terça-feira, 31 de agosto de 2010
O MAIOR CASTIGO
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Portugal País de homens sem HONRA e sem Vergonha que nunca julgou Rosa Coutinho e outros seus iguais.
Só hoje me chegou às mãos um livro editado em 2007, Holocausto em Angola, da autoria de Américo Cardoso Botelho (Edições Vega). O subtítulo diz: 'Memórias de entre o cárcere e o cemitério'. O livro é surpreendente. Chocante. Para mim, foi. E creio que o será para toda a gente, mesmo os que 'já sabiam'. Só o não será para os que sempre souberam tudo. O autor foi funcionário da Diamang, tendo chegado a Angola a 9 de Novembro de 1975, dois dias antes da proclamação da independência pelo MPLA. Passou três anos na cadeia, entre 1977 e 1980. Nunca foi julgado ou condenado. Aproveitou o papel dos maços de tabaco para tomar notas e escrever as memórias, que agora edita. Não é um livro de história, nem de análise política. É um testemunho. Ele viu tudo, soube de tudo. O que ali se lê é repugnante. Os assassínios, as prisões e a tortura que se praticaram até à independência, com a conivência, a cumplicidade, a ajuda e o incitamento das autoridades portuguesas. E os massacres, as torturas, as exacções e os assassinatos que se cometeram após a independência e que antecederam a guerra civil que viria a durar mais de vinte anos, fazendo centenas de milhares de mortos. O livro, de extensas 600 páginas, não pode ser resumido. Mas sobre ele algo se pode dizer.
O horror em Angola começou ainda durante a presença portuguesa. Em 1975, meses antes da independência, já se faziam 'julgamentos populares', perante a passividade das autoridades. Num caso relatado pelo autor, eram milhares os espectadores reunidos num estádio de futebol. Sete pessoas foram acusadas de crimes e traições, sumariamente julgadas, condenadas e executadas a tiro diante de toda a gente. As forças militares portuguesas e os serviços de ordem e segurança estavam ausentes. Ou presentes como espectadores.
A impotência ou a passividade cúmplice são uma coisa. A acção deliberada, outra. O que fizeram as autoridades portuguesas durante a transição foi crime de traição e crime contra a humanidade. O livro revela os actos do
Alto-Comissário Almirante Rosa Coutinho, o modo como serviu o MPLA, tudo fez para derrotar os outros movimentos e se aliou explicitamente ao PCP, à União Soviética e a Cuba. Terá sido mesmo um dos autores dos planos de intervenção, em Angola, de dezenas de milhares de militares cubanos e de quantidades imensas de armamento soviético. O livro publica, em fac simile, uma carta do Alto-Comissário (em papel timbrado do antigo gabinete do Governador-geral) dirigida, em Dezembro de 1974, ao então Presidente do MPLA, Agostinho Neto, futuro presidente da República. Diz ele: 'Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. A FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e da sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a reconstrução daquela'.
Estes gestos das autoridades portuguesas deixaram semente. Anos depois, aquando dos golpes e contragolpes de 27 de Maio de 1977 (em que foram assassinados e executados sem julgamento milhares de pessoas, entre os quais os mais conhecidos Nito Alves e a portuguesa e comunista Sita Valles), alguns portugueses encontravam-se ameaçados. Um deles era Manuel Ennes Ferreira, economista e professor. Tendo-lhe sido assegurada, pelas autoridades portuguesas, a protecção de que tanto necessitava, dirigiu-se à Embaixada de Portugal
Muitos dos responsáveis pelos interrogatórios, pela tortura e pelos massacres angolanos foram, por sua vez, torturados e assassinados. Muitos outros estão hoje vivos e ocupam cargos importantes. Os seus nomes aparecem frequentemente citados, tanto lá como cá. Eles são políticos democráticos aceites pela comunidade internacional. Gestores de grandes empresas com investimentos crescentes
Para os portugueses, para a esquerda e para a direita, Angola sempre foi especial. Para os que dela aproveitaram e para os que lá julgavam ser possível a sociedade sem classes e os amanhãs que cantam.
Para os que lá estiveram, para os que esperavam lá ir, para os que querem lá fazer negócios e para os que imaginam que lá seja possível salvar a alma e a humanidade. Hoje, afirmado o poder em Angola e garantida a extracção de petróleo e o comércio de tudo, dos diamantes às obras públicas, todos, esquerdas e direitas, militantes e exploradores, retomaram os seus amores por Angola e preparam-se para abrir novas vias e grandes futuros. Angola é nossa! E nós? Somos de quem?
António Barreto - Sociólogo
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domingo, 29 de agosto de 2010
SOLUÇÃO FELIX....EX-COMBATENTES DESCARTAVEIS
Data: 08/29/10 18:26:56 Para: Undisclosed-Recipient:, Assunto: solução feliz
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.Solução feliz.
Soube ontem pelo Jornal Expresso que havia uma carta do “escriba” ALA em resposta ao “amável pedido” do Presidente da Liga dos Combatentes para que o dito ALA dissesse qualquer coisa sobre o assunto.
O jornal Expresso fez um resumito da carta em que focou essencialmente que “…os factos não servem para nada… que os dados em que ele se baseou estavam errados…mas que era um trabalho de ficção…etc e tal…”!
Não vi lá nada de pedido de desculpa aos Combatentes, nomeadamente aos que com ele estiveram no mesmo Batalhão!
Parece que a tal famosa carta foi publicada no jornal”I”, um jornal de “larga” difusão o que demonstra a grande consideração de quem a entregou àquele jornal para difusão!
Está mesmo a ver-se os nossos Combatentes, agora nos seus cinquenta anos, a ter nas suas aldeias o famoso jornal!
