“Mouros
em terra, Moradores às armas!”
Brado que se ouvia
nas terras portuguesas desde o tempo do Rei D. Afonso II.O país está
esquizofrénico. A esquizofrenia - cabe aqui lembrar - é uma doença mental que
afecta o ser no seu todo. Infere-se, pois, que o País está doente (e vai a
caminho de ficar ligado à máquina).Esta
coisa de se comemorar o “Dia de Portugal” nunca teve grande brilho, nem foi
devidamente organizada e sentida, apesar de já se terem ensaiado vários
figurinos.Foi sempre algo sem uma tradição bem fundada.
.
A razão
maior - estamos em crer- tem a ver com o facto de não se haver determinado o
dia em que devemos comemorar a nacionalidade, pois não há uma data fundacional
definitiva.Poderia ser o dia 24/6/1128, data em que o Condado se autonomizou
“de facto”; o dia 25/7/1139, data em que
Afonso Henriques foi alçado a Rei, na Batalha de Ourique; o dia 5/10/1143, data
do Tratado de Zamora, que nos garantiu a independência da suserania regional,
ou o dia 23/5/1179, data da Bula “Manifestis Probatum”, do Papa Alexandre III –
a autoridade de Direito Internacional, da época – que reconhece a independência
do reino de Portugal e o título de Rei a A. Henriques.
.
Noutra perspectiva
pode-se considerar a data de 1 de Dezembro de 1640, em que se restaurou a
completa independência da Nação e se aclamou um novo Rei, natural do reino,
fundador de uma nova dinastia nacional.A ideia do dia 10 de Junho é de
inspiração republicana e tomou forma aquando das comemorações do terceiro
centenário da morte dessa grande figura lírica chamada Luís de Camões, que
exaltou de uma maneira única e superior, a gesta histórica portuguesa.Como se
desconhece quando o poeta nasceu fixou-se a data do seu passamento.
.
Não é que
Camões não mereça a distinção – sendo de lamentar que, raramente, se refira a
sua condição de soldado e combatente pela Fé e expansão portuguesa – mas as
razões em que se fundou a homenagem, de luta política entre monárquicos e
republicanos, não parece ter sido a mais feliz…Mas, enfim, medrou o 10 de Junho
como dia em que os portugueses passaram a comemorar serem portugueses!
.
E esta constitui, já, a segunda reflexão: como poderemos comemorar ser
portugueses se, desde o Tratado de Maastricht, passámos a tentar deixar de o
ser, para sermos uma coisa qualquer indefinida, que tem a ver com o ser
“europeu” e desde há dois anos a esta parte, nos visita um triunvirato que
manda a gente fazer coisas que os Filipes nunca se atreveram a mandar? Por isso parece-me que devíamos ter posto a tónica nisto: o reganhar
da independência e “armar-nos” para tal, sendo a alternativa estarmos de luto
carregado, espiando os tremendos erros político – estratégicos (e morais), que
fizemos nas últimas décadas e que uma nação antiga de 900 anos, jamais deveria
ter feito ou deixado fazer. E não devíamos tirar o luto até
ganharmos juízo.
O PR passeia-se pelo
País. Melhor fora que permanecesse em Lisboa.
Lisboa é a capital e
só excepcionalmente as cerimónias a deviam abandonar. Todavia, em todas as
cidades e vilas do antigo Reino se deveria festejar o dia que nos individualiza
no concerto das Nações (agora mais “organizações”…). Porém o que se passa é que o PR se passeia aleatoriamente pelo
Continente e Ilhas, acompanhado pela sua Corte – o que nem sequer é barato –
enquanto o resto do país vai a banhos ou encolhe os ombros. Há qualquer coisa
de errado nisto… O actual PR tem a seu crédito, ter
recuperado as Forças Armadas para as cerimónias oficiais do 10 de Junho, de
onde estiveram, inacreditavelmente, arredadas desde 1974 – uma prova
insofismável do desvario em que caímos!
.
