segunda-feira, 12 de março de 2012
Restauração
Falências de restaurantes sobem 68% até Fevereiro
O sector dos restaurantes registou nos dois primeiros meses do ano um aumento de 68% no número de falências. Até ao fim de Fevereiro, segundo o Correio da Manhã (CM), houve 52 restaurantes que entraram em insolvência, numa média de quase um por dia.
"Os primeiros números indiciam as nossas projecções para o dramático ano em curso", disse ao CM, o presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Mário Pereira Gonçalves.
Nos dois primeiros meses do ano fecharam assim 52 estabelecimentos, mais 21 do que o ano passado em período homólogo. Mas se a comparação for com os dois primeiros meses de 2010, em que encerraram 19 restaurantes, então o crescimento de insolvências dispara para os 174%.
O líder do sector traça um cenário negro para o futuro, avançando ao CM que "a primeira bomba vai ser em Maio, quando as empresas tiverem de pagar o IVA do primeiro trimestre e não houver tesouraria para cumprir essa obrigação". "O ínicio do 2º semestre vai ser o príncipio do afundanço, com o Verão a não conseguir compensar as perdas de receitas e as zonas urbanas a não resistirem à diminuição da procura", sintetizou Mário Pereira Gonçalves.
Para os próximos anos, a AHRESP estima que encerrem 54 mil dos actuais 85 mil restaurantes, que sejam extintos 120 mil postos de trabalho e haja uma quebra de receitas de quase dois mil milhões de euros
Sarkozy ameaça retirar França do espaço Schengen de livre circulação
Philippe Wojazer, EPA/POOL MAXPPP OUT
A pouco mais de um mês das presidenciais francesas, Nicholas Sarkozy volta a apostar no tema da imigração ilegal para atrair o eleitorado mais à direita e colmatar a diferença de votos que o separa do seu principal adversário, o socialista François Hollande. Depois de ter declarado, há dias, que havia “demasiados estrangeiros em França” o ainda Presidente francês assegurou agora que, se for reeleito, poderá retirar a França do espaço europeu de livre circulação definido no tratado de Schengen. Isto se, no prazo de um ano, a Europa não fizer progressos suficientes para proteger as suas fronteiras da entrada de imigrantes ilegais.
O tema da imigração ilegal veio de novo à baixa num comício realizado domingo em Villepint, perto de Paris, em que o Presidente francês se dirigiu a milhares dos seus apoiantes.
Sarkozy disse que por todo o continente europeu, a imigração não controlada estava a colocar pressão sobre as redes de segurança social criadas para acudir aos mais desfavorecidos.
Enquanto a multidão entoava as palavras de ordem “vamos ganhar”, e agitava bandeiras francesas, o atual Chefe de Estado francês prosseguiu, dizendo que a reforma do tratado de livre circulação europeu “é urgente porque [em França] não podemos aceitar estar sujeitos às limitações das fronteiras externas da Europa”.
"A implosão da Europa"
Sarkozy afirmou que a reforma do tratado “é a única forma de evitar a implosão da Europa” e prometeu que “se eu achar que nos próximos 12 meses não houve progressos sérios neste sentido, a França irá suspender a sua participação nos acordos de Schengen até que as negociações estejam concluídas”.
Ainda no mesmo comício, Sarkozy também defendeu que os países que não protejam adequadamente as suas fronteiras devem ser penalizados com sanções, na mesma linha dos Estados que não cumprem as metas orçamentais definidas pela União Europeia
O tema da imigração ilegal, é uma das bandeiras habituais da extrema-direita francesa, e em especial da Frente Nacional, fundada por Jean-Marie Le Pen e atualmente presidida pela filha, Marine Le Pen, que é candidata do partido às presidenciais de 2012.
"Compre europeu"
No mesmo comício em que falou da imigração ilegal, Sarkozy defendeu também a introdução de uma lei que favoreça o consumo de produtos europeus no interior da União Europeia, à semelhança do que existe nos Estados Unidos com o "Buy American Act”.
Dirigiu também um forte ataque contra o seu concorrente socialista François Hollande, por este apelar à renegociação do plano de rigor fiscal, recentemente adotado pela maioria dos países europeus a instâncias da Alemanha.
Sarkozy faz também bandeira de campanha do seu papel na criação do fundo Mecanismo Europeu de Estabilização, destinado a evitar o contágio da crise da dívida no seio da Zona Euro.
Hollande tem vindo a defender que, se for eleito, renegociará o tratado de rigor, uma vez que demasiada austeridade não promove o crescimento da economia.
Os críticos do atual Presidente acusam o incumbente de estar a adotar posições publicas mais duras do que o habitual, para tentar captar os votos do eleitorado de direita, que de outra forma votaria na Frente Nacional.
Integração europeia ou desintegração?
O Chefe de campanha de François Hollande fez notar a contradição das posições de Sarkozy:
“Os líderes conservadores, que foram tão rápidos a unir-se em defesa do Presidente, vão sem dúvida apreciar esta ameaça de retirar unilateralmente a França do tratado de Schengen, ao mesmo tempo que, por outro lado, apela à assinatura do tratado de austeridade, em nome da coesão europeia”, disse Pierre Moscovici, numa aparente alusão ao apoio eleitoral que Sarkozy tem vindo a receber da chanceler alemã Angela Merkel, e de outros líderes conservadores europeus.
As mais recentes sondagens realizadas entre 5 e 7 de março dão 29% das intenções de voto a Hollande contra 26% a Sarkozy, na primeira volta, que se realiza a 22 de abril, sendo que numa segunda volta, a 6 de maio, a diferença se alarga ainda mais, com 56% dos eleitores a favorecerem Hollande e 44 por cento a optarem por Sarkozy.