Mas pelos vistos, para o ALA e o Presidente da Liga, o assunto está arrumado!
Que os ofendidos não saibam de nada, não importa àqueles senhores!
E houve mesmo pedido de desculpa? O que vi foi argumentos para encher pneu e para os chefes(?) ficarem contentes e não terem de tomar atitudes que os viessem a prejudicar nas suas brilhantes e promissoras carreiras!!
Os Combatentes que metam a viola no saco, pois os ditos chefes(?) souberam agir com o máximo de amabilidade, como pessoas finas que são, não havendo, assim, prejuizo para ninguém!
Os Combatentes foram e continuam a ser apenas números e carne para canhão!
Já agora, gostaria que alguém me informasse como é escolhido o Presidente da Liga.
O que nos vale, é saber que o chefe(?) do Exército, como ele disse, se tem mantido sempre atento ao desenrolar destes acontecimentos!
E deu-se o milagre, já pode dormir descansado, pois não teve de actuar!
Perante a “solução feliz” que foi “tão árduamente preparada”, só me resta a mim, meter também a viola no saco e não me preocupar mais com as ofensas aos Combatentes!
Temos quem zela por nós com a maior competência e urbanidade.
Ao fim e ao cabo temos o que merecemos! Andamos sempre a criticar os políticos pelo modo como pretendem pôr as Forças Armadas numa posição de submissão, mas o que se vê, é como eles nos topam bém.
Pois se são eles que até escolhem os chefes(?)!
José Morais Silva www.portugalclub.org
Coronel da Força Aérea Reformado
Data: 08/28/10 23:51:08
Para: Undisclosed-Recipient:,
Assunto: "uma sujeira nova"
Aborrecimento instalado nos Emigrantes
Vieram de férias não gostaram do que viram e desabafaram
A Pátria está a esquecer os que a defendem e os que lhe pertencem
E o desabafo resume-se - Incêndios por tudo quanto é sítio, com mais de 3.000 fogos provocados por incendiários profissionais. Foram presos duas "mãos cheias" de aleijados, deficientes e alcoólicos, que não passam de uns 30, comprados para esse fim. São sempre os mesmos e até parece que já estão preparados para serem apanhados. Mas para se atear 400 fogos num dia, são precisos,, pelo menos uns 200 incendiários. A isto chama-se organização terrorista, com fins lucrativos financeiros à vista e, para o qual o nosso governo não apresenta solução. Estão a apagar o fogo com muita água.
Continuam a desabafar e, vão dizendo que estão contra quem nos vem governando. Portugal e os portugueses não tem protecção, porque as casas que muito lhes custou a comprar ou a conservar, ardem com a rapidez de um fósforo. Até parece de propósito, quando regressam, para que eles vendam tudo e não venham mais a Portugal. Estão admirados por os jovens e os homens dos lugares onde arde, ainda não terem feito uso das caçadeiras e abatido uns incendiários, porque outra protecção já não há. As Famílias que deixaram por aqui, estão inseguras. Choram na partida, porque ficam com medo de estarem sós.
Querem tirar as crianças das escolas das aldeias, para que não sejam controladas e educadas pelos pais, tios e avós. Querem fabricar "uma sujeira nova", com um ensino e educação centralizado nas cidades, à sua maneira e cheios de vícios para mais tarde os dominarem melhor. Que está tudo planeado e está fácil de se ver. E quanto aos Combatentes : A Pátria está a esquecer os que a defendem assim como os que lhe pertencem. ( Uma grande parte tem na ideia que os Combatentes são usados como preservativos - usam-se uma vez e deitam-se fora - daí o terem na ideia de que quem se oferece para o serviço militar, é um louco ignorante ou, um desprezado pela vida útil ).
Combatentes por Portugal - www.portugalclub.org
sábado, 28 de agosto de 2010
Sábado, Agosto 28, 2010
Julgamento de Mário Machado
PGR pede certidão de denúncias sobre família de Sócrates
A Procuradoria Geral da República pediu hoje ao Tribunal de Loures "informações sobre o envio da certidão" com declarações de um dos arguidos no julgamento de Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, sobre alegado favorecimento da família de José Sócrates.
"A Procuradoria Geral da República (PGR) continua a aguardar que o Tribunal de Loures envie a certidão
Rui Dias, condenado a uma pena única de nove anos de prisão efectiva pelos crimes de roubo, sequestro e coação, referiu a existência de documentos de fluxos financeiros que alegadamente envolvem familiares do primeiro ministro, ao depor na sessão de 30 de junho do julgamento de Mário Machado, na 1.ª Vara Mista do Tribunal de Loures.
Um dos oito arguidos que foram julgados em Loures pelos crimes de associação criminosa, extorsão, sequestro e outros, Rui Dias disse em tribunal que "tem documentos que referem o desvio de 383 milhões de euros", envolvendo "o tio, o primo e a mãe" do primeiro ministro, José Sócrates.
Gestor financeiro na área de mercados de capitais, Rui Dias salientou que "por causa desses documentos" é que está detido preventivamente e estava a ser julgado juntamente com Mário Machado, líder dos Hammerskins Portugal, movimento conotado com a extrema direita.
Rui Dias referiu que esses documentos "são originais e não cópias".
Mário Machado, que também interveio depois de um juiz do colectivo ter anunciado que iria enviar para a PGR a certidão, garantiu na altura que "os documentos estão em dois blocos escondidos em dois sítios diferentes".
José Manuel de Castro, advogado de Mário Machado, referiu que o alegado dossier integra "comprovativos originais de depósitos e transferências de bancos em paraísos fiscais" e entregou a documentação na PGR a 2 de Julho passado.
