quinta-feira, 15 de agosto de 2013






O desplante dos nossos corruptos. A injustiça da nossa justiça. 
Os saqueadores de impostos, montam mega negócios no estrangeiro, com o dinheiro público que desviam à vista de todos, e ainda viajam, para tratar dos seus negócios privados, e mandam a conta para o zé povinho?
Alguma vez se questionou, porque é que, os que gerem os nossos impostos, oferecem ajuda aos países de África e não só, com dinheiro dos portugueses?
Será porque Portugal é rico e pode dar dinheiro a outros países?
Será que os governantes, que ajudam esses países com dinheiro público, receberão mais tarde ajudas, privadas, desses mesmos países?
Ou será que os nossos governantes são tão generosos que não resistem a ajudar os pobres... estrangeiros, claro.
"Isaltino acaba de criar duas empresas em Maputo e foi lá em visita oficial.
Autarca tem como sócios nos seus novos negócios um adjunto da Câmara de Oeiras, um grande construtor civil que tem parcerias com o município, dois criadores de cavalos e três moçambicanos.
Isaltino Morais deixa a Câmara de Oeiras em Outubro, mas há muito que está preparar o seu futuro.
Em Setembro do ano passado, criou, através de uma escritura pública outorgada em Maputo, uma empresa dedicada ao turismo e à caça.
No mês seguinte, igualmente num notário da capital de Moçambique, constituiu uma outra empresa, esta virada para a importação e exportação. Neste momento, encontra-se naquele país em visita oficial, na qualidade de presidente da Câmara de Oeiras. Na comitiva, viaja pelo menos um dos seus sócios, que é também seu adjunto no município.
(...)Na Magoco, com sede em Maputo, Isaltino tem como sócios Rui Cóias (um português que viaja com passaporte diplomático da Guiné-Bissau e que está ligado à criação de cavalos e ao sector imobiliário em Portugal), Sérgio Ngoca (empresário moçambicano), José João Ramos Diniz (criador de cavalos, empresário da construção civil com actividade em Oeiras e ex-candidato à Assembleia Municipal de Oeiras nas listas de Isaltino), Abílio Diruai (empresário moçambicano) e Emanuel Gonçalves. Este último é adjunto de Isaltino na Câmara de Oeiras e membro da administração da Aitecoeiras, uma agência de promoção do investimento criada pelo município que colaborou na preparação da actual visita de Isaltino a Moçambique.
Quanto à Messa Energia, que está sedeada no mesmo local que a Magoco, a sua actividade principal tem a ver com a comercialização de material eléctrico. Os seus sócios, além de Isaltino, Sérgio Ngoca e Emanuel Gonçalves, são Natacha Morais e Fernando Rodrigues Gouveia.

Fernando Rodrigues Gouveia, é o patrão do grupo de construção civil MRG, líder das parcerias público-privadas com os municípios portugueses e sócio da Câmara de Oeiras em duas parcerias particularmente mal sucedidas. Ambas foram objecto, em Dezembro, de um relatório do Tribunal de Contas onde se lê que a escolha da MRG (detentora de 51% do capital das duas empresas criadas com o município) "violou os princípios da transparência, da igualdade de tratamento, da prossecução do interesse público, da boa-fé e da imparcialidade". O tribunal diz mesmo que a MRG foi alvo de "tratamento privilegiado face aos demais concorrentes".
As parcerias estabelecidas por esta empresa com Oeiras e outros municípios estão a ser investigadas pelo Ministério Público desde há mais de um ano.(...)

Relvas em Maputo para apoiar cooperação
Miguel Relvas, que foi secretário de Estado de Isaltino Morais, quando este era ministro das Cidades em 2002, está em Moçambique desde quarta-feira para uma visita oficial que hoje termina.
Segundo a Lusa, Relvas manifestou ontem a disponibilidade do Governo português para apoiar a formação de autarcas moçambicanos. "Manifestei a nossa disponibilidade para ajudarmos no processo de formação de autarcas e de funcionários autárquicos. Temos uma boa experiência nessa área, temos um centro de estudos de formação autárquica, que já apresentou uma candidatura em Moçambique", disse o ministro, depois de um encontro com Adelaide Amorane, ministra moçambicana dos Assuntos Parlamentares. fonte

