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Sei também que não gosto mesmo nada de Mário Soares e do filho João
Soares, os quais se têm vindo a comportar politicamente como uma espécie
de versão portuguesa da antiga dupla haitiana «Papa Doc» e «Baby
Doc».Vejamos então por que é que eu não gosto dele(s).
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A primeira ideia que se agiganta sobre Mário Soares é que é um
homem que não tem princípios mas sim fins. É-lhe atribuída a célebre
frase: “Em política, feio, feio, é perder”.
São conhecidos também os seus zigue-zagues políticos desde antes do 25 de Abril.
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Tentou
negociar com Marcelo Caetano uma legalização do seu (e de seus amigos)
agrupamento político, num gesto que mais não significava do que uma
imensa traição a toda a oposição, mormente àquela que mais se empenhava
na luta contra o fascismo.
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JÁ DEPOIS DO 25 DE ABRIL, ASSUMIU-SE COMO O HOMEM DOS AMERICANOS E DA CIA EM PORTUGAL E NA PRÓPRIA INTERNACIONAL SOCIALISTA.
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Dos
mesmos americanos que acabavam de conceber, financiar e executar o
golpe contra Salvador Allende no Chile e que colocara no poder Augusto
Pinochet.
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Mário
Soares combateu o comunismo e os comunistas portugueses como nenhuma
outra pessoa o fizera durante a revolução e FOI AMIGO DE NICOLAU
CEAUCESCU, FIGURA QUE CHEGOU A APRESENTAR COMO MODELO A SER SEGUIDO
PELOS COMUNISTAS PORTUGUESES.
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Durante
a revolução portuguesa andou a gritar nas ruas do país a palavra de
ordem «Partido Socialista, Partido Marxista», mas mal se apanhou no
poder meteu o socialismo na gaveta e nunca mais o tirou de lá.
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Os seus governos notabilizaram-se por três coisas: políticas
abertamente de direita, a facilidade com que certos empresários ganhavam
dinheiro e essa inovação da austeridade soarista (versão bloco central)
que foram os salários em atraso.
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INSULTO A UM JUIZ.
Em
Coimbra, onde veio uma vez como primeiro-ministro, foi confrontado com
uma manifestação de trabalhadores com salários em atraso. Soares não
gostou do que ouviu (chamaram-lhe o que Soares tem chamado aos
governantes angolanos) e alguns trabalhadores foram presos por polícias
zelosos.
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Mas,
como não apresentou queixa (o tipo de crime em causa exigia a
apresentação de queixa), o juiz não teve outro remédio senão libertar os
detidos no próprio dia.
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Soares
não gostou e insultou publicamente esse magistrado, o qual ainda
apresentou queixa ao Conselho Superior da Magistratura contra Mário
Soares, mas sua excelência não foi incomodado.
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Na
sequência, foi modificado o Código Penal, o que constituiu a primeira
alteração de que foi alvo por exigência dos interesses pessoais de
figuras políticas. Soares é arrogante, pesporrento e malcriado.
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É conhecidíssima a frase que dirigiu, perante as câmaras de TV, a um
agente da GNR em serviço que cumpria a missão de lhe fazer escolta
enquanto presidente da República durante a Presidência aberta em Lisboa:
«Ó Sr. Guarda! Desapareça!».
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Nunca, em Portugal, um agente da autoridade terá sido tão humilhado
publicamente por um responsável político, como aquele pobre soldado da
GNR.
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Em
minha opinião, Mário Soares nunca foi um verdadeiro democrata. Ou
melhor é muito democrata se for ele a mandar. Quando não, acaba-se
imediatamente a democracia.
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À
sua volta não tem amigos, e ele sabe-o; tem pessoas que não pensam pela
própria cabeça e que apenas fazem o que ele manda e quando ele manda.
Só é amigo de quem lhe obedece. Quem ousar ter ideias próprias é
triturado sem quaisquer contemplações.
