Quase metade das farmácias tinha, em Setembro, o fornecimento de
medicamentos suspenso, uma “situação dramática” que piora todos os dias,
segundo a associação do sector, avança a agência Lusa.
Esta quarta-feira, na comissão parlamentar de Saúde, os dados
apresentados pelo vice-presidente da Associação Nacional das Farmácias
(ANF), Paulo Duarte, mostraram que, em Setembro, eram 1.280 as farmácias
com fornecimentos suspensos, mais 149 estabelecimentos do que em Junho.
“É uma situação dramática que, em três meses, se agravou ainda mais do
que em todo o ano de 2011”, afirmou Paulo Duarte aos deputados.
Os dados da ANF revelam ainda que há 1.995 farmácias que têm mais de 96
milhões de euros de pagamentos em atraso, em fase pré-litigiosa.
O número de estabelecimentos com acordos de regularização de dívidas
subiu de 614, em Junho, para 635, em Setembro, enquanto os processos
judiciais para regularizar dívidas são já 469.
A alteração na política do medicamento, sobretudo a forte redução do
preço dos genéricos, é apontada como o principal motivo da crise no
sector.
“A situação agudiza-se de dia para dia, com risco iminente de ruptura
no acesso aos medicamentos por parte dos cidadãos”, sublinhou Paulo
Duarte, avisando que a despesa de medicamentos em ambulatório já caiu em
2012 mais do que o previsto pelo Governo, e do que o definido no
memorando da troika.
Pelo contrário, a despesa com os medicamentos consumidos em meio
hospitalar foi acima do previsto, um desequilíbrio que a ANF pede que
“seja analisado com o máximo de atenção e cuidado”.