Câmara de Oeiras aprova indemnização de 37 milhões de euros a sócio de Isaltino!!
Município vai pagar uma indemnização à MGR, empresa liderada por Fernando Rodrigues Gouveia, um dos sócios de Isaltino Morais numa empresa moçambicana  A Câmara Municipal de Oeiras (CMO) vai pagar 37 milhões de euros de indemnização à construtora MRG que, em 2009, liderou o consórcio que ganhou duas parcerias público-privadas (PPP) com a autarquia. A MRG é liderada por Fernando Rodrigues Gouveia que também é sócio de Isaltino Morais numa empresa em Moçambique constituída cinco dias depois do executivo oeirense ter aprovado com o voto de Isaltino Morais o pagamento da indemnização à MRG.
(...) Segundo a acta da assembleia municipal a que o i teve acesso, foi nesta data que a CMO aprovou por maioria - com três votos contra - o pagamento de 37 milhões de euros como “compensação pelos custos da construção” das quatro infra-estruturas contratualizadas. Esta foi a segunda vez que este acordo subiu a reunião do executivo camarário, depois de uma primeira tentativa em Dezembro de 2012 - quando foi retirada da ordem de trabalhos pelo presidente da autarquia, por este ter entendido que a proposta não reunia apoio suficiente.

Histórico (Estranho, quando o queixoso se torna o  réu e paga... )
Em Maio de 2012, o município interpôs duas acções contra a MGR. Em causa, segundo a acta da reunião municipal, estava a falta de pagamento de um valor superior a 39 milhões de euros, relativo aos direitos de superfície dos terrenos onde se concretizaram as obras, e o incumprimento da garantia de financiamento das obras.
Pouco depois, contudo, a MGR contestou a acção e remeteu a culpa para o município, alegando que este não tinha “a situação registral dos prédios devidamente regularizada”, lê-se na acta. Algo que, aliado à “degradação da situação financeira nacional e mundial que sobreveio entretanto”, levou à perda da “oportunidade de concretizar o financiamento bancário que estava projectado e autorizado”. fonte

PPP´s de Oeiras com mais de 20 irregularidades detectadas pelo Tribunal de Contas.
(O políticos fazem asneira, para lesar o povo e o povo é que paga a multa? Infringem regras para ocultar actos menos legítimos, e quem paga a multa é o roubado?)
O Tribunal de Contas (TC) detectou, numa auditoria a três parcerias público-privadas (PPP) criadas pela Câmara de Oeiras, várias ilegalidades susceptíveis de levar à aplicação de multas ao presidente da autarquia e aos vereadores e deputados municipais que aprovaram as propostas.
(...)A análise do tribunal incidiu sobre as três parcerias não-remetidas para fiscalização prévia do TC: uma relativa ao centro de congressos, feiras e exposições e ao centro de formação profissional e apoio social; outra referente a duas escolas e a dois centros geriátricos; e a última para o edifício multifuncional municipal. Em Janeiro de 2007, o presidente da Câmara de Oeiras previa que estas três obras necessitariam de um investimento total de 81 milhões de euros.

O relatório de auditoria, começa por concluir que a adopção do regime de parceria público-privada "visou apenas obstar a que o financiamento do investimento associado aos equipamentos a construir se reflectisse na capacidade de endividamento do município". Esse objectivo, de colocar essas obras fora da alçada do limite de endividamento, foi, aliás, reconhecido pelo vice-presidente da autarquia, Paulo Vistas, nas reuniões camarárias e da assembleia municipal em que o assunto foi discutido, como se constata nas actas dessas reuniões.
Na sua apreciação, o TC detectou mais de 20 situações problemáticas nas três parcerias, incluindo ilegalidades susceptíveis de gerar responsabilidade financeira sancionatória, isto é, sujeitas a multas. Uma delas foi o facto de as PPP terem sido lançadas "sem prévia avaliação da economia, eficiência e eficácia do recurso àqueles instrumentos de cooperação, sustentada num programa alternativo".
Foram também várias as ilegalidades apontadas aos procedimentos concursais para a selecção dos privados que participam com a Câmara de Oeiras na constituição das sociedades comerciais responsáveis pela execução das PPP.