O juiz do colectivo da 1.ª Vara Mista do Tribunal de Loures sustentou a extracção da certidão pela "denúncia de factos graves".
Fonte: DN
Data: 28-08-2010 15:15:53 Para: Undisclosed-Recipient:, Assunto: Zé da Fisga | | | |
400% mais Polícia que no tempo do "botas"!
Segurança Pública (?); Guarda Republicana; Judiciária; Estrangeiros e Fronteiras; SIS; SIR; SIM; Judiciária Militar; PIDE, SEF, Informantes, regedores, Polícia Municipal; ASAE; GOE; Polícia Marítima; Polícia Militar; Brigada Anti-Corrupção(?); Brigada Anti-Estupefacientes... Anti-Fogos... etc...etc...
Amigo Zé da Fisga - posso tratá-lo assim?
Concordo em parte com aquilo que escreve sobre o trauma que revela os problemas psicológicos guardados no fundo da memória, mas só em parte, reafirmo, porquanto em Portugal não são os mais novos e os mais velhos a não quererem saber da política, porque se não são os mais velhos a servir de consciência patriótica, os mais novos não o fazem... apenas e tão só porque os sucessivos Governos (?) que ultimamente têm "passado" por Portugal apenas têm feito isso: PASSADO, porque para eles não interessa o futuro, que é coisa capaz de dar muito trabalho a construír, porque deriva do pensamento, da vontade e da competência, e isso eles, (des)Governantes, não têm nem lhes interessa procurar adquirir. Não dá dinheiro fácil e eles não têm tempo a perder, porque os mandatos são curtos e os que estão à espera de subir na vida, vendendo o seu voto a quem melhor lhes paga, não estão dispostos a esperar muito para ascender aos píncaros do poder monetário.
Já reparou, Amigo Zé da Fisga, que teve de emigrar e manter-se nessa posição de emigrante por quase 50 anos e ainda não vi o seu nome na lista dos mais ricos do País? Será por incompetência? Não acredito! Será por falta de sorte? A sorte é madrasta, por vezes, mas também não creio que seja esse o motivo! Então apenas pode ser porque é honesto demais para usar de expediente capaz de lhe fazer crescer o dinheiro de um modo desonesto! Gosta de ter o fruto do seu trabalho e nada mais que isso!
Pois é... mas como explica o meu Amigo que em Portugal, apesar da crise que é latente, o número de milionários haja crescido? Que milagre permite haver 72% de pessoas que ficaram mais pobres nos últimos 10 anos e 11% que viram aumentadas as suas contas bancárias, sendo que 10,3% se tornaram novos milionários? Mas não vê os mais idosos incluídos nesses números. Apenas os "BOY's" alinhados com os Partidos do poder contam nessa estatística. Os velhos estão condenados pelo sistema que nos diz governar, pois não é por acaso que vemos serem retiradas valências no apoio médico/social, económico/laboral ou psico/social às classe mais carenciadas da nossa sociedade.
Nós sabemos o que foi o exílio dourado de alguns dos nosso antigos e actuais políticos. Sabemos que para eles os Combatentes são uma praga que tem de ser erradicada... e "eles" estão empenhados em o conseguir. Como? Basta olhar a maneira como estão a tratar aqueles que os colocaram no poleiro, quando fizeram o 25 de Abril. A uns, aqueles que aderiram à partillha da gamela de onde todos vão comendo a carne dos que trabalham e bebendo o suor daqueles que pretendem não baixar os braços... esperando que algumas migalhas sobrem para eles.
Já reparou o meu Amigo
Fala na "Racção de Combate"... que muita me passou pelas goelas, quando no Ultramar. Já reparou que somos um País bestial? Até damos comida de cozinha internacional aos nossos actuais Militares. Sem qualidade aquela mistela espanhola que dão nas actuais racções de combate... mas o nosso Ministério da Defesa é o maior, pois até serve comida digna do RITZ ou do MELIÁ!
Diz bem: Fomos usados e deitados ao lixo! Mas... o Povo é sábio e continua a votar nos mesmos! Será masoquismo ou ALZHEIMER, como muito bem diz? Eu julgo que é ignorância, misturada com alienação, com descrença, com Alzheimer e uma dose elevada de fé, pois pensam que a hora deles vai chegar... um dia... talvez quando morrerem de tristeza por verificarem, tarde, que foram uns anjinhos e deram a quem não deviam o poder de mandarem nos seus destinos.
