O desplante
dos nossos corruptos. A injustiça da nossa
justiça. Os saqueadores de
impostos, montam mega negócios no estrangeiro, com o dinheiro público que
desviam à vista de todos, e ainda viajam, para tratar dos seus negócios
privados, e mandam a conta para o zé povinho? Alguma vez se
questionou, porque é que, os que gerem os nossos impostos, oferecem ajuda aos
países de África e
não só, com dinheiro dos portugueses? Será porque Portugal é rico
e pode dar dinheiro a outros países? Será que os governantes, que ajudam
esses países com dinheiro público, receberão mais tarde ajudas, privadas, desses
mesmos países? Ou será que os nossos governantes são tão generosos que
não resistem a ajudar os pobres... estrangeiros, claro.
"Isaltino acaba de criar duas empresas em Maputo e foi
lá em visita oficial. Autarca tem como sócios nos seus
novos negócios um adjunto da Câmara de Oeiras, um grande construtor
civil que tem parcerias com o município, dois criadores de cavalos e três
moçambicanos. Isaltino Morais deixa a Câmara de Oeiras em Outubro, mas há
muito que está preparar o seu futuro. Em Setembro do ano
passado, criou, através de uma escritura pública outorgada em Maputo, uma
empresa dedicada ao turismo e à caça. No mês seguinte, igualmente num
notário da capital de Moçambique, constituiu uma outra empresa, esta virada para
a importação e exportação. Neste momento, encontra-se naquele país em
visita oficial, na qualidade de presidente da Câmara de Oeiras. Na comitiva,
viaja pelo menos um dos seus sócios, que é também seu adjunto no
município. (...)Na Magoco, com sede em Maputo, Isaltino tem como sócios
Rui Cóias (um português que viaja com passaporte diplomático da Guiné-Bissau
e que está ligado à criação de cavalos e ao sector imobiliário em Portugal),
Sérgio Ngoca (empresário moçambicano), José João Ramos Diniz (criador de
cavalos, empresário da construção civil com actividade em Oeiras e ex-candidato
à Assembleia Municipal de Oeiras nas listas de Isaltino), Abílio Diruai
(empresário moçambicano) e Emanuel Gonçalves. Este último é adjunto de
Isaltino na Câmara de Oeiras e membro da administração da Aitecoeiras, uma
agência de promoção do investimento criada pelo município que colaborou na
preparação da actual visita de Isaltino a Moçambique. Quanto à Messa
Energia, que está sedeada no mesmo local que a Magoco, a sua actividade
principal tem a ver com a comercialização de material eléctrico. Os seus sócios,
além de Isaltino, Sérgio Ngoca e Emanuel Gonçalves, são Natacha Morais e
Fernando Rodrigues Gouveia.
Fernando
Rodrigues Gouveia, é o patrão do grupo de construção civil MRG, líder das
parcerias público-privadas com os municípios portugueses e sócio da Câmara de
Oeiras em duas parcerias particularmente mal sucedidas. Ambas foram objecto,
em Dezembro, de um relatório do Tribunal de Contas onde se lê que a escolha da
MRG (detentora de 51% do capital das duas empresas criadas com o município)
"violou os princípios da transparência, da igualdade de tratamento, da
prossecução do interesse público, da boa-fé e da imparcialidade". O
tribunal diz mesmo que a MRG foi alvo de "tratamento privilegiado face aos
demais concorrentes". As parcerias estabelecidas por esta empresa com
Oeiras e outros municípios estão a ser investigadas pelo Ministério Público
desde há mais de um ano.(...)
Relvas
em Maputo para apoiar cooperação Miguel Relvas, que foi
secretário de Estado de Isaltino Morais, quando este era ministro das
Cidades em 2002, está em Moçambique desde quarta-feira para uma visita oficial
que hoje termina. Segundo a Lusa, Relvas manifestou ontem a disponibilidade
do Governo português para apoiar a formação de autarcas moçambicanos.
