terça-feira, 27 de julho de 2010

De: ALÔ PORTUGAL

Data: 05-07-2010 14:03:20

Para: Undisclosed-Recipient:,

Assunto: Já chega!!!!

Já chega!!!!

Primeiro, nunca votei no actual partido que nos (des)governa, segundo nunca pedi subsídio algum, mesmo quando houve alturas da minha vida em que estive desempregado e que tinha que ser a mulher a sustentar a casa, com o parco salário que ganhava, enquanto eu mal ou bem conseguia indo tirar um curso superior. Este curso superior saíu do nosso bolso, sem qualquer isenção de propinas. Por outro lado, comecei a ter que trabalhar bem cedo, aos 18 anos estava no mercado de trabalho como Guarda-Livros e fazendo o que calhava num Despachante Oficial, coisa que já desapareceu há muito tempo. Os descontos ao longo de 10 anos de trabalho nesse sector foram realizados para a Caixa Nacional de Pensões. Claro que em 1986 entrei para o Ministério da Educação como professor, ia conseguindo ter lugar todos os anos, até que o Boomm dos cursos de Línguas e Literaturas Modernas, começaram a fazer sair malta licenciada em Inglês, e então não havia nem lugares para ensinar psicologia nem lugares para um gajo se desenrascar, daí que tenha optado por ingressar num raio de uma carreira dita pomposamente de Serviço de Psicologia e Orientação, a qual não existe perspectivas algumas de um futuro nem promissor nem risonho. O vencimento sempre foi curto, a muito custo se conseguiu comprar uma casita, para nela viver, a qual ainda está a ser paga, o carro adquirido a prestações pois que é impraticável o raio dos transportes públicos, já que estes praticamente não existem.

Porém, aguentamos, aguentamos os chefes, que existem, e que na sua maioria até nem gostam de nós, e nos impedem de subir de escalão, apesar de já estarmos nesse mesmo escalão à não sei quantos anos, mas tudo bem, é «tudo a bem da nação».

Vive-se esticando mensalmente o ordenado, paga-se o oxigénio que a mulher precisa, paga-se a água, a luz, o gás, e as depesas correntes, fica pouco, mas segundo parece, desse pouco ainda nos querem tirar mais qualquer coisa, isto após 35 anos de descontos para a segurança social, e agora com 55 anos, começo a pensar, bem quando tirei a porra do curso superior, deveria ter escolhido a Gestão, pois que pelo menos, era bem capaz de estar a ganhar mais, ou daí talvez não.

Paga e repaga, se pensas em aposentar, pois que estás doente, com uma gaita qualquer arranjada numa das muitas escolas por onde passaste, vais ficar com uma aposentação de quanto, entre os 800 e 1.000 €, talvez, mas como o governo até quer reduzir a massa salarial da função pública, e quer por a idade da reforma para além dos 65 anos, sem sequer olhar para os trabalhadores que ainda estão no activo, mas que tem poucas perspectivas de ver a sua vida e carreira profissional melhorar.

Quando se entrou pela primeira vez no mercado de trabalho, tínhamos como perspectiva os 35 anos de trabalho, entrámos cedo, é certo, mais cedo talvez do que outros, mas demos o corpo ao manifesto, nunca tivemos qualquer benefício, não há ninguém que defenda o pessoal que está entre os 50 e os 60 anos, pois que as vistas são muito, mas muito curtas, e quem está no poleiro, só olha para si próprio e para a sua conta bancária, a dos outros, que vivem inclusivé, com a conta ordenado, pouco são olhados, pois que quem governa quer lá saber, que se lixe o zé povinho. E este, deixa-se comer bem comido, até lhe chupam os ossos até ao tutano, pois que não sabe como fazer, não é nem economista, nem engenheiro e de contas públicas, percebe pouco. Provavelmente até prefere a fruta nacional, que é pouca mas saborosa, em vez de uvas da África do Sul, bananas da madeira apesar de pequenas, e ananás dos Açores em vez de outra qualquer fruta mais exótica.

Sim na verdade, os eternos esquecidos, continuam esquecidos, talvez por isso mesmo, é que nem Sócrates nem Passos Coelho sirvam para governar o país, talvez alguém que olhe a realidade da maioria da população portuguesa média, que com muita dificuldade vai vivendo consiga dizer, basta, não vamos lixar mais estes gajos, alguns deles à beira de se poderem aposentar, e viver o resto dos seus dias, calmamente e sem grandes sacrifícios. Talvez o Paulo Portas perceba que é melhor na realidade olhar para essa classe média, que de média já tem pouco, pois que é uma classe média culta mas pobre ou quase a entrar na pobreza, e que sempre se sentiu lixada para não aplicar um termo mais duro.

Talvez, talvez.... se este governo pedisse a demissão já que nunca soube fazer as contas, e que sempre desviou verbas comunitárias para outros interesses que não os reais, talvez, se vivesse um pouco melhor, se parasse e se pensasse, que o país não vive só de construção civil, mas vive da indústria e da agricultura, pois que sempre fomos um povo de agricultura, de pesca e de alguma e boa indústria que graças ao actual partido no governo, tem vindo a desaparecer, deixando o país à mercê de terceiros.
Com um abraço - Gregório Matias - Alêm Tejo

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