Posted:
31 Oct 2013 09:13 AM PDT
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Thierry Meyssan analisa as
contradições e as incoerências dos serviços secretos estadunidenses, britânicos
e franceses a propósito do suposto massacre químico de
Ghouta.
Thierry Meyssan: Os
serviços secretos ocidentais estão seguros, a 100%, de coisas que não são
lógicas:
- Eles pensam que os
gases de combate podem descriminar entre homens e mulheres.
- Eles observaram a
preparação de gases de combate, mas não interviram para impedir o seu uso. Pelo
contrário, propuseram punir aqueles que os usaram.
- Eles explicam que as
crianças foram mortas no dia 21 de Agosto, enquanto os vídeos são anteriores e
as crianças provêm de famílias que apoiam o Estado sírio e o governo de Bashar
al-Assad.
- Eles dizem dispor de
intercepções telefónicas. Mas, não são eles que fazem essas intercepções
telefónicas.
- E, finalmente, o caso
da "linha vermelha". Visto que, de acordo com o chefe do Comité Conjunto dos
Serviços Secretos britânico, Jon Day, a Síria teria usado, anteriormente, 14
vezes gases de combate. Mas, sem isto ter sido claramente documentado. Porquê 14
vezes antes? Porque, 14 vezes é o número de uso, pelos EUA, de armas químicas no
Iraque, em 2003-2004. E, evidentemente, esta seria simplesmente a 15ª vez que
permitiria atravessar a famosa "linha vermelha" que necessita de uma resposta da
parte das grandes potências.
O massacre de
Ghouta
As contradições dos serviços
secretos ocidentais
TM: O governo dos EUA e
também a França asseguram que o exército árabe sírio - o exército legítimo do
Estado sírio - procedeu a um massacre químico nos arredores de Damasco, na
cintura agrícola - a Ghouta - que rodeia Damasco, no anterior dia 21 de
Agosto. Então,
vou-vos mostrar que tal afirmação é completamente fabricada e que em nada
corresponde à realidade. Para isso, vou-me basear em documentos publicados,
muito oficialmente, pelos governos dos EUA, Reino Unido e
França.
1 - O número de vítimas varia
na proporção de 1 para 5
TM: Na nota de informação
que foi publicada pelos EUA, podemos ler que tal ataque causou a morte de, pelo
menos, 1429 pessoas. Mas, quando vemos o documento
francês equivalente, já se trata de apenas 281 mortos, que foram contados,
observando vídeos na Internet. Esses mesmos documentos precisam que uma
"Organização Não Governamental" (é preciso usar o termo entre aspas), os Médicos
Sem Fronteiras, contou, pelo governo francês, 355 mortos em hospitais na região
de Damasco. Portanto, a diferença de
avaliação do problema varia, de um a cinco, consoante a fonte. Depois, uns e outros fazem
referências aos vídeos, para atestar a veracidade dos factos. E, estes mesmos vídeos, não
estão de acordo quanto ao número. De acordo com os documentos dos EUA, há uma
centena. Enquanto que, de acordo com o governo francês, há apenas
47.
2 - Paris e Washington
validaram os vídeos anteriores a 21 de Agosto
TM: Quando vemos estes
vídeos, podemos constatar que alguns são anteriores ao massacre. Com efeito, se vocês os virem no
YouTube, verão que eles foram publicados no dia 20 de Agosto. Poderia ser o dia
anterior - mas não necessariamente - dada a diferença horária de 9:00 horas
entre a Síria e a Califórnia, onde se encontram os servidores do YouTube.
Contudo, podem constatar que, nas cenas exteriores, o Sol está no seu
zénite. Pelo
que, é cerca de meio-dia. E isto não pode ter sido publicado no dia 21 de
Agosto. Teve, necessariamente, de ser registado antes desta
data. É,
portanto, em provas sem valor que se fundamentam os serviços secretos dos EUA e
da França.
3 - Um gás que poupa as
mulheres
TM: Nesses documentos,
dizem-nos que a maior parte das vítimas são crianças. Efectivamente, se virmos estes
vídeos, podemos ver que muitas das crianças estão a agonizar. São todas crianças
da mesma idade. Há também adultos, mas os adultos são todos homens, geralmente,
de idade de combate. Não há mulheres. Com duas
excepções, não há mulheres entre as vítimas anunciadas. Das 1429 vítimas
contadas pelos Estados Unidos, não haverá mais de duas mulheres. Esta seria a primeira vez em que
gases descriminam as pessoas de acordo com o seu sexo.
