quarta-feira, 9 de junho de 2010

HEROI PORTUGUES


Herói Português
Em vésperas do 10 de Junho, homenagear Oliveira e Carmo, um Herói Português, por Jaime Dias

Concluiu o curso secundário no Liceu Pedro Nunes em 1954, tendo ingressado na Escola do Exército em Outubro do mesmo ano para efectuar os estudos preparatórios ao ingresso na Escola Naval. Promovido aGuarda-marinha em 1 de Maio de 1958, embarcou em vários navios, Concluiu o curso secundário no Liceu Pedro Nunes em 1954, tendo ingressado na Escola do Exército em Outubro do mesmo ano para efectuar os estudos preparatórios ao ingresso na Escola Naval. Promovido a Guarda-marinha em 1 de Maio de 1958, embarcou em vários navios, tendo também prestado serviço na Superintendência dos Serviços da Armada e no Comando da Flotilha de Patrulhas. Foi promovido a Segundo-Tenente no último dia daquele ano.Serviu a bordo dos patrulhas “Boavista” e “Porto Santo” e na fragata “Pêro Escobar”, onde o seu elevado brio, o seu inquestionável sentido das responsabilidades e do dever e o seu exemplar aprumo militarforam alvo dos maiores elogios. Nomeado comandante da lancha de fiscalização “Vega”, a prestar serviço em Diu, para ali partiu no Verão de 1961.Naquele território, à semelhança dos restantes que faziam parte da Índia Portuguesa, pairava desde há muito a ameaça de anexação pela poderosa União Indiana. A temida invasão acabaria por se concretizar,de forma esmagadora, na madrugada de 18 de Dezembro de 1961. O combate extremamente desigual que se desenrolou constituiu o ponto culminante da curta carreira de Oliveira e Carmo, que no seu abnegadoheroísmo viria a escrever uma das mais gloriosas páginas da nossa História Naval.

O COMBATE Tendo saído de Diu em 17 de Dezembro, a “Vega” fundeou frente a Nagoá às 22H00 desse dia. Namadrugada do dia 18, por volta das 01H40, foram ouvidos tiros em terra pela praça de serviço. Alertado, o Comandante manda ocupar postos de combate e suspender*.Dirigiu-se então a lancha na direcção de um contacto radar não identificado que navegava a cerca de 12 milhas da costa. Por volta das 04H00, esse navio, visualmente identificado como um cruzador, lançougranadas iluminantes e abriu fogo de metralhadora pesada sobre a “Vega”, que retirou para Diu e fundeou.Ás 06H15 suspendeu e aproximou-se novamente do cruzador, onde foi vista, içada no mastro, a bandeira da União Indiana. A lancha regressou ao fundeadouro e Oliveira e Carmo fardou-se de branco para,segundo afirmou, morrer com mais honra. Às 07H00 foram avistados aviões a jacto efectuando bombardeamento sobre terra. O Comandante reuniu a guarnição e leu-lhes as ordens do Estado-Maior da Armada, segundo as quais a lancha deveria combater até ao último cartucho.Cerca das 07H30 aproximaram-se dois aviões para bombardear a Fortaleza e Oliveira e Carmo mandou abrir fogo sobre eles com a peça de 20 mm (um dos aparelhos acabaria por ser atingido e obrigado aaterrar). Estes, na turalmente, ripostaram. Agilmente manobrada pelo seu comandante, a “Vega” esquivou-se às primeiras rajadas.No entanto, um novo ataque, desta vez com fogo cruzado, matou o marinheiro artilheiro António Ferreira e cortou pelas coxas as pernas de Oliveira e Carmo que, ainda com vida, retirou do bolso e beijou asfotografias da mulher e do filho pequeno. Deflagrara entretanto um violento incêndio, que rapidamente se propagou à casa da máquina e à ponte. A peça foi abandonada, em virtude do seu reduto se ter tornado intransitável devido aos buracos causados pelos projécteis inimigos e pelo incêndio, que já grassava no convés. A guarnição tentou então arriar o bote para evacuar o Comandante, mas um novo ataque aéreo feriumortalmente Oliveira e Carmo, tendo também sido atingidos três marinheiros (um deles, marinheiro artilheiro Fernandes Jardino, com a perna esquerda cortada pela canela, viria a falecer no trânsito para terra).Com o bote inutilizado e a lancha completamente tomada pelas chamas, viram-se os sobreviventes obrigados a nadar em direcção a terra, agarrando-se os feridos a uma balsa. Sacudida pelas explosões dassuas próprias munições, a “Vega” acabaria por se afundar, arrastando consigo o corpo do seu heróico Comandante.Oliveira e Carmo foi, a título póstumo, condecorado com a Medalha de Valor Militar com Palma, agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada e promovido por distinção aoposto de Capitão-Tenente. Foi patrono do curso 1962/1967 da Escola Naval. *

Levantar o ferro CONDECORAÇÃO A TÍTULO PÓSTUMO O. D. A. Nº172 de 3-2-1962 Ordem Militar da Torre e EspadaConsiderando os excepcionais dotes de nobreza, de carácter e de bravura revelados pelo segundo-tenente Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo no comando da lancha de fiscalização Vega nas águas de Diu,no dia 18 de Dezembro de 1961; Considerando o exemplo que deu aos seus homens, mantendo a mais lúcida coragem, mesmo depois de ter as pernas cortadas por uma rajada inimiga, após uma acção brilhante nas proximidades do Castelo de Diu;Considerando que a sua conduta honra as tradições heróicas da nossa história e é um exemplo para quantos têm por missão sagrada a defesa da nossa pátria; Usando da faculdade que me confere o Decreto nº 16449, de 30 de Janeiro de 1929, nos termos do artigo nº 44 do Regulamento das Ordens Portuguesas e do artigo 1º do Decreto nº 21220, de 22 de Abril de 1932:Hei por bem conceder, a título póstumo, o grau de comendador da Ordem Militar da Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito, ao segundo-tenente Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo.PROMOÇÃO A TÍTULO PÓSTUMODecreto-Lei nº 44972, de 11 de Abril O/A. Nº 9, de 17-4-1963O segundo-tenente Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo, em 18 de Dezembro de 1961, nas águas do Estado da Índia Portuguesa, revelando acrisolado amor pátrio, alta consciência do dever e elevadasvirtudes militares, crificou gloriosa e heroicamente a sua vida em defesa da pátria. O Decreto-Lei nº 28210, de 23 de Novembro de 1937, apenas prevê que seja feita de grau em grau hierárquico a promoção por distinção dos oficiais da Armada; no entanto, a extraordinária e exemplar acção do segundo-tenente Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo contra o inimigo externo, premiada com a comenda da Ordem Militar da Torre e Espada e a medalha de ouro de valor militar com palma, situa-se entre os mais edificantes feitos de armas que a nossa história regista e justifica, por isso, que a Nação o reconheça de forma excepcional. Nestes termos: Usando da faculdade conferida pela 1ª parte do nº 2º do artigo 109º da Constituição, o Governo decreta e eu promulgo, para valer como lei, o seguinte:Artigo único.
É promovido, por distinção, a título póstumo, ao posto de capitão-tenente o segundotenente Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo.~

QUANDO O GOVERNO DE PORTUGAL HOMENAGEAVA OS SEUS HERÓIS E NÃO OS SEUS TRAIDORES
Jaime Dias

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