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Algumas das suas mais sólidas e antigas amizades ficaram pelo caminho
quando ousaram pôr em causa os seus interesses ou ambições pessoais. Soares
é um homem de ódios pessoais sem limites, os quais sempre colocou acima
dos interesses políticos do partido e do próprio país.
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Em 1980,
não hesitou em APOIAR OBJECTIVAMENTE O GENERAL SOARES CARNEIRO CONTRA
EANES, NÃO POR RAZÕES POLÍTICAS MAS DEVIDO AO ÓDIO PESSOAL QUE NUTRIA
PELO GENERAL RAMALHO EANES.
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E como o PS não alinhou nessa aventura
que iria entregar a presidência da República a um general do antigo
regime, Soares, em vez de acatar a decisão maioritária do seu partido,
optou por demitir-se e passou a intrigar, a conspirar e a manipular as
consciências dos militantes socialistas e de toda a sorte de
oportunistas, não hesitando mesmo em espezinhar amigos de sempre como
Francisco Salgado Zenha.
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Confesso que não sei por que é que o séquito de prosélitos do
soarismo (onde, lamentavelmente, parece ter-se incluído agora o actual
presidente da República – Cavaco Silva), apareceram agora tão indignados
com as declarações de governantes angolanos e estiveram tão calados
quando da publicação do livro de Rui Mateus sobre Mário Soares.
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NA ALTURA TODOS METERAM A CABEÇA NA AREIA, INCLUINDO O PRÓPRIO CLÃ
DOS SOARES, E NEM TUGIRAM NEM MUGIRAM, APESAR DE AS ACUSAÇÕES SEREM
ENTÃO BEM MAIS GRAVES DO QUE AS DE AGORA. POR QUE É QUE JORGE SAMPAIO SE CALOU CONTRA AS «CALÚNIAS» DE RUI MATEUS?».
«DINHEIRO DE MACAU»
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Anos
mais tarde, um senhor que fora ministro de um governo chefiado por
MÁRIO SOARES, ROSADO CORREIA, vinha de Macau para Portugal com uma mala
com dezenas de milhares de contos.
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A
proveniência do dinheiro era tão pouco limpa que um membro do governo
de Macau, ANTÓNIO VITORINO, foi a correr ao aeroporto tirar-lhe a mala à
última hora.
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Parece
que se tratava de dinheiro que tinha sido obtido de empresários
chineses com a promessa de benefícios indevidos por parte do governo de
Macau. Para quem era esse dinheiro foi coisa que nunca ficou devidamente esclarecida. O
caso EMAUDIO (e o célebre fax de Macau) é um episódio que envolve
destacadíssimos soaristas, amigos íntimos de Mário Soares e altos
dirigentes do PS da época soarista.
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MENANO
DO AMARAL chegou a ser responsável pelas finanças do PS e
Rui Mateus
foi durante anos responsável pelas relações internacionais do partido,
ouseja, pela angariação de fundos no estrangeiro. Não haveria
seguramente no PS ninguém em quem Soares depositasse mais confiança.
Ainda
hoje subsistem muitas dúvidas (e não só as lançadas pelo livro de Rui
Mateus) sobre o verdadeiro destino dos financiamentos vindos de Macau.
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No
entanto, em tribunal, os pretensos corruptores foram processualmente
separados dos alegados corrompidos, com esta peculiaridade (que não é
inédita) judicial: os pretensoscorruptores foram condenados, enquanto os
alegados corrompidos foram absolvidos.
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Aliás,
no que respeita a Macau só um país sem dignidade e um povo sem brio nem
vergonha é que toleravam o que se passou nos últimos anos (enos últimos
dias) de administração portuguesa daquele território, comos chineses
pura e simplesmente a chamar ladrões aos portugueses.
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E isso não foi só dirigido a alguns colaboradores de cartazes do
MASP que a dada altura enxamearam aquele território.Esse epíteto chegou a
ser dirigido aos mais altos representantes do Estado Português.
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Tudo
por causa das fundações criadas para tirar dinheiro de Macau. Mas isso é
outra história cujos verdadeiros contornos hão-de ser um dia
conhecidos. Não foi só em Portugal que Mário Soares conviveu com pessoas
pouco recomendáveis.