Contudo, a
verdadeira homenagem aos combatentes mortos pela Pátria - sem o que Portugal
não teria sobrevivido a 1128 – não é feita nas cerimónias oficiais do 10 de
Junho, mas sim nos eventos junto ao monumento aos mortos do Ultramar, em Belém,
organizados por um grupo de cidadãos e sem qualquer vínculo ou apoio do Estado. A única cerimónia genuína e sã,
que agora se realiza. Ou seja há dois 10 de Junho… Entre muitas coisas inacreditáveis
que se passaram este ano, desde que na mesma semana se inaugurou uma avenida
com o nome de um traidor à Pátria, até haver um condecorado com a Ordem da
Liberdade, que atentou contra ela (liberdade), ocorreu um episódio que se pode
considerar o cúmulo do surrealismo político-diplomático.
Ora meditem.
No dia em que os órgãos de soberania comemoram o dia do país que andam
a alienar a estranhos, entre assobios e apupos de parte dos populares presentes
– o respeito esvaiu-se, mas também ninguém que não se dê ao respeito, pode
esperar ser respeitado – aterrou em Lisboa a “Presidenta” do Brasil. Logo no dia em que se comemora um dos mais lídimos cultores da língua
pátria, cai-nos em sorte um erro ortográfico… Bom,
independentemente dos brasileiros gostarem de alçar a presidente pessoas menos
recomendáveis para o cargo – como parece ser o caso – o facto é que a senhora
aparece entre nós com esse título, e a título oficial. E pela primeira vez
depois de ser eleita.
.
Eis pois uma situação esdrúxula de
todo: sabe-se à última da hora; o PR, o Governo, a AR, etc., estão todos em
Elvas; a senhora em vez de ter o PR a
recebê-la, tem o MNE; havendo a festividade maior do País, a Presidente do
Brasil – e digamos que não será o mesmo que ter por cá a mais alta figura do
Burkina Fasso – não comparece à mesma, uma gafe inexplicável e inconcebível, a
todos os títulos! E nem se digna colocar uma coroa
de flores no túmulo de Camões, nos Jerónimos! E não comparece em
Elvas porquê?
.
A pergunta é mais que pertinente e óbvia e parece que ninguém se
incomodou com isso. Não foi convidada? Não quis ir? Foi tudo feito em cima do
joelho? Não tinha tempo para ir? Convenhamos que qualquer resposta
é cada uma pior que a outra A piorar as coisas, Dona Dilma ainda resolve
receber o ex-Presidente Mário Soares e o líder do principal partido da
oposição, antes de se encontrar oficialmente com os PR e PM, à revelia do
protocolo de Estado, quer nacional quer internacional, numa atitude de afronta
inqualificável.
.
E a questão ainda se torna mais
feia quando, aparentemente, a ex-revolucionária agora à frente de uma potência
que virou capitalista, e a quem nunca se conheceu um gesto de simpatia por
Portugal, fez um “tocar e andar” na Portela, para ir a uns saldos de empresas,
que por cá se querem passar a trocos. Tudo selado em
brindes sem lustre, entre o lustroso luxo da Ajuda! Pelos vistos estão todos bem uns para os outros.
.
Alienam tudo estes desgraçados políticos que nos calharam na rifa
eleitoral, entremeados por “inoculações” de entidades estranhas ao país, que
fazem o Cristóvão de Moura parecer um menino de coro! É a EDP TAP, a RTP, a RDP, os CTT (!), etc., já falam na água – na
água, ó pessoas da minha terra! Será que também vão querer que ponhamos as
nossas mães e mulheres á venda? Também estarão a pensar aderir ao
“Banco de Sementes” que se anda a preparar em Bruxelas, e que a ir para a
frente, constituirá um dos mais notáveis instrumentos de escravidão jamais
inventado?
.
Infelizmente tudo o que descrevo
dá bem o retrato em que caíu o nosso Portugal: uma verdadeira casa de passe
política. Não é bonito de se dizer e é,
seguramente, desagradável de ouvir. Sem embargo, representa a mais cristalina
das verdades. Apetece dizer:
“Mouros em terra, moradores às
armas”!