Victor Manuel Elias - Sintra
CORDEIRO ANTUNES....RETRATA-SE
Por acaso conheci nos meados da década de 80 este senhor que era muito falado e admirado por amiga minha (que não vejo desde esse tempo) que leu o seu 1º livro (eu nunca li nada) e o achava um GÉNIO, e como ele fez muito mal a uma outra amiga minha (minha vizinha e) eu achavo-o já uma pessoa completamente destrambulhada até na voz e dicção – talvez porque ERA psiquiatra (que nem sei se exercia) e desapareci desse grupo de intelectuais – aliás desapareci de muitos grupos
Tinha mais que fazer – mas recordo como se fosse hoje e nunca pensei que através dos Heróis do Mar viesse a pensar na criatura, excepto que ouvi (e vi na TV) a entrevista na TV, creio que já este ano, sobre a sua especial GUERRA ANGOLANA que achei fantasmagórica, como achei a guerra de ALEGRE, pois que ambos são da IDADE de meu irmão que em 1961 esteve, de facto, em Angola (Salazar + Dondo + Nambuangongo +++ não sei e foi condecorado e medalhado e há uma caixa (em posse de seu filho) cheia de louvores do actual coronel ainda vivo Loureiro dos Santos, de quem meu irmão dependia através do então na altura, capitão Durão)e nada de nada contou – excepto que ia do mato a Luanda quando lhe permitiam, e faziam 400 km para ir a Luanda como quem faz apenas 40, para passar um bocado
Meu irmão nunca falou do que viveu – excepto com os “seus” com quem se encontrava, mas não muito – some mostrou as suas condecorações e louvores e já nossa mãe tinha ido embora
Deus mo levou já há dois anos e creio bem pelo que senti, que ficou para sempre marcado e sofrido, mesmo tendo tido “uma vida normal de se casar e ter filhos e a sua casa” e nunca se falou em stress de guerra nem nunca vi ninguém ter essa preocupação da parte do Governo
Fiz eu o que pude e nunca o deixei só pois sabia que só a minha presença era uma bênção – o que fiz até ao último dia da sua vida pois tínhamos uma ligação de irmãos-gémeos
FAZ-me mal pensar em tanto sofrimento calado e que nem nunca sequer tentei violar porque o silêncio é de oiro
Faz-me mal recordar como também vivi a minha guerra, de nosso paizinho (que também esteve em Cabo Verde em 1942), da profunda tristeza calada de nossa mamã
Sem estar lá, vivi a sua guerra em quadruplicado, por eles todos e tive de ser o esteio em que todos se apoiavam e hoje sou eu que não tenho nenhuma bengala, nem o do seu olhar de esmeralda, no meu, pois era quanto bastava para nos entendermos
Quando vos leio, desde Setembro 2009, vem-me à memória tanta coisa que precisava tanto de afastar, mas que me entrou em casa sem eu esperar nem sequer procurar nem saber que existia tal GRUPO Heróis do Mar e forma de comunicação – aceito que esse “acaso de invasão acidental do meu mail tenha vindo por bem”
Só pode – não aceito outra situação já que de entre vós há um senhor que me enviou, por duas vezes, um MAIL extremamente OFENSIVO e brutal e ameaçador
Tenho pena que o que escreveu não mo tenha dito cara a cara pois que lhe apertava algo que ele não gostaria de ser apertado e nem sei o que teria eu escrito que tanto o OFENDEU – nem sequer ASSINOU o nome – escondeu-se, como outros que usam pseudónimo
Mas está omnipresente tanto este senhor que foi tão LESTO a ofender quem nunca viu nem sabe se sou gorda ou magra, velha ou nova, bonita ou feia, estúpida ou o que quer que seja
Mau irmão deixou-me muito cêdo – Deus assim quis – ficam as memórias do BOM e do SOFRIMENTO
Tudo omnipresente
Que xatice de guerra de Angola para a qual não contribuí nem directa nem indirectamente e me veio ENTRAR em casa desde 1961 – nem lembro o mês nem o navio que levou meu irmão cheio de gente como lata de sardinhas
Meu irmão era menino de 19 anos – e eu também – nem os estudos tinha eu ainda acabado e bem difíceis foram com ele ausente sem nunca se saber se regressaria, ou não – éramos família unida – mas silenciosa e parece que ainda vejo minha mamã guardar o último cabograma no bolso do avental, como se fosse o último mas na esperança de chegar outro – e chegou – chegou ele
Inteiro e DIREITO mas destroçado por dentro que só nós víamos mas nunca mostrou
E lá acabou os estudos interrompidos e teve uma grande profissão
E lá se casou – tarde – e teve um filho e teve um neto que o fez, finalmente, feliz
O coração vê – era como eu via com o meu coração
Hoje não enxergo NADA
E muitas vezes me custa ler os MINOS com que muitos tratam outros tantos como se a GUERRA nunca tenha acabado – já lá vão 40 anos desde a partida de Alcântara MAR
Um dia se alguém quizer fazer um ARQUIVO histórico, se é que não existe já, enviarei scanarizadas, fotografias de meu irmão no seu Willis e com alguns “camaradas de armas”
A GUERRA até entrou num dos locais onde trabalhei 12 anos – éramos 60 técnicos pois que era um Gabinete Técnico com missão especial – mas INVADIDO em 1968 até perfazer 1200 – alguns foram grandes estupores – “retornados” – mentirosos e maus técnicos – por mim nem seriam – os “diplomas” não tinham tido “tempo de os encontrar”e trazer
E lembro a tristeza de milhares de caixotões espalhados pelo cais ao longo do rio – tantos a apodrecer e as pessoas a ficar sem nada do que continham
E lembro que foi a maior Ponte Aérea do mundo (excepto talvez o êxodo dos judeus) quando os habitantes de Angola e Moçambique tiveram de regressar a CASA
Pois como é que se esquece e apaga tais imagens da minha memória ???
RAIS parta os homens que matam homens e desgraçam as famílias
Muito gostam os homens de guerra e de matar
Nem coelhos se mata
Comam SILVAS
Fazem TOURADAS - é ARTE ou matança ??? – tradição ou atrazo MENTAL ???
Estão na Idade Média ??? ainda ???
Abandonam animais ??? porque os compram para os seus filhinhos e depois os deitam na RUA ??? Que animalidade
Só o leão mata a pacaça pois tem de comer e até isso me faz impressão – já nem posso ver a natureza cruel
E homens iguais a BICHOS ??? Qual a diferença ???
É uma condição do “masculino” ??? E até matam MULHERES ??? e metem-nas em BURKAS ???