4 - As vítimas são
prisioneiros dos jihadistas
TM: Quando estas imagens
são difundidas, a primeira coisa que sobressai é que estas crianças não estão
acompanhadas. Isto é muito chocante, de acordo
com a cultura do Médio Oriente, porque, jamais se deixam os corpos dos mortos
sem estarem acompanhados, especialmente, quando se tratam de
crianças. Portanto, estas crianças estão
sem os pais. E
vemo-las nas mãos de pessoas, que são apresentadas como auxiliares de acção
médica a tentar salvá-las. Mas, não compreendemos bem o que esses auxiliares de
acção médica estão a fazer. De facto, há uma razão muito
simples... Que é que, estas crianças não são vítimas de ataques
químicos. São
crianças que foram raptadas há duas semanas, no princípio de Agosto, na região
de Latakia, a 200 km de Ghouta. Foram raptadas durante um ataque
dos jihadistas contra aldeias alauítas fiéis ao governo. A maior parte das
famílias foi massacrada. Alguns sobreviveram. Nos sepulcros em redor de Latakia,
houve mais de um milhar de mortos. E estas crianças, das quais
estivemos sem notícias, durante duas semanas, reaparecem nestes
vídeos. Aquelas
que têm familiares ainda vivos foram reconhecidas por eles e essas famílias
apresentaram queixa por assassinato porque, se não perceberam, nos vídeos, o
cuidado que lhes está a ser prestado é, simplesmente, que elas não sejam
ajudadas. Estão-lhes a dar injecções
intravenosas de venenos, para as assassinar em frente às
câmaras.
5 - Os serviços secretos
teriam um meio secreto de analisar amostras humanas
TM: Os estadunidenses,
britânicos e franceses dizem que as vítimas foram gaseadas com gás sarin, com
uma mistura de gases que inclui gás sarin. E, para isso, baseiam-se em análises
feitas pelos seus próprios laboratórios a partir das suas próprias amostras,
colhidas no sítio. O que é totalmente impossível,
porque a ONU também foi a esse local, colheu amostras e precisa de mais doze
dias suplementares para poder cultivar os tecidos humanos, que foram colhidos, e
ser capaz de os analisar. Portanto, dizem-nos que os EUA,
França e Reino Unido têm métodos secretos de investigação, totalmente
desconhecidos do mundo científico, que permitem, instantaneamente, cultivar
tecidos humanos e saber o que daí advém.
6 - Os Estados Unidos terão
observado a preparação do crime, durante quatro dias, sem terem
interferido
TM: Ainda mais estranho,
na nota de James Clapper, Director dos Serviços de Informações estadunidenses,
aprendemos que, como prova final, os EUA terão observado, durante os quatro dias
anteriores, o exército sírio a misturar os componentes de gás sarin e a preparar
o veneno mortal para uso imediato. Mas, o que não compreendemos é
que, se viram isso durante quatro dias porque não disseram nada e porque não
interviram?
7 - Uma intercepção
telefónica fornecida por Israel
TM: Da mesma maneira, os
EUA, Reino Unido e França afirmam, cada um, ter interceptado conversas
telefónicas entre um alto funcionário do Ministério da Defesa sírio e o chefe
das unidades que lidam com gases de combate, em que o Ministério sírio terá
entrado em pânico devido ao uso desses gases. Isto, seriam mais provas da
responsabilidade síria. Mas, estas provas não foram
colhidas por tais serviços secretos. Foram-lhes fornecidas pela Unidade 8200 da
Mossad israelita, tal como anunciou, perante tais serviços secretos, a televisão
israelita...
Televisão israelita:
"As forças armadas israelitas afirmam ter interceptado comunicações do
governo sírio que demonstram que o regime de Bashar al-Assad é responsável pelo
recente ataque químico que causou centenas de mortos, entre civis, num país
devastado pela guerra."
8 - Ausência de sintomas
causados por gás sarin
TM: Nos vídeos, as
vítimas têm tremores e babam-se. Isso é muito característico, normalmente, das
intoxicações com gases de combate. Excepto que, o gás sarin não
causa uma baba branca, mas uma baba amarela. E não é isso que vemos nesses
vídeos. Por isso, não pode ter sido gás sarin que foi usado para intoxicar as
pessoas que morreram.
Os dirigentes dos Estados
Unidos, Reino Unido e França são passíveis de ter de enfrentar o Tribunal Penal
Internacional
TM: Em conclusão... Este
caso é totalmente fabricado. Emerge da propaganda de guerra. E a propaganda de
guerra é, de acordo com o Direito Internacional, um crime muito grave, porque é
um crime contra a Paz, o qual permite a perpetração de outros crimes, incluindo
crimes contra a Humanidade.
Texto traduzido do francês por
Fernando Negro do vídeo publicado pela Rede Voltaire
O vídeo pode ser visto no blogue
de Fernando Negro:
http://blackfernando.blogspot.pt/2013/10/a-mentira-com-que-nos-tentaram.html
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