"Manifestei a nossa disponibilidade para ajudarmos no processo de formação de
autarcas e de funcionários autárquicos. Temos uma boa experiência nessa
área, temos um centro de estudos de formação autárquica, que já
apresentou uma candidatura em Moçambique", disse o ministro, depois de um
encontro com Adelaide Amorane, ministra moçambicana dos Assuntos Parlamentares.
fonte
Câmara de Oeiras aprova indemnização de 37 milhões de
euros a sócio de Isaltino!! Município vai pagar uma indemnização à MGR,
empresa liderada por Fernando Rodrigues Gouveia, um dos sócios de Isaltino
Morais numa empresa moçambicana A Câmara Municipal de Oeiras (CMO) vai pagar
37 milhões de euros de indemnização à construtora MRG que, em 2009,
liderou o consórcio que ganhou duas parcerias público-privadas (PPP) com a
autarquia. A MRG é liderada por Fernando Rodrigues Gouveia que também é sócio de
Isaltino Morais numa empresa em Moçambique constituída cinco dias depois do
executivo oeirense ter aprovado com o voto de Isaltino Morais o pagamento
da indemnização à MRG. (...) Segundo a acta da assembleia municipal a
que o i teve acesso, foi nesta data que a CMO aprovou por maioria - com três
votos contra - o pagamento de 37 milhões de euros como “compensação pelos custos
da construção” das quatro infra-estruturas contratualizadas. Esta foi a
segunda vez que este acordo subiu a reunião do executivo camarário, depois de
uma primeira tentativa em Dezembro de 2012 - quando foi retirada da ordem de
trabalhos pelo presidente da autarquia, por este ter entendido que a proposta
não reunia apoio suficiente.
Histórico
(Estranho, quando o queixoso se torna o réu e paga... ) Em Maio de
2012, o município interpôs duas acções contra a MGR. Em causa, segundo a acta da
reunião municipal, estava a falta de pagamento de um valor superior a 39 milhões
de euros, relativo aos direitos de superfície dos terrenos onde se concretizaram
as obras, e o incumprimento da garantia de financiamento das obras. Pouco
depois, contudo, a MGR contestou a acção e remeteu a culpa para o
município, alegando que este não tinha “a situação registral dos prédios
devidamente regularizada”, lê-se na acta. Algo que, aliado à “degradação da
situação financeira nacional e mundial que sobreveio entretanto”, levou à perda
da “oportunidade de concretizar o financiamento bancário que estava projectado e
autorizado”. fonte
PPP´s de Oeiras com mais de 20 irregularidades
detectadas pelo Tribunal de Contas. (O políticos fazem
asneira, para lesar o povo e o povo é que paga a multa? Infringem regras
para ocultar actos menos legítimos, e quem paga a multa é o roubado?) O
Tribunal de Contas (TC) detectou, numa auditoria a três parcerias
público-privadas (PPP) criadas pela Câmara de Oeiras, várias ilegalidades
susceptíveis de levar à aplicação de multas ao presidente da autarquia e aos
vereadores e deputados municipais que aprovaram as propostas. (...)A análise
do tribunal incidiu sobre as três parcerias não-remetidas para
fiscalização prévia do TC: uma relativa ao centro de congressos, feiras
e exposições e ao centro de formação profissional e apoio social; outra
referente a duas escolas e a dois centros geriátricos; e a última para o
edifício multifuncional municipal. Em Janeiro de 2007, o presidente da Câmara de
Oeiras previa que estas três obras necessitariam de um investimento total de 81
milhões de euros.