Raios que os partam os Lobos Antunes & os outros
Até na ESTRADA MATAM – têm carros que só têm acelerador e em dia de chuva e nevoeiro não ENXERGAM nada – o que é preciso é ANDAR a mostrar o TOPO de GAMA
Pois é, eu e meu irmão não fomos educados assim – tínhamos animais em casa que morriam de velhos e trazíamos para casa os “abandonados”
A civilização do homem é muito incivilizada
Começou na TV 5 um programa da BBC de um eis corrector da City (ainda muito novo) que deixou os 300 mil euros de bónus e ordenado chorudo e deixou o trabalho de BOLSA e fala das aldrabices dos fundos de investimento
Quem me dera que toda esta aldrabice estoirasse – o problema é que os malandros escapam sempre
Quem me dera que todas as BOLSAS rebentassem e se voltasse a aprender a trabalhar sem ALDRABÕES que desgraçam a VIAD do homem comum
Um juiz de NY resolveu combater a mesma situação – mas a BOLSA voltou ao mesmo – mas a JUSTIÇA anda a tentar levar mais a sério
O mundo é de facto uma PORCARIA de aldrabões – o Merryll Lynch deve milhões de milhões de dollars mas outro banco o SALVOU comprando-o
O mundo é um monte de merda pior do que a que o meu gatinho faz duas vezes por dia e eu limpo com cuidado e atenção pois é sinal de que tem SAÙDE
Não sei se foi por me agoniar o “caso Lobo Antunes” que acabei por falar em cocó de gato
Pois tenho de apagar a TV que só dá crimes e criminosos e guerras e aldrabices bolsistas e POLÍTICOS que são uma desgraça
Que década danada – cheira tudo mal
O mundo perdeu a graça – ou eu era ainda mais parva quando não via o que vejo agora e me agonia como me agoniam os caçadores que estão xatiados com o ministro que os impede de caçar rolas não sei quando
Podiam antes caçarem-se uns aos outros – em terra QUEIMADA coo está o país coitadas das rolas que nem têm de comer – se calhar nem há rolas
Acho que o mundo é de facto terra queimado com e sem incendiários
Há dois meses que a TV depois das 24 horas só tem publicidade a topos de gama + golfes + bolsas + não sei quê
Acabei eu de comprar uma TV nova – não sei para ver o quê
Vou escrever o meu paper para o congresso de Novembro
PARABENS aos Heróis do MAR que refilaram tanto que conseguiram CALAR o LOBO Antunes e pelo menos levá-lo a retratar-se – é preciso repor as coisas no seu lugar – a justiça dos homens é uma porcaria mas alguém tem de ajudar a repô-la – já basta de SELVA
O resto não me interessa
mcor Celeste Ramos www.portugalclub.org
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O ZÉ
De: HEROISdoMAR Data: 08/27/10 16:13:54 Para: Undisclosed-Recipient:, Assunto: Zé da Fisga
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Zé da Fisga
Trauma e a revelar os problemas psicológicos que estão guardados no fundo da sua memória,
Sou emigrante há quase cinquenta anos, Segundo aquilo que eu vejo e que ouço em Portugal… os jovens e os mais velhos não querem saber da política. Quase da maioria portuguesa, são indiferentes, descrentes dos políticos.
Um povo que não se interessa pela política do seu país é devorado pelas leis pelas injustiças, pela corrupção, mentiras e o ínvio de jovens para a guerra para outros países. Nós conseguimos resolver os problemas dos outros mas os nossos não.
Os “jovens e adultos não sabem e pouco querem saber da vida política nacional”.As pessoas entrevistadas por mim como familiares, amigos e conhecidos por dizem que não estão interessadas pela política porque não acreditam.
Os jovens, quando trocarem o mundo adolescência pelo mundo do trabalho, quando começarem a sentir as dificuldades da vida, depois das ilusões do facilitismo e ao caírem no stress do dia-a-dia e frustrações dos sonhos não realizados, vão descobrir que a política e os políticos que têm responsabilidades que condicionam a vida das pessoas.
Votam candidatos ou partidos politico só por simpatia é completamente errada. Há que dar uma oportunidade aos partidos pequenos. Os grandes já, sabemos o que eles são.
Os ex-combatentes são milhares estes também não acredita até ao dia de hoje, nesses corruptos.
Lutaram pelo um dever e depois fomos deitados para a lixeira. Lutar e morrer pela pátria e viver sem razão.
O que é que estes políticos sabe de guerra? Nunca puseram lá os pés? Claro que não!... Estavam todos no asilo político na Franca, na Alemanha e noutros mais países, viveram á custa desses contribuintes. Outros sentados nas suas poltronas a verem o café, o açúcar os diamantes e o petróleo a correr, hoje já não se lembram teem Alzheimer já são velho demais para essas coisas! Enquanto nós demos o cabedal ao manifesto, enquanto eles bebiam champanhe de cem euros e Comia e bebia do melhor nós a comer ração de combate. www.aloportugal.org
Zé da Fisga
A EUROPA VAI SER COMPRADA PELA CHINA E ARABES
Sexta-feira, Agosto 27, 2010
A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes
A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes
A Alemanha quer o euro porque quer redesenhar o mapa monetário mundial. A China quer o euro porque não quer ficar sozinha com os EUA. Portugal, para sobreviver, vai ter de tirar partido da globalização. No cenário, optimista, de a globalização sobreviver à crise.
José Manuel Félix Ribeiro, economista, em véspera de aposentação, foi subdirector-geral do Departamento de Prospectiva e Planeamento (DPP) e foi aí que produziu os mais conhecidos exercícios de cenarização sobre a economia portuguesa, sobre os futuros possíveis da Europa ou do mundo. Raramente dá entrevistas. O que pensa é o produto de uma mente brilhante somada a uma vasta informação sobre o que se passa no mundo: em Pequim ou na casa real saudita, nos sectores mais inovadores dos EUA ou na prodigiosa empresa de petróleos norueguesa. Evita opiniões taxativas sobre o país. Fornece hipóteses num contexto internacional de profunda incerteza. Polémico e pessimista.
