sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Ontem, na TVi24, foi dia do habitual comentário político de Marques Mendes. E Marques Mendes trazia uma enorme notícia que investigara como os presumidos jornalistas não fazem. Era assim:
Em 2010, o governo Sócrates decidiu renegociar os contratos das SCUTs para introduzir portagens (passo agora a correr pela lembrança de que SCUT quer dizer sem custos, e que a ideia germinou no muito socialista cérebro de Cravinho que as apresentou como «benéficas para o orçamento»). O governo Sócrates falou, então, com a Mota-Engil, de Jorge Coelho, para a introdução de portagens em 3 concessões que a Mota-Engil liderava.
A Mota-Engil de Jorge Coelho exigiu que o governo Sócrates metesse no pacote duas outras concessões (que não eram SCUT, tinham portagens, e eram de inteira responsabilidade da empresa). Essas duas concessões eram a Grande Lisboa (A16, A30, A36, A37 e A40) e a Norte (A7 e A11).
Essas duas concessões, portanto, estavam a inteiro cargo da Mota-Engil, não gerando nem receitas nem custos para o Estado, que lhes era estranho.
A Mota-Engil podia até ter pedido a Lua. Pode pedir o que quiser. O caso é que o governo Sócrates aceitou a exigência da Mota-Engil, e englobou essas duas concessões na renegociação.
Resultado:
A concessão Grande Lisboa dava ao Estado, até 2010, zero de receitas e zero de custos.
Passou a dar, após a renegociação Sócrates-Mendonça-Campos/Mota-Engil-Coel
A concessão Norte dava ao Estado, até 2010, zero de receitas e zero de custos.
Passou a dar, após a renegociação, 953 milhões de euros de receitas e 2.092 milhões de custos. Prejuízo: 1.139 milhões de euros
Ou seja: Sócrates, António Mendonça e Paulo Campos conseguiram em negociação com Jorge Coelho um prejuízo para o Estado (ou seja, para nós, contribuintes) de 1.420 milhões de euros
Todos os números acima estão correctos e a fonte é a Direcção Geral do Tesouro.
(Dois apartes do presumido jornalista Paulo Magalhães, enquanto Marques Mendes reportava, explicam os abismos a que caiu o jornalismo em Portugal: «Mas não há justificação?!», supreendia-se ele às tantas. «Ficamos à espera», rematou ele no fim. «À espera», o pobre.)
publicado por José Mendonça da Cru