Neste domínio, o TC verificou que houve falhas em aspectos como a publicitação do objecto do concurso, o cumprimento do prazo legal para a apresentação de propostas, a fundamentação da avaliação do mérito das propostas, a publicidade dos esclarecimentos prestados, entre muitos outros.
Os vereadores e deputados municipais podem ser multados por terem aprovado que, após a adjudicação de uma das parcerias, fossem introduzidas modificações à proposta vencedora do concurso. (...)
Outra ilegalidade verificou-se por essas sociedades terem iniciado a construção dos equipamentos, em terrenos do domínio privado da autarquia, "sem que fossem detentoras de quaisquer direitos que legitimassem a execução das obras". Infracção financeira que mais uma vez pode ser imputada a Isaltino Morais.

O TC constatou ainda que em duas das PPP não foram transferidos para os parceiros privados "os riscos de disponibilização dos equipamentos", o que desrespeita o estipulado nos termos de referência divulgados nos concursos. Em divergência com o Regime Jurídico das Parcerias Público-Privadas, houve também um caso em que o acordo que regula a relação entre o accionista público e os privados não tinha "qualquer menção aos encargos financeiros suportados pelas partes outorgantes".
Outra ilegalidade apontada no relatório de auditoria é o facto de a Câmara de Oeiras ter, com as rendas que terá de suportar nos casos das escolas e dos centros geriátricos, violado o limite ao endividamento líquido municipal estabelecido pela Lei das Finanças Locais. A falta de fiscalização prévia dos contratos de arrendamento desses equipamentos, do centro de congressos e do centro de formação profissional também pode implicar uma multa para o presidente da Câmara de Oeiras. fonte

Mas o povo tem um coração gigante, que cresce à medida que encolhem as suas contas bancárias.
Há sempre um português disposto a fazer tudo para ajudar um politico a comprar um Mercedes novo, nem que tenha que tirar o pão da boca dos filhos.
Dá gosto viver num país, onde os próprios cidadãos entregam o país, os seus filhos e irmãos, nas mãos de criminosos. No caso de Oeiras saiu um maçon do poder, entrará o Flores outro maçon. O Povo gosta... E a justiça apoia.

Oeiras perdoa Isaltino. Testemunhos de cidadãos que defendem Isaltino
Retrato de um concelho rendido a um presidente condenado.
“O erro dele foi gostar de mulheres”Otília teve pena, Zilda chorou e outros ainda quiseram arrombar a prisão.
Zilda avança desorientada pela praça da igreja, passos maiores que as pernas. Faltam dez minutos para o início do turno mas só um nome é capaz de travar o passo corrido da varredora da Câmara de Oeiras. “Se pudesse, eu tirava ele de lá, ia lá com minhas mãos, arrombava os portões e tirava-o.” Isaltino Morais foi detido há quase um mês para cumprir uma pena de dois anos de prisão, e Zilda, nascida na ilha do Fogo, em Cabo Verde, ainda está revoltada. “Era um grande doutor, e vai ser preso assim como um cão, ali na praça? Não se faz assim, ao menos mandavam um postal a avisá-lo.” Zilda chorou quando Isaltino foi preso. Não percebe porque o aviso não chegou de mansinho, como um postal de Natal. Não percebe como o seu presidente pode ser preso e “porquê. Se não assaltou banco nem matou pessoa?”. Afinal, na cabeça dela, os homens bons não cometem crimes.

Um criminoso não pára o carro para perguntar se está tudo bem como Isaltino fazia enquanto ela varria os jardins; um criminoso não lhe dá 25 euros do pé para a mão só porque ela – que se gaba de falar cinco línguas – desabafa num francês macarrónico “Je ne peux pas manger, je n’ai pas d’argent”; um criminoso não move mundos e fundos para o seu filho, doente mental, conseguir vaga num centro e uma consulta num hospital. Nem constrói centros de dia, nem escolas, nem lares “para os velhotes”. Digam o que disserem, nada fará Zilda mudar de ideias. “Desculpem, meus senhores, mas eu tenho de defender o homem.”