Vivemos uma tripla crise: mundial, europeia e nacional. Podemos começar por aquela que mais nos condiciona, a crise europeia. Como é que a Europa pode sair daqui?
Estive recentemente na Universidade Católica do Porto para falar dessa questão e resolvi fazer uma coisa sobre a Europa, o euro e a China. A minha ideia, que pode estar completamente errada, é que temos de começar por compreender por que é que os alemães foram forçados a aderir ao euro e que o euro, na prática, não é uma resposta europeia à globalização. É, antes do mais, uma resposta à unificação alemã.
E uma resposta política, antes de ser económica.
Política. Não vejo que a Alemanha queira sair do euro nem que a sobrevivência do euro esteja
A Alemanha quer preservar o euro mas em que condições?
O que está em causa é a necessidade de consolidar o controlo sobre o euro para que possa ter um papel muito mais importante no futuro. E esse controlo tem de ser acompanhado por outra coisa: a Alemanha quer pagar o menos possível para salvar economias que vê como relativamente inviáveis.
As economias da Europa do Sul?
Sim. E o problema é que hoje a Europa do Sul, ao contrário do que aconteceu nas décadas anteriores, já não é um mercado fundamental para a Alemanha e os alemães vêem-na como um peso que não querem ser os únicos a ter de suportar.
Está a dizer que a Alemanha ficaria satisfeita se os países do Sul saíssem do euro? Isso não seria a sua condenação?
Não vou dizer isso, porque não sei. Essa é a discussão sobre o que quer realmente a Alemanha. Apenas acho que não quer sair do euro, a não ser que seja completamente forçada. Eles quiseram pregar um grande susto à Europa. Mas mesmo um grande susto. Querem impor alguma ordem. Não sei se querem mais alguma coisa.
A UE, tal como existe, ainda é aquela que serve os interesses mundiais da Alemanha?
O que me parece é que os alemães têm uma estratégia clara na qual a China e a Rússia são chave. A China, para venderem aquilo que produzem, e a Rússia para comprarem energia e também desenvolverem a industrialização. Entre a Rússia e a China, a Alemanha tem uma nova estratégia. Mas também admito que não possa separar-se completamente dos Estados Unidos. O ideal, para ela, era que os EUA se dessem bem com a Rússia. Isso favorece o jogo alemão porque pode pôr em prática [a sua estratégia] sem ter de fazer escolhas.
Onde é que entra a China?
A Alemanha sabe que pode contar com a China porque Pequim não quer ficar sozinha com o dólar para o resto da vida. A China é a única entidade no mundo convictamente empenhada - pelo menos enquanto esta direcção lá estiver - em que o euro não se afunde. Quer ter outro parceiro que não seja apenas o dólar e, portanto, no que puder ajudar, fá-lo-á. Comprar dívida emitida por entidades europeias...
Já está a fazê-lo.
Só que há aí um outro problema: a China não sabe muito bem o que é isto da União Europeia, deve fazer-lhe alguma confusão esta coisa de 27 países que decidem tudo numa grande conversa. Precisa de alguém em quem confiar e acho que confia na Alemanha. Os alemães sabem que têm as costas quentes, que a entidade mundial que mais pode ajudar o euro está com eles. Estão relativamente à vontade. Quem deve estar relativamente aflito é a França. São os que vierem a seguir [a Merkel e a Sarkozy] que vão ter, ou não, alguma capacidade para se entender.
Sobre quê?
Não sei. Mas a essa pergunta só se pode responder com outra: os outros países, que não a Alemanha, para onde é que podem ir? Para lado nenhum. A Alemanha está bastante à vontade.
Mas há também fragilidades dentro da própria Alemanha que não tornam as coisas assim tão simples. A Alemanha tem dois problemas. O primeiro é que é uma economia muito exportadora mas não é inovadora. Não há nada de novo que a Alemanha tenha criado nos últimos 50 anos. É extraordinária a melhorar aquilo que já faz há quase 150 anos: automóveis, mecânica, química. Está muito bem adaptada para fornecer países que se industrializam, que se urbanizam e que se motorizam. Mas tem uma grande dificuldade em inovar sobretudo quando as economias desenvolvidas passaram a ser economias terciárias. No sector dos serviços, já praticamente não há um nome alemão.
Isso quer dizer que o seu modelo pode esgotar-se rapidamente?
Isso quer dizer que está esgotado e que ainda tem vida apenas porque há economias emergentes. O segundo problema é que o modelo alemão, em termos financeiros, é totalmente oposto ao dos EUA e ao do mundo anglo-saxónico - é um modelo centrado nos bancos.
Os alemães continuam a poupar muito e a colocar muitos depósitos nos seus bancos. Esses bancos tinham tradicionalmente uma relação muito estreita com a indústria alemã, para onde canalizavam o seu dinheiro. O que acontece é que hoje a grande indústria alemã financia-se nos mercados de capitais, que são uma invenção anglo-saxónica. Com muitos depósitos a afluir e com menos negócios tradicionais para aplicar o dinheiro, eles tiveram de ir à procura de aplicações altamente rentáveis e foram comprar coisas como o subprime, do qual foram os segundos grandes compradores. Importaram um vírus que o seu sistema imunitário não tem capacidade para gerir. E, então, para tentar obter novas receitas que lhes permitissem apagar os prejuízos que aquilo ia criar, lançaram-se a comprar dívida soberana dos países do Sul [da Europa].