O relatório de auditoria, começa por concluir que a
adopção do regime de parceria público-privada "visou apenas obstar a que o
financiamento do investimento associado aos equipamentos a construir se
reflectisse na capacidade de endividamento do município". Esse
objectivo, de colocar essas obras fora da alçada do limite de endividamento,
foi, aliás, reconhecido pelo vice-presidente da autarquia, Paulo Vistas, nas
reuniões camarárias e da assembleia municipal em que o assunto foi discutido,
como se constata nas actas dessas reuniões. Na sua apreciação, o TC detectou
mais de 20 situações problemáticas nas três parcerias, incluindo ilegalidades
susceptíveis de gerar responsabilidade financeira sancionatória, isto é,
sujeitas a multas. Uma delas foi o facto de as PPP terem sido lançadas "sem
prévia avaliação da economia, eficiência e eficácia do recurso àqueles
instrumentos de cooperação, sustentada num programa alternativo". Foram
também várias as ilegalidades apontadas aos procedimentos concursais para a
selecção dos privados que participam com a Câmara de Oeiras na constituição das
sociedades comerciais responsáveis pela execução das PPP.
Neste
domínio, o TC verificou que houve falhas em aspectos como a publicitação do
objecto do concurso, o cumprimento do prazo legal para a apresentação de
propostas, a fundamentação da avaliação do mérito das propostas, a publicidade
dos esclarecimentos prestados, entre muitos outros. Os vereadores e deputados
municipais podem ser multados por terem aprovado que, após a adjudicação de uma
das parcerias, fossem introduzidas modificações à proposta vencedora do
concurso. (...) Outra ilegalidade verificou-se por essas sociedades terem
iniciado a construção dos equipamentos, em terrenos do domínio privado da
autarquia, "sem que fossem detentoras de quaisquer direitos que legitimassem a
execução das obras". Infracção financeira que mais uma vez pode ser
imputada a Isaltino Morais.
O TC constatou ainda que em duas das PPP não
foram transferidos para os parceiros privados "os riscos de disponibilização
dos equipamentos", o que desrespeita o estipulado nos termos de referência
divulgados nos concursos. Em divergência com o Regime Jurídico das Parcerias
Público-Privadas, houve também um caso em que o acordo que regula a relação
entre o accionista público e os privados não tinha "qualquer menção aos
encargos financeiros suportados pelas partes outorgantes". Outra
ilegalidade apontada no relatório de auditoria é o facto de a Câmara de Oeiras
ter, com as rendas que terá de suportar nos casos das escolas e dos centros
geriátricos, violado o limite ao endividamento líquido municipal estabelecido
pela Lei das Finanças Locais. A falta de fiscalização prévia dos contratos
de arrendamento desses equipamentos, do centro de congressos e do centro de
formação profissional também pode implicar uma multa para o presidente da Câmara
de Oeiras. fonte
Mas o povo tem um coração
gigante, que cresce à medida que encolhem as suas contas
bancárias. Há sempre um português disposto
a fazer tudo para ajudar um politico a comprar um Mercedes novo, nem que
tenha que tirar o pão da boca dos filhos. Dá gosto viver num país,
onde os próprios cidadãos entregam o país, os seus filhos e irmãos, nas mãos de
criminosos. No caso de Oeiras saiu um maçon do poder, entrará o Flores outro
maçon. O Povo gosta... E
a justiça apoia.
Oeiras perdoa
Isaltino. Testemunhos de cidadãos que defendem
Isaltino Retrato de um concelho rendido a um presidente
condenado. “O erro dele foi gostar de
mulheres”Otília teve pena, Zilda chorou e outros ainda quiseram arrombar a
prisão. Zilda avança desorientada
pela praça da igreja, passos maiores que as pernas. Faltam dez minutos para o
início do turno mas só um nome é capaz de travar o passo corrido da varredora da
Câmara de Oeiras. “Se pudesse, eu tirava ele de lá, ia lá com minhas mãos,
arrombava os portões e tirava-o.” Isaltino Morais foi detido há quase um mês
para cumprir uma pena de dois anos de prisão, e Zilda, nascida na ilha do Fogo,
em Cabo Verde, ainda está revoltada. “Era um grande doutor, e vai ser preso
assim como um cão, ali na praça? Não se faz assim, ao menos mandavam um postal a
avisá-lo.” Zilda chorou quando Isaltino foi preso. Não percebe porque o aviso
não chegou de mansinho, como um postal de Natal. Não percebe como o seu
presidente pode ser preso e “porquê. Se não assaltou banco nem matou pessoa?”.
