Posted:
29 May 2014 08:03 PM PDT
Dilma Rousseff decide modificar o sistema brasileiro de
governo. Desistiu da Assembleia Constituinte para a reforma
política. Até a mídia fala abertamente que se trata de um
golpe do PT!
É o fim do Brasil!
Confira os artigos de dois
veículos de comunicação...
Atenção, leitores!
Seus direitos, neste
exato momento, estão sendo roubados, solapados, diminuídos. A menos que você
seja um membro do MTST, do MST, de uma dessas siglas que optaram pela
truculência como forma de expressão política.
De mansinho, o PT e a
presidente Dilma Rousseff resolveram instalar no país a ditadura petista por
decreto. Leiam o conteúdo do decreto
8.243, de 23 de maio deste ano, que cria uma tal “Política Nacional de
Participação Social” e um certo “Sistema Nacional de Participação Social”. O
Estadão escreve nesta quinta um excelente editorial
a respeito. Trata-se de um texto escandalosamente inconstitucional, que afronta
o fundamento da igualdade perante a lei, que fere o princípio da representação
democrática e cria uma categoria de aristocratas com poderes acima dos outros
cidadãos: a dos membros de “movimentos sociais”.
O que faz o decreto da
digníssima presidente? Em primeiro lugar, define o que é “sociedade civil” em
vários incisos do Artigo 2º. Logo o inciso I é uma graça, a saber: “I –
sociedade civil – o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais
institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas
organizações”.
Pronto! Cabe qualquer coisa aí. Afinal, convenham: tudo
aquilo que não é institucional é, por natureza, não institucional. Em seguida, o
texto da Soberana estabelece que “todos os órgãos da administração pública
direta ou indireta” contarão, em seus conselhos, com representantes dessa tal
sociedade civil — que, como já vimos, será tudo aquilo que o governo de turno
decidir que é… sociedade civil
Todos os órgãos
da gestão pública, incluindo agências reguladoras, por exemplo, estariam
submetidos aos tais movimentos sociais — que, de resto, sabemos, são controlados
pelo PT. Ao estabelecer em lei a sua participação na administração pública, os
petistas querem se eternizar no poder, ganhem ou percam as eleições.
Isso
que a presidente está chamando de “sistema de participação” é, na verdade, um
sistema de tutela. Parte do princípio antidemocrático de que aqueles que
participam dos ditos movimentos sociais são mais cidadãos do que os que não
participam. Criam-se, com esse texto, duas categorias de brasileiros: os que têm
direito de participar da vida púbica e os que não têm. Alguém dirá: “Ora, basta
integrar um movimento social”. Mas isso implicará, necessariamente, ter de se
vincular a um partido político.
A Constituição brasileira assegura o
direito à livre manifestação e consagra a forma da democracia representativa:
por meio de eleições livres, que escolhem o Parlamento. O que Dilma está
fazendo, por decreto, é criar uma outra categoria de representação, que não
passa pelo processo eletivo. Trata-se de uma iniciativa que busca corroer por
dentro o regime democrático.
O PT está tentando consolidar um
comissariado à moda soviética. Trata-se de um golpe institucional. Será um
escândalo se a Ordem dos Advogados do Brasil não recorrer ao Supremo contra essa
excrescência. Com esse decreto, os petistas querem, finalmente, tornar obsoletas
as eleições. O texto segue o melhor padrão da ditadura venezuelana e das
protoditaduras de Bolívia, Equador e Nicarágua. Afinal, na América Latina, hoje
em dia, os golpes são dados pelas esquerdas, pela via aparentemente
legal.
Inconformado com a democracia, o PT quer agora extingui-la por
decreto.
Por Reinaldo Azevedo
A seguir, editorial do
Estadão:
A presidente Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro
de governo. Desistiu da Assembleia Constituinte para a reforma política - ideia
nascida de supetão ante as manifestações de junho passado e que felizmente nem
chegou a sair do casulo - e agora tenta por decreto mudar a ordem
constitucional. O Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política
Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação
Social (SNPS), é um conjunto de barbaridades jurídicas, ainda que possa soar,
numa leitura desatenta, como uma resposta aos difusos anseios das ruas. Na
realidade é o mais puro oportunismo, aproveitando os ventos do momento para
impor velhas pretensões do PT, sempre rejeitadas pela Nação, a respeito do que
membros desse partido entendem que deva ser uma democracia.
A fórmula não
é muito original. O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil"
participe diretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública
federal direta e indireta", e também nas agências reguladoras, através de
conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas de diálogo, etc. Tudo isso
tem, segundo o decreto, o objetivo de "consolidar a participação social como
método de governo". Ora, a participação social numa democracia representativa se
dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamente eleitos. O que se
vê é que a companheira Dilma não concorda com o sistema representativo
brasileiro, definido pela Assembleia Constituinte de 1988, e quer, por decreto,
instituir outra fonte de poder: a "participação direta".
Não se trata de
um ato ingênuo, como se a Presidência da República tivesse descoberto uma nova
forma de fazer democracia, mais aberta e menos "burocrática". O Decreto 8.243,
apesar das suas palavras de efeito, tem - isso sim - um efeito profundamente
antidemocrático. Ele fere o princípio básico da igualdade democrática ("uma
pessoa, um voto") ao propiciar que alguns determinados cidadãos, aqueles que são
politicamente alinhados a uma ideia, sejam mais ouvidos.
A participação
em movimentos sociais, em si legítima, não pode significar um aumento do poder
político institucional, que é o que em outras palavras estabelece o tal decreto.
Institucionaliza-se assim a desigualdade, especialmente quando o Partido
(leia-se, o Governo) subvenciona e controla esses "movimentos sociais".
O
grande desafio da democracia - e, ao mesmo tempo, o grande mérito da democracia
representativa - é dar voz a todos os cidadãos, com independência da sua atuação
e do seu grau de conscientização. Não há cidadãos de primeira e de segunda
categoria, discriminação que por decreto a presidente Dilma Rousseff pretende
instituir, ao criar canais específicos para que uns sejam mais ouvidos do que
outros. Ou ela acha que a maioria dos brasileiros, que trabalha a semana
inteira, terá tempo para participar de todas essas audiências, comissões,
conselhos e mesas de diálogo?
Ao longo do decreto fica explícito o
sofisma que o sustenta: a ideia de que os "movimentos sociais" são a mais pura
manifestação da democracia. A História mostra o contrário. Onde não há a
institucionalização do poder, há a institucionalização da lei do mais forte. Por
isso, o Estado Democrático de Direito significou um enorme passo civilizatório,
ao institucionalizar no voto individual e secreto a origem do poder estatal.
Quando se criam canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas,
inverte-se a lógica do sistema. No mínimo, a companheira Dilma e os seus amigos
precisariam para esse novo arranjo de uma nova Constituição, que já não seria
democrática. No entanto, tiveram o descaramento de fazê-lo por
decreto.
Querem reprisar o engodo totalitário, vendendo um mundo
romântico, mas entregando o mais frio e cinzento dos mundos, onde uns poucos
pretendem dominar muitos. Em resumo: é mais um ato inconstitucional da
presidente Dilma. Que o Congresso esteja atento - não apenas o STF, para
declarar a inconstitucionalidade do decreto -, já que a mensagem subliminar em
toda essa história é a de que o Poder Legislativo é dispensável.
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