E estão amarrados de pés e mãos.
É essa a minha opinião. E isso é uma segunda grande fraqueza, que limita a margem de manobra alemã. Os espanhóis já percebem isto perfeitamente e sabem que um default desorganizado da Europa do Sul lhes seria fatal... Isso faz com que haja um factor de coesão mas, ao mesmo tempo, de muita tensão: os espanhóis não gostam de ser maltratados e os alemães de estar amarrados.
O modelo alemão tem as limitações que descreveu. O modelo anglo-saxónico está a atravessar uma crise. Como é que a China joga com isto?
Não sei, mas admito que quem deve estar assustado são os chineses.
É preciso compreender a crise financeira de 2008. Os EUA são uma economia que tem défices correntes com toda a gente - com a Europa, com os produtores de petr? leo, China, Japão, Taiwan. E isso é uma coisa absolutamente lógica. Os EUA permitiram que a Ásia se desenvolvesse ao transferirem para lá a produção de muitas das coisas que consomem. O que acontece é que nenhum dos outros possui um sistema financeiro próprio capaz de reciclar essa quantidade toda de dólares e, por isso, tem de recolocá-los nos EUA. A questão fundamental é que os Estados Unidos têm de produzir activos em que toda a gente confie e queira comprar como forma de colocar as suas poupanças. O grande problema que penso estar na base desta crise financeira foi que, pela primeira vez, os EUA não tinham activos suficientes para colocar. O Lehman, o Morgan Stanley, eram absolutamente cruciais na economia mundial porque são eles que transformam latão em ouro e que o colocam à venda no mundo inteiro. Não vale a pena dizer que a crise se deve a um bando de gananciosos. O grande problema, que pode marcar o fim da globalização e o declínio americano, é a incapacidade de produzir esses activos.
Este modelo de globalização tem de ter sempre no seu centro os Estados Unidos, com os seus défices. Que funcionam como uma espécie de capital de risco do mundo inteiro.
A China tem a noção disso?
A China precisa dos EUA mas não quer que a Europa desapareça do mapa e fará tudo para ajudar a mantê-la. Já está a comprar títulos de dívida gregos e espanhóis.
A questão é outra. A Espanha andou a criar uns leitõezinhos que já são muito apetitosos: a Telefónica, a Repsol, a Iberdrola, etc. No nosso caso, a Galp, por exemplo. Penso que esta crise é aquela em que alguém vai dizer: meus caros amigos, é altura de os leitões irem para o mercado para serem comprados por quem tiver dinheiro para comprar. O pior que pode acontecer nesta crise é haver uma transferência maciça da propriedade no Sul. É os chineses comprarem tudo o que lhes interessa na Grécia - o Pireu, os armadores...
E em Espanha e Portugal?
Os árabes, talvez. A Europa vai ser salva pelas compras dos chineses e dos árabes e, no caso português, também dos angolanos. Esta é a parte económica, que pode ser muito complicada pela parte geopolítica.
Como?
Em boa medida, por causa da energia. O abastecimento energético da China é um problema-chave para o seu futuro. Eles tinham três hipóteses de o resolver. A primeira era irem para o off-shore do Mar do Sul da China, mas aí tinham um grande problema. A China é uma entidade que não existe, economicamente falando. Tem a fatia costeira que faz parte do mundo da globalização e tem o resto. Esta parte costeira viveria muito bem sem nenhuma ligação com esse resto, da mesma maneira que vivem os coreanos, os japoneses, os taiwaneses, exportando produtos e importando o que não têm. Esta zona próspera e em crescimento - foi esta zona que os EUA arrancaram do atraso - tem toda a vantagem na continuação da globalização, dificilmente pode viver sem ela.
Se os chineses fossem para a opção do off-shore, esta região ainda ficava mais independente e ainda precisaria menos do resto da China. O poder em Pequim tem perfeita consciência do risco que isso comporta e, por isso, defende uma segunda hipótese, a hipótese continental, em que tem de ir buscar o petróleo e o gás à Rússia e, sobretudo, à Ásia Central, que tem de atravessar toda a China. Isso permite-lhes convencer essa China da faixa litoral de que precisa do resto do país e de que precisa do poder central para organizar isto tudo.
A terceira alternativa é dizer: para já, vamos ao Golfo Pérsico e a Angola buscar a energia de que precisamos. Isso tem um problema: as linhas de comunicação marítimas são extensíssimas e quem garante a sua segurança é a América. A dada altura deve haver uns almirantes loucos em Pequim que vão dizer: temos de constituir uma grande marinha. E no dia em que decidirem fazer isso a guerra está no horizonte.
Isso contraria a nossa ideia de que o desenvolvimento ajudará a integrar a China.
Ninguém liga nenhuma a estas coisas mas elas são fundamentais. O poder em Pequim tenta resolver este imbróglio optando pela Ásia Central. Mas aí vamos ter ao Afeganistão. No dia em que os americanos saírem, vamos ter a Índia, que não quer que os chineses vão para lá; os russos, que não querem que os chineses vão para lá; e os chineses que vão entrar lá de mãos dadas com os taliban com que estavam a negociar antes do 11 de Setembro. Porque o controlo sobre o Afeganistão é a chave para uma estratégia de abastecimento por via da Ásia Central. É a única que lhes permite resolver o problema dos almirantes loucos.
Ou as rotas ou o Afeganistão?
E uma terceira, que é quando [a secretária de Estado Hillary] Clinton vai ao Vietname e declara que os EUA querem pacificar o Mar do Sul da China, que é precisamente onde os chineses também podem ir buscar petróleo. Em todos os sítios onde eles querem ir buscar petróleo, os americanos estão envolvidos.