Afinal, na cabeça dela, os homens bons não cometem crimes.
Um
criminoso não pára o carro para perguntar se está tudo bem como Isaltino fazia
enquanto ela varria os jardins; um criminoso não lhe dá 25 euros do pé para a
mão só porque ela – que se gaba de falar cinco línguas – desabafa num francês
macarrónico “Je ne peux pas manger, je n’ai pas d’argent”; um criminoso não move
mundos e fundos para o seu filho, doente mental, conseguir vaga num centro e uma
consulta num hospital. Nem constrói centros de dia, nem escolas, nem lares “para
os velhotes”. Digam o que disserem, nada fará Zilda mudar de ideias. “Desculpem,
meus senhores, mas eu tenho de defender o homem.”
Zilda não
foi a única a querer resgatar o presidente recluso. Isaltino foi detido à hora
de almoço na véspera do Dia da Liberdade e logo outras oeirenses começaram a
traçar um plano: recolher assinaturas para um abaixo-assinado. Andaram pelas
ruas do centro histórico, pelo mercado, de porta em porta. O objectivo era
juntar uma catrefada de gente, encher autocarros e ir em romaria para a porta da
prisão até que Isaltino fosse libertado. A ideia romântica, de um povo a lutar
pela liberdade do seu presidente, acabou por não ir avante. “Pelo que ouvi
dizer, o Vistas [o número dois que assumiu a presidência da autarquia por
Isaltino estar impedido de exercer funções] não terá dado grande apoio, e a
ideia morreu”, conta Otília, a peixeira mais tagarela do mercado de
Oeiras.
O que leva um povo a eleger sete vezes
consecutivas o mesmo presidente? O que explica que depois de ser dado como
suspeito de corrupção, em 2005, e já sem o apoio do PSD, tenha conseguido, de
novo, ser eleito? Que milagres fez por Oeiras para que após a condenação, em
2009, tenha conseguido ainda mais votos (41%)? E mesmo agora, atrás das grades,
continue a merecer em todos os cantos a pena e o pesar por já não poderem votar
nele? Que espécie de fenómeno é este a pairar naquela vila que transforma quatro
crimes provados (três de fraude fiscal e um de branqueamento de capitais) numa
insignificância na hora de eleger um líder?
José
Gonçalves, de 70 anos, tem uma explicação: “Cheguei a ir ter com ele para marcar
uma reunião e ele disse: não é preciso, às tantas horas esteja aqui.” Manuel
Pereira, oeirense há 32 anos, tem mais uma: “Era uma pessoa muito educada e
acessível. O resto, a gente só ouve falar.” E José Antunes ainda tem outra:
“Trabalhei 13 anos com ele e só tenho a dizer bem”, conta o pensionista,
enumerando os quatro “miminhos” que ganhou ao fim de dez anos de serviço – um
almoço, uma tarde livre, um diploma e uma medalha de bronze. “Bronze do
verdadeiro.” Os dois Josés são
ex-funcionários da autarquia e Manuel reformado do privado. Nenhum hesita: se
Isaltino voltasse a ser candidato (não pode), votavam nele outra vez. No banco
de jardim encostado à igreja onde se encontram todos os dias vão continuar a
interromper-se e a desfiar argumentos na esperança de serem compreendidos.
Manuel resume tudo: “A gente não pode dizer mal de quem nos fez
bem.”
A táctica Atender pobres e ricos sem hora marcada, dar
passeios, cabazes de Natal e cartões de descontos (em farmácias e lojas) aos
reformados, medalhas aos funcionários leais, bons dias e boas tardes a toda a
gente, magustos e almoçaradas umas quantas vezes por ano. Diz--se que Isaltino
conquistou os oeirenses pela simpatia, e também pelo estômago. Todos os anos no
dia de São Martinho o festejo repetiu-se: o presidente encomendava toneladas de
castanhas da sua terra, Mirandela, e contratava uns homens para as assarem no
largo da igreja. “A festa começava de manhã e só acabava quando já não havia uma
castanha para contar a história”, recordam. Isaltino, que gosta de patuscadas,
também não faltava ao magusto: chegava, sempre com o seu charuto, estendia a mão
ao povo e sentava-se ali, a descascar castanhas e a beber um copinho de água-pé.
“Sabia exactamente como ter as pessoas na mão”, confidencia um
oeirense.
De Carnaxide a São Julião da Barra, dos bairros
chiques aos pobres, o difícil é encontrar uma alma que diga mal do homem que
comandou Oeiras durante 23 anos. Ou então quem concorde que crime é crime e
merece sempre castigo. “Ele a mim não me roubou, ou se roubou a gente não sabe”,
justifica um dos Josés. Isaltino não só não lhes roubou nada, como é um símbolo
da riqueza e do progresso. Se a vida melhorou, o mérito não é só dos oeirenses,
mas também de Isaltino. Se há 20 anos viviam numa barraca e agora têm uma casa,
um bem-haja ao Isaltino. Se agora podem correr no passeio marítimo, fechar os
olhos e imaginar que estão no calçadão de Copacana, abençoado
Isaltino.
Há uma Oeiras antes de Isaltino e uma Oeiras
pós-Isaltino. A pré-Isaltino é o retrato de um concelho pobre, resumido a pouco
mais que o centro histórico – não importa se agora está deserto, se o comércio
está moribundo e se sobrevivem lojas do passado como a Gordinha Pimentinha. O
que importa é que o concelho cresceu. A era pré-Isaltino era a que tinha inveja
da vizinha Cascais, a que tinha urbanizações ilegais e barracas, a que vivia
entre o mar e Lisboa, mas fechada e triste, com sintomas de dormitório e de
subúrbio.
Na era pós-Isaltino, Oeiras tem um passeio marítimo
de 3500 metros, uma piscina oceânica, polidesportivos, centros comerciais,
parques tecnológicos, universidades e barracas nem vê-las. Recebe prémios como o
“município de excelência” e o de “melhor concelho para trabalhar”. Oeiras é o
segundo concelho mais rico do país e quem lá mora usa as estatísticas em defesa
do autarca. “Sintra e Cascais ainda têm de comer muita fruta”, brincam alguns
residentes. Têm tanto orgulho em Oeiras como num condenado.
A obra é
grande e os elogios chegam a atingir o limite do absurdo. “O Isaltino foi como o
Marquês de Pombal: um visionário”, remata, eloquente, a peixeira Otília,
enquanto arranja um choco com cara de coelho morto. Há 40 anos a vender no
mercado de Oeiras, Otília tem uma explicação para tudo. “O erro dele foi gostar
de mulheres. Se não se tivesse metido com a secretária e contado o que não
devia…” Há tentações que dão cabo da vida de um homem. Outros moradores, meio em
surdina, tratam de pôr a coscuvilhice em dia: recordam como, nos tempos em que
estava solteiro, os seus motoristas penavam com a sua apetência para o
“forrobodó”. “Ia para as discotecas e eles tinham de ficar lá à espera até às 3
ou 4 da manhã. Ganhavam bem, não se podiam queixar.”
