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As medidas apresentadas pelo governo em nome do emprego e dos compromissos com a Troika estão inundadas por mentiras. O discurso de Passos Coelho representa uma estratégia criminosa delineada pelos grandes grupos financeiros internos e externos para destruir o país e os portugueses.
Não se trata de um imposto.
Mentira, por muitas voltas que alguns lhe querem dar, trata-se não só de um imposto, como de um verdadeiro roubo aos trabalhadores para engordar as grandes empresas. Isto representa uma transferência de 2,3 mil milhões de euros anuais para os grandes grupos económicos. Além disso, o estado ainda arrecada a diferença entre o aumento de 7% pago pelos trabalhadores e os 5,75% da redução da TSU paga pelo patronato, ou seja 1,25%.
A baixa da TSU para as empresas irá promover o emprego.
Mentira, em teoria até poderia ser verdade se essa baixa não fosse paga pelos trabalhadores.
Assim sendo, a diminuição do poder de compra irá diminuir o consumo interno que sustenta as PME que representam mais de 90% das nossas empresas. O ganho de algumas dezenas de euros mensais para cada uma das PME não será suficiente para a contratação de nenhum trabalhador. Os principais beneficiados são as grandes empresas que virão os seus lucros aumentados, mas esse dinheiro será aplicado no estrangeiro. Além disso as grandes empresas de distribuição, Sonae e Jerónimo Martins, irão perder dinheiro por haver menor consumo.
O aumento da contribuição para segurança social equivale a um salário.
Mentira, a perda é sempre superior a um salário e pode até ser de dois.
No caso de quem ganha o salário mínimo, ou seja 485 euros ilíquido por mês, a antiga contribuição para a segurança social (11%) era de 53 euros por mês, agora (18%) será de 87 euros por mês, ou seja a remuneração líquida, após a contribuição, recebida pelo trabalhador passa de 432 para 398 euros, o que representa uma perda anual de 475 euros equivalente a 1,1 salários.
Para quem ganha 3470 euros ilíquido mensal, feitas as mesmas contas, a perda anual equivale a 1,5 salários.
Em nome da equidade os reformados vão também perder dois salários.
Mentira, aqui não existe qualquer equidade, os descontos para a reforma são obrigatórios, esse dinheiro não "pertence" ao Estado, destina-se a pagar as reformas mais tarde, trata-se uma legítima expectativa.
Os mais desfavorecidos vão beneficiar de um ajustamento no IRS.
Mentira, a redução do número de escalões irá aumentar os impostos por reenquadramento e deverá afectar os três primeiros escalões, que abrangem três milhões de contribuintes. Mas o maior impacto deverá sentir-se no segundo escalão que agrega a maior fatia de contribuintes: dois milhões. Esta mudança está construída para apanhar o maior número de pessoas nos escalões mais baixos que são os que dão mais dinheiro através deste imposto.
Os "ricos" também irão contribuir.
Mentira, além de não existir qualquer pormenor quanto a uma suposta taxa sobre carro de alta cilindrada e barcos, a taxa extraordinária de 5% sobre imóveis com valor superior a um milhão vai afectar 120 imóveis que pertencem ao estado, portanto esse valor será pago pelos contribuintes. Estas medidas a serem aplicadas não passam de uma manobra de diversão.
O Governo vai aumentar ainda este ano de 25 para 26,5% as taxas liberatórias, que incidem sobre dividendos, mais-valias mobiliárias e royalties, mas esse aumento de 1,5% representa apenas 25 milhões de euros.
O corte de um dos subsídios mantém-se para a função pública e reformados.
Aqui existe um flagrante desrespeito pelo que foi proferido pelo Tribunal Constitucional. A manter-se será a primeira vez. Num Estado de direito não se pode aceitar tal atitude, caso contrário, é o principio do fim desse mesmo Estado.