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Veja-se o caso de BETINO CRAXI, o líder do PS italiano, condenado a
vários anos de prisão pelas autoridades judiciais do seu país, devido a
graves crimes como corrupção. Soares fez questão de lhe manifestar publicamente solidariedade quando ele se refugiou na Tunísia.
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Veja-se também a amizade com Filipe González, líder do Partido
Socialista de Espanha que não encontrou melhor maneira para resolver
oproblema político do país Basco senão recorrer ao terrorismo,
contratando os piores mercenários do lumpen e da extrema direita da
Europa para assassinar militantes e simpatizantes da ETA. Mário Soares
utilizou o cargo de presidente da República para passear pelo
estrangeiro como nunca ninguém fizera em Portugal.
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Ele,
que tanta austeridade impôs aos trabalhadores portugueses enquanto
primeiro-ministro, gastou, como Presidente da República, milhões de
contos dos contribuintes portugueses em passeatas pelo mundo, com
verdadeiros exércitos de amigos e prosélitos do soarismo, com destaque
para jornalistas. São muitos desses «viajantes» que hoje se põem em
bicos de pés a indignar-se pelas declarações dos governantes angolanos.
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Enquanto Presidente da República, Soares abusou como ninguém das distinções honoríficas do Estado Português. Não
há praticamente nenhum amigo que não tenha recebido uma condecoração,
enquanto outros cidadãos, que tanto mereceram, não obtiveram qualquer
distinção durante o seu «reinado».
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Um
dos maiores vultos da resistência antifascista no meio universitário, e
um dos mais notáveis académicos portugueses, perseguido pelo antigo
regime, o Prof. Doutor Orlando de Carvalho, não foi merecedor, segundo
Mário Soares, da Ordem da Liberdade.
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Mas alguns que até colaboraram com o antigo regime receberam as mais altas distinções. Orlando
de Carvalho só veio a receber a Ordem da Liberdade depois de Soares
deixar a Presidência da República, ou seja logo que Sampaio tomou posse. A
razão foi só uma: Orlando de Carvalho nunca prestou vassalagem a Soares
e Jorge Sampaio não fazia depender disso a atribuição de condecorações.
.FUNDAÇÃO
COM DINHEIROS PÚBLICOS.
A pretexto de uns papéis pessoais cujo valor
histórico ou cultural nunca ninguém sindicou, Soares decidiu fazer uma
Fundação com o seu nome. Nada de mal se o fizesse com dinheiro seu, como
seria normal. Mas não; acabou por fazê-la com dinheiros públicos.
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SÓ O GOVERNO, DE UMA SÓ VEZ DEU-LHE 500 MIL CONTOS E A CÂMARA DE LISBOA,
PRESIDIDA PELO SEU FILHO, DEU-LHE UM PRÉDIO NO VALOR DE CENTENAS DE
MILHARES DE CONTOS.
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Nos
Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha ou em qualquer país em que
as regras democráticas fossem minimamente respeitadas muita gente
estaria, por isso, a contas com a justiça, incluindo os próprios Mário e
João Soares e as respectivas carreiras políticas teriam aí terminado.
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Tais práticas são absolutamente inadmissíveis num país que respeitasse o dinheiro extorquido aos contribuintes pelo fisco. Se
os seus documentos pessoais tinham valor histórico Mário Soares deveria
entregá-los a uma instituição pública, como a Torre do Tombo ou o
Centro de Documentação 25 de Abril, por exemplo.
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Mas
para isso era preciso que Soares fosse uma pessoa com humildade
democráticae verdadeiro amor pela cultura. Mas não. Não eram
preocupações culturais que motivaram Soares. O que ele pretendia era
outra coisa.
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Porque as suas ambições não têm limites ele precisava de um instrumento
de pressão sobre as instituições democráticas e dos órgãos de poder e de
intromissão directa na vida política do país. A Fundação Mário Soares
está a transformar-se num verdadeiro cancro da democracia portuguesa.»