“Não está
bem a ver como Oeiras era.” É por aqui que quase todos começam, como se
precisassem de justificar a devoção a um político que se transformou num alvo de
risota fora deste microcosmos. Otília vive na parte baixa da cidade, num
rés-do-chão. Quando as chuvas alagavam as ruas e as casas, Isaltino nunca
falhava. Fossem duas ou três da madrugada, aparecia, de galochas, para enfrentar
as cheias ao lado dos moradores. Até o quotidiano de uma peixeira se alterou
devido a um autarca generoso. “Guardávamos o peixe que não conseguíamos pôr na
banca aqui em baixo, numas geleiras amarelas, sem condições. Queixámo-nos e ele
ofereceu umas arcas frigoríficas.” Otília, cabelo cinza, braços cheios, seios a boiar
dentro da roupa como gelatina, óculos de ver na cabeça, faca a dançar de um lado
para o outro, passa uma eternidade a enumerar obra de Isaltino enquanto as
freguesas esperam. Das grandes vinhas que ele plantou à zona do Centro Comercial
das Palmeiras, que antes “só cheirava a vacas” e se transformou num bairro rico.
Tudo para chegar a uma conclusão: “Ele deixa pena a muita
gente.” Trafulha sim, patife não
Isaltino pode estar a cumprir uma pena mas, palavra de morador, está longe de
ser um patife. Pode até ser “um trafulha” – mas “o que o gajo fez a gente não
fazia?”, “pelo menos ele sabe onde ir buscá-lo”. Há até quem diga que “o pobre
homem” só “queria charutos” e “não roubou nada” – pouco importa se escondeu
dinheiro que tinha na Suíça para fugir aos impostos no segundo concelho que mais
impostos paga no país. O certo, insistem os moradores, é que é o único a cumprir
uma pena de prisão. “E o Avelino Ferreira Torres?” “E aquela, a do saco azul?”
“E o Valentim Loureiro?” Isaltino estava ali bem, a justiça é que se foi meter
onde não devia. “Tinham de se vir meter logo com o segundo maior concelho do
país”, refila o proprietário de uma loja que prefere não ser identificado porque
é fornecedor da câmara e “não se sabe quem lá vem”. Do candidato do PS às
próximas autárquicas, Marcos Sá, ninguém fala. Moita Flores “é um tipo simpático
lá da televisão mas não é da terra”. Vistas era o homem de Isaltino, mas há quem
esteja descontente por andar “com o rei na barriga” desde que ficou com o
comando. “Ainda tem de comer muito feijão com arroz para chegar aos calcanhares
do Tino”, protesta Otília.
Carla
Teixeira, 32 anos, atravessa um Parque dos Poetas vazio e apressa-se a dizer que
não percebe nada de política. Mas o que é que isso interessa? “Sou fã do
Isaltino.” E fã que é fã tem sempre um sentimento meio irracional. “Quero lá
saber que seja ladrão. Os meus pais foram funcionários da câmara e nunca lhes
faltou ordenado ao fim do mês. Nasci aqui e tenho tudo à porta de casa.
Abençoado Isaltino.” Se os moradores tiverem menos de 15 anos, talvez o mais
certo seja não saberem por que razão foi preso o ex-presidente. “Na escola não
se fala nisso. Ouvi na televisão que ele era corrupto… É verdade?”, pergunta
António, 14 anos. Dezenas de manchetes de jornais, aberturas de telejornais, 46
recursos, e ainda há quem não conheça o cadastro do autarca. Paulo Renato passa
os dias a arrumar carros em Santo Amaro de Oeiras, com um chapéu cabeleira de
lã: “Só ouvi de surpresa que ele tinha sido preso, não soube bem o que se
passou, mas não deve ter sido nada de grave.”
Ernesto
Monteiro, 79 anos e boné de Portugal na cabeça, está há 12 em Oeiras, no Bairro
do Pombal, junto ao cemitério. Tudo graças ao “pai Isaltino”. “Dizem que desviou
dinheiro. Tenho pena, por mim ele continuava lá, que trabalhava bem.” O seu
passado pertence à era pré-Isaltino. Durante 27 anos viveu numa barraca em
Algés. Faz parte do grupo que ganhou uma casa porque o autarca conseguiu
erradicar todas as barracas do concelho até 2003. Por alguma razão, bairros como
o do Pombal ou das Lajes são lugares temidos fora de horas por forasteiros, mas
Isaltino era recebido como se estivesse em casa. Quando o presidente chegava era
sempre uma festa: punha-se a música aos berros e dançava-se kizomba, hip hop e
funaná. “Aqui no bairro toda a gente gosta dele”, conta Filomeno, que na paragem
de autocarro espera a camioneta para Leceia, onde noutros bairros sociais
Isaltino também era tratado como rei.
Será
preciso chegar às Palmeiras e à Quinta do Marquês, zonas de vivendas e moradias
mais próximas do mar, para que a justiça fale primeiro que a obra. Na esplanada
de um café do shopping, quatro amigos juntam-se naquilo a que na brincadeira
chamam “uma tertúlia pseudo-política, misturada com conversé”. “Um homem de
visão”, “o melhor autarca do país”, “insubstituível”. Mas não é por reconhecerem
a obra que votaram ou votariam nele. “É popular, simpático e competente. Aqui as
pessoas não se indignam muito. Mas se cometeu fraudes que a justiça já provou
tem mais é de pagar por elas.”
No centro
histórico, José Arlindo é dono de uma loja que repara electrodomésticos mas já
não está aberta ao público. É uma excepção num concelho que faz vénias ao seu
ex-presidente. É da oposição? Não, mas podia, confiando no que os adeptos de
Isaltino disseram: “Se quer encontrar quem diga mal dele vai ter de ir ali para
os lados da câmara.” Que fez boa obra, lá isso fez, reconhece Arlindo. “E a má,
ninguém fala daquele Satu?” O transporte futurista que anda sobre carris e sem
maquinista lá permanece, vazio, abandonado, no meio de um concelho que fervilha.
Não é estar contra por ser do contra, explicará o comerciante. “Ele pode ter
tido sarilhos, o dinheiro não é meu, mas de onde é que ele veio? Como é que
ninguém se indigna com isto?”
fonte
Mas o povo
gosta
Mota Engil, o caso de um ex-ministro
que conquistou o mundo... -- Mota-engil com investimentos de mil
milhões no
peru -- Mota-Engil tem as suas primeiras obras no Brasil
e na Colômbia -- Mota-Engil ganha obras de 500 milhões de euros em África --
Portuguesa Mota-Engil investe em fábrica de pregos em
Angola -- Mota-Engil ganha obra de 158 milhões na
Polónia -- Carteira da Mota-Engil na Polónia
vale 600 milhões -- Mota-Engil cria empresa em Angola em parceria com a
Sonangol -- Mota-Engil inicia obra rodoviária em Moçambique no valor de
108 Milhões de Euros fonte --
Mota-Engil e Visabeira ganham obra de 30 milhões em
Moçambique -- Mota-Engil compra 50% da Construtora Brasil
-- Mota-Engil em destaque no primeiro dia da visita de Paulo Portas ao
México A empresa já concluiu obras orçadas em 650 milhões de euros, e possui
uma carteira de encomendas de pelo menos mais 267 milhões de euros, como
confirmou o responsável da empresa. “O México tem muita coisa para fazer não
apenas em termos sociais mas também em infra-estruturação, tem as ligações mas
falta tudo em termos de caminhos-de-ferro (…), por isso pensamos que é um
mercado a quem temos de dar prioridade, dentro da prioridade que para nós é hoje
a América Latina, que engloba o México, o Peru, a Colômbia e o Brasil nesta
primeira fase”, referiu o presidente da Mota-Engil. Actualmente, a Mota-Engil
é a maior empresa portuguesa a investir no México no sector da construção e está
e suscitar um interesse crescente em outras áreas de actividade. No total,
possui 1.300 trabalhadores no estrangeiro. fonte
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