Zilda não foi a única a querer resgatar o presidente recluso. Isaltino foi detido à hora de almoço na véspera do Dia da Liberdade e logo outras oeirenses começaram a traçar um plano: recolher assinaturas para um abaixo-assinado. Andaram pelas ruas do centro histórico, pelo mercado, de porta em porta. O objectivo era juntar uma catrefada de gente, encher autocarros e ir em romaria para a porta da prisão até que Isaltino fosse libertado. A ideia romântica, de um povo a lutar pela liberdade do seu presidente, acabou por não ir avante. “Pelo que ouvi dizer, o Vistas [o número dois que assumiu a presidência da autarquia por Isaltino estar impedido de exercer funções] não terá dado grande apoio, e a ideia morreu”, conta Otília, a peixeira mais tagarela do mercado de Oeiras.

O que leva um povo a eleger sete vezes consecutivas o mesmo presidente? O que explica que depois de ser dado como suspeito de corrupção, em 2005, e já sem o apoio do PSD, tenha conseguido, de novo, ser eleito? Que milagres fez por Oeiras para que após a condenação, em 2009, tenha conseguido ainda mais votos (41%)? E mesmo agora, atrás das grades, continue a merecer em todos os cantos a pena e o pesar por já não poderem votar nele? Que espécie de fenómeno é este a pairar naquela vila que transforma quatro crimes provados (três de fraude fiscal e um de branqueamento de capitais) numa insignificância na hora de eleger um líder?

José Gonçalves, de 70 anos, tem uma explicação: “Cheguei a ir ter com ele para marcar uma reunião e ele disse: não é preciso, às tantas horas esteja aqui.” Manuel Pereira, oeirense há 32 anos, tem mais uma: “Era uma pessoa muito educada e acessível. O resto, a gente só ouve falar.” E José Antunes ainda tem outra: “Trabalhei 13 anos com ele e só tenho a dizer bem”, conta o pensionista, enumerando os quatro “miminhos” que ganhou ao fim de dez anos de serviço – um almoço, uma tarde livre, um diploma e uma medalha de bronze. “Bronze do verdadeiro.”
Os dois Josés são ex-funcionários da autarquia e Manuel reformado do privado. Nenhum hesita: se Isaltino voltasse a ser candidato (não pode), votavam nele outra vez. No banco de jardim encostado à igreja onde se encontram todos os dias vão continuar a interromper-se e a desfiar argumentos na esperança de serem compreendidos. Manuel resume tudo: “A gente não pode dizer mal de quem nos fez bem.”

A táctica
Atender pobres e ricos sem hora marcada, dar passeios, cabazes de Natal e cartões de descontos (em farmácias e lojas) aos reformados, medalhas aos funcionários leais, bons dias e boas tardes a toda a gente, magustos e almoçaradas umas quantas vezes por ano. Diz--se que Isaltino conquistou os oeirenses pela simpatia, e também pelo estômago. Todos os anos no dia de São Martinho o festejo repetiu-se: o presidente encomendava toneladas de castanhas da sua terra, Mirandela, e contratava uns homens para as assarem no largo da igreja. “A festa começava de manhã e só acabava quando já não havia uma castanha para contar a história”, recordam. Isaltino, que gosta de patuscadas, também não faltava ao magusto: chegava, sempre com o seu charuto, estendia a mão ao povo e sentava-se ali, a descascar castanhas e a beber um copinho de água-pé. “Sabia exactamente como ter as pessoas na mão”, confidencia um oeirense.

De Carnaxide a São Julião da Barra, dos bairros chiques aos pobres, o difícil é encontrar uma alma que diga mal do homem que comandou Oeiras durante 23 anos. Ou então quem concorde que crime é crime e merece sempre castigo. “Ele a mim não me roubou, ou se roubou a gente não sabe”, justifica um dos Josés. Isaltino não só não lhes roubou nada, como é um símbolo da riqueza e do progresso. Se a vida melhorou, o mérito não é só dos oeirenses, mas também de Isaltino. Se há 20 anos viviam numa barraca e agora têm uma casa, um bem-haja ao Isaltino. Se agora podem correr no passeio marítimo, fechar os olhos e imaginar que estão no calçadão de Copacana, abençoado Isaltino.

Há uma Oeiras antes de Isaltino e uma Oeiras pós-Isaltino. A pré-Isaltino é o retrato de um concelho pobre, resumido a pouco mais que o centro histórico – não importa se agora está deserto, se o comércio está moribundo e se sobrevivem lojas do passado como a Gordinha Pimentinha. O que importa é que o concelho cresceu. A era pré-Isaltino era a que tinha inveja da vizinha Cascais, a que tinha urbanizações ilegais e barracas, a que vivia entre o mar e Lisboa, mas fechada e triste, com sintomas de dormitório e de subúrbio.

Na era pós-Isaltino, Oeiras tem um passeio marítimo de 3500 metros, uma piscina oceânica, polidesportivos, centros comerciais, parques tecnológicos, universidades e barracas nem vê-las. Recebe prémios como o “município de excelência” e o de “melhor concelho para trabalhar”. Oeiras é o segundo concelho mais rico do país e quem lá mora usa as estatísticas em defesa do autarca. “Sintra e Cascais ainda têm de comer muita fruta”, brincam alguns residentes. Têm tanto orgulho em Oeiras como num condenado.

A obra é grande e os elogios chegam a atingir o limite do absurdo. “O Isaltino foi como o Marquês de Pombal: um visionário”, remata, eloquente, a peixeira Otília, enquanto arranja um choco com cara de coelho morto. Há 40 anos a vender no mercado de Oeiras, Otília tem uma explicação para tudo. “O erro dele foi gostar de mulheres. Se não se tivesse metido com a secretária e contado o que não devia…” Há tentações que dão cabo da vida de um homem. Outros moradores, meio em surdina, tratam de pôr a coscuvilhice em dia: recordam como, nos tempos em que estava solteiro, os seus motoristas penavam com a sua apetência para o “forrobodó”. “Ia para as discotecas e eles tinham de ficar lá à espera até às 3 ou 4 da manhã. Ganhavam bem, não se podiam queixar.”

“Não está bem a ver como Oeiras era.” É por aqui que quase todos começam, como se precisassem de justificar a devoção a um político que se transformou num alvo de risota fora deste microcosmos. Otília vive na parte baixa da cidade, num rés-do-chão. Quando as chuvas alagavam as ruas e as casas, Isaltino nunca falhava. Fossem duas ou três da madrugada, aparecia, de galochas, para enfrentar as cheias ao lado dos moradores. Até o quotidiano de uma peixeira se alterou devido a um autarca generoso. “Guardávamos o peixe que não conseguíamos pôr na banca aqui em baixo, numas geleiras amarelas, sem condições. Queixámo-nos e ele ofereceu umas arcas frigoríficas.”
Otília, cabelo cinza, braços cheios, seios a boiar dentro da roupa como gelatina, óculos de ver na cabeça, faca a dançar de um lado para o outro, passa uma eternidade a enumerar obra de Isaltino enquanto as freguesas esperam. Das grandes vinhas que ele plantou à zona do Centro Comercial das Palmeiras, que antes “só cheirava a vacas” e se transformou num bairro rico. Tudo para chegar a uma conclusão: “Ele deixa pena a muita gente.”
Trafulha sim, patife não Isaltino pode estar a cumprir uma pena mas, palavra de morador, está longe de ser um patife. Pode até ser “um trafulha” – mas “o que o gajo fez a gente não fazia?”, “pelo menos ele sabe onde ir buscá-lo”. Há até quem diga que “o pobre homem” só “queria charutos” e “não roubou nada” – pouco importa se escondeu dinheiro que tinha na Suíça para fugir aos impostos no segundo concelho que mais impostos paga no país. O certo, insistem os moradores, é que é o único a cumprir uma pena de prisão. “E o Avelino Ferreira Torres?” “E aquela, a do saco azul?” “E o Valentim Loureiro?” Isaltino estava ali bem, a justiça é que se foi meter onde não devia. “Tinham de se vir meter logo com o segundo maior concelho do país”, refila o proprietário de uma loja que prefere não ser identificado porque é fornecedor da câmara e “não se sabe quem lá vem”. Do candidato do PS às próximas autárquicas, Marcos Sá, ninguém fala. Moita Flores “é um tipo simpático lá da televisão mas não é da terra”. Vistas era o homem de Isaltino, mas há quem esteja descontente por andar “com o rei na barriga” desde que ficou com o comando. “Ainda tem de comer muito feijão com arroz para chegar aos calcanhares do Tino”, protesta Otília.

Carla Teixeira, 32 anos, atravessa um Parque dos Poetas vazio e apressa-se a dizer que não percebe nada de política. Mas o que é que isso interessa? “Sou fã do Isaltino.” E fã que é fã tem sempre um sentimento meio irracional. “Quero lá saber que seja ladrão. Os meus pais foram funcionários da câmara e nunca lhes faltou ordenado ao fim do mês. Nasci aqui e tenho tudo à porta de casa. Abençoado Isaltino.” Se os moradores tiverem menos de 15 anos, talvez o mais certo seja não saberem por que razão foi preso o ex-presidente. “Na escola não se fala nisso. Ouvi na televisão que ele era corrupto… É verdade?”, pergunta António, 14 anos. Dezenas de manchetes de jornais, aberturas de telejornais, 46 recursos, e ainda há quem não conheça o cadastro do autarca. Paulo Renato passa os dias a arrumar carros em Santo Amaro de Oeiras, com um chapéu cabeleira de lã: “Só ouvi de surpresa que ele tinha sido preso, não soube bem o que se passou, mas não deve ter sido nada de grave.”

Ernesto Monteiro, 79 anos e boné de Portugal na cabeça, está há 12 em Oeiras, no Bairro do Pombal, junto ao cemitério. Tudo graças ao “pai Isaltino”. “Dizem que desviou dinheiro. Tenho pena, por mim ele continuava lá, que trabalhava bem.” O seu passado pertence à era pré-Isaltino. Durante 27 anos viveu numa barraca em Algés. Faz parte do grupo que ganhou uma casa porque o autarca conseguiu erradicar todas as barracas do concelho até 2003. Por alguma razão, bairros como o do Pombal ou das Lajes são lugares temidos fora de horas por forasteiros, mas Isaltino era recebido como se estivesse em casa. Quando o presidente chegava era sempre uma festa: punha-se a música aos berros e dançava-se kizomba, hip hop e funaná. “Aqui no bairro toda a gente gosta dele”, conta Filomeno, que na paragem de autocarro espera a camioneta para Leceia, onde noutros bairros sociais Isaltino também era tratado como rei.

Será preciso chegar às Palmeiras e à Quinta do Marquês, zonas de vivendas e moradias mais próximas do mar, para que a justiça fale primeiro que a obra. Na esplanada de um café do shopping, quatro amigos juntam-se naquilo a que na brincadeira chamam “uma tertúlia pseudo-política, misturada com conversé”. “Um homem de visão”, “o melhor autarca do país”, “insubstituível”. Mas não é por reconhecerem a obra que votaram ou votariam nele. “É popular, simpático e competente. Aqui as pessoas não se indignam muito. Mas se cometeu fraudes que a justiça já provou tem mais é de pagar por elas.”

No centro histórico, José Arlindo é dono de uma loja que repara electrodomésticos mas já não está aberta ao público. É uma excepção num concelho que faz vénias ao seu ex-presidente. É da oposição? Não, mas podia, confiando no que os adeptos de Isaltino disseram: “Se quer encontrar quem diga mal dele vai ter de ir ali para os lados da câmara.” Que fez boa obra, lá isso fez, reconhece Arlindo. “E a má, ninguém fala daquele Satu?” O transporte futurista que anda sobre carris e sem maquinista lá permanece, vazio, abandonado, no meio de um concelho que fervilha. Não é estar contra por ser do contra, explicará o comerciante. “Ele pode ter tido sarilhos, o dinheiro não é meu, mas de onde é que ele veio? Como é que ninguém se indigna com isto?” fonte

Mas o povo gosta
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A empresa já concluiu obras orçadas em 650 milhões de euros, e possui uma carteira de encomendas de pelo menos mais 267 milhões de euros, como confirmou o responsável da empresa.
“O México tem muita coisa para fazer não apenas em termos sociais mas também em infra-estruturação, tem as ligações mas falta tudo em termos de caminhos-de-ferro (…), por isso pensamos que é um mercado a quem temos de dar prioridade, dentro da prioridade que para nós é hoje a América Latina, que engloba o México, o Peru, a Colômbia e o Brasil nesta primeira fase”, referiu o presidente da Mota-Engil.
Actualmente, a Mota-Engil é a maior empresa portuguesa a investir no México no sector da construção e está e suscitar um interesse crescente em outras áreas de actividade. No total, possui 1.300 trabalhadores no estrangeiro. fonte
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