Neste jogo global, qual é o papel da Europa?
A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes.
E se isso, por hipótese, acontecer, que papel lhe resta?
Vai dividir-se em dois grupos. O Reino Unido já foi à Índia dizer que os paquistaneses eram uns patifes, porque sabe que eles são os aliados da China para este jogo. O que [o primeiro-ministro David] Cameron foi lá dizer agora foi o seguinte: nós estamos com a Índia e não com a China. Está a ver perfeitamente o jogo e ficará deste lado.
Quanto aos árabes, ainda não consigo perceber verdadeiramente o que querem. Há na OPEP um conjunto de gente que quer atacar a importância do dólar e deixar de depender de um dólar que eles temem que vá colapsar.
E também lhes interessa apostar no euro?
Exactamente. Vão continuar a dispor de grandes excedentes que lhes dão para comprara a Repsol e os outros leitõezinhos. Vamos ter uma Europa cheia de príncipes nos conselhos de administração e de chineses a financiar os Estados. E isso vai permitir que a Europa sobreviva.
Sobreviva?
É o nosso pequeno mundo. O grande mundo é a OPEP e também o Irão, a China e os EUA.
Como é que nós, portugueses, nos vamos adaptar a esta nova situação?
Penso que os alemães simpatizam connosco. Investiram cá, têm uma boa experiência, e não fizemos nada recentemente que os levasse a mudar de atitude. Portugal acumulou um capital relativamente à Alemanha que é positivo e que o distingue da Grécia. Mesmo passando entre os pingos da chuva, não estamos assim tão mal no nosso relacionamento político.
Com a Alemanha? Nos cenários que fez em 2002 colocava três alinhamentos possíveis - a opção ibérica, o alinhamento francês e a "Casa de Borgonha", que seria com o Benelux. A ibérica está em discussão - entre eles e entre nós. A França está em situação difícil e o Benelux falhou.
Não sei. Eu estou à janela e apenas posso dizer: aquele que está a passar ali vai ser atropelado. Penso, no entanto, que a Holanda continua a ser crucial e, quando a Bélgica se desintegrar, a Flandres pode ser a nossa maior amiga. É preciso reflectir muito sobre isto, mas creio que há três países que nos interessam: a Alemanha, a Holanda e a Noruega.
A Noruega?
A Noruega devia ser o nosso aliado principal por causa do petróleo, do mar e da exploração da plataforma continental.
Alguns dos cenários do exercício que fez mais recentemente [Portugal 2025 - que funções no espaço europeu, cuja recente actualização considera quatro cenários: "Florida Europeia", "Plataforma Asiática", "Escócia do Sul", "Ponte Atlântica"] consideram a plataforma energética que poderíamos constituir como relevante.
Exacto. Por isso, a Noruega é um parceiro possível - é atlântico e está muito próximo da UE. Fizemos um trabalho sobre as empresas energéticas na Europa e a Statoil [norueguesa] é uma coisa extraordinária - a forma como eles conseguiram estar no mundo inteiro. Mas falo da Noruega se decidirmos fazer uma aposta na plataforma continental, na sua extensão. Os alemães podem também estar interessados, porque não têm mar. Mas entre alemães, noruegueses e holandeses... A Noruega e a Holanda são o mundo atlântico. A Alemanha é o mundo europeu de que não podemos fugir.
Isto não tem de ser contra a Espanha...
Mas há um elemento permanente na cenarização para 2025 que passa pela ideia de que não deveremos ser apenas a fachada atlântica da Espanha.
Esse problema existe, só que uma parte da elite portuguesa não o quer ver. O actual Governo era "Espanha, Espanha, Espanha". Cavaco Silva era "Espanha, Espanha, Espanha". Temos de ter uma boa relação com a Espanha. Isso está fora de causa, mas temos de ver é como é que fazemos isso.
Voltando aos cenários. Parece-me comum a todos que a geografia volta a ganhar peso, depois de ter sido, de algum modo, absorvida pela Europa. É essa a mudança?
A questão central é que, em qualquer dos cenários, Portugal tem de se tornar mais atractivo. Na nossa encarnação anterior, não precisávamos de ser particularmente atractivos. Bastava sermos bem-comportados, cumpridores das normas europeias. Isso até nos criou alguma respeitabilidade. Íamos subindo os degraus.
O que me parece é que, neste estado de tensão em que a Europa vai estar, temos de ter uma maior consciência daquilo que podemos querer.
Que já não pode ser o mesmo?
O nosso percurso de convergência com a UE foi interrompido há 10 anos e agora agravado pela crise.
A resposta que foi dada à crise por este Governo é muito interessante. É uma resposta de emergência, mas o facto é que fomos ter à Líbia, Argélia, Venezuela e Angola. A primeira razão é o petróleo. Mas há outra coisa em comum: à excepção de Angola, todos têm relações tensas com os EUA. Fomos à procura de parceiros que estão completamente fora do nosso alinhamento estratégico, embora pudessem dar bons negócios. Conseguiu-se aumentar as exportações para esses países. O primeiro-ministro fez como Paulo Portas: passou a ir às feiras. Estava habituado a andar nos supermercados e passou a ir às feiras. Não estou a pôr isso em causa, possivelmente não podia fazer outra coisa...
É aí que entram os outros cenários. Num dos que considera, podemos transformar-nos numa plataforma intercontinental alinhada com a Ásia, em que o investimento que substitui o alemão é o asiático...
Mas que se insere muito bem nesta estratégia da Europa próxima da Ásia... O primeiro-ministro chinês, nas declarações que fez sobