticos não são políticos corruptos, os nossos dirigentes não são
dirigentes corruptos. Portugal não é um país corrupto.” Cândida de
Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal
(01-09-2012)
Boy do Ano: Ana de Jesus Amaral da Câmara Pereira
Neste
caso é uma girl. A filha de Gonçalo da Câmara Pereira recebe, da Câmara
Municipal de Lisboa, mais de 23 mil euros, por um ano, para prestar
apoio técnico ao Grupo Municipal do PPM. O pai é um dos dois deputados
deste Grupo Municipal. Tudo em família.
Portugal no Seu Melhor: Presidência do Conselho de Ministros
A
31 de Janeiro o Má Despesa dava conta de que a Presidência do Conselho
de Ministros tinha contratado Gonçalo Castel-Branco, por mais de seis
mil euros mensais (72.618 euros num ano), para «serviços de consultoria
técnica de conteúdos». Em pouco mais de 24 horas, segundo informação
publicada no portal Base, este contrato transformou-se num outro
contrato com o mesmo valor, mas repartido por três anos. É
surpreendente, mas um dia bastou para multiplicar o prazo por três,
apesar de o contrato original ter sido publicado em Outubro de 2011. É
bom saber que na Presidência do Conselho de Ministros há leitores atentos do Má Despesa.
Viagem do Ano: Presidente do Município de Boticas e esposa foram a New Jersey
A
Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de New Jersey, EUA, convidou o
presidente da autarquia de Boticas e a esposa para participarem, em
representação do Município, no seu 21.º Aniversário. O casal não hesitou
e o município pagou 6.700 euros pela viagem para ambos, durante oito dias. Desejamos que o passeio tenha servido como um elixir conjugal, pelo menos.
Obra do Ano: Mais um centro cultura em Ponta Delgada
São, no mínimo, 400 mil euros
que a Câmara de Ponta Delgada destinou para a construção do Centro
Cultural de Fenais da Luz. Seria uma nota de rodapé na má despesa não
fosse o facto de a ilha de São Miguel preparar-se para receber dois
museus de arte contemporânea. São Miguel arrisca-se a ser a maior região
do mundo com maior número de equipamentos culturais por metro quadrado.
Mistério do Ano: A empresa polivalente
O
Fundo Para as Relações Internacionais, I.P. pagou mais de 20 mil euros
por serviços de restauro de obras de arte a uma empresa de fabrico de
artigos de desporto. O Má Despesa escreveu sobre o assunto em Fevereiro.
Aparentemente, o ministro da tutela acha isto normal.
Bons Exemplos do Ano: Centro Hospitalar do Alto Ave e Junta de Freguesia de Airães
Num
ano desolador para os contribuintes, o Má Despesa destaca dois casos de
responsáveis por cargos públicos que estão conscientes do momento que o
país está a atravessar. São exemplos de sacrifícios em nome do bem
comum.
O
Centro Hospitalar do Alto Ave vendeu em leilão os nove carros dos
administradores, os quais renderam 56 mil euros. Os administradores
também abdicaram das senhas de combustível e do uso de telemóveis de
serviço para poupar 600 mil euros para aplicar em investigação.
Na
Junta de Freguesia de Airães, Felgueiras, três dos eleitos abdicaram da
remuneração a que têm direito por lei (274,77 euros no caso do
presidente, pouco mais de 200 euros para o secretário e a tesoureira).
Com esse dinheiro conseguiram comprar uma carrinha para o transporte das
crianças que frequentam o centro escolar. Ainda sobraram 8500 euros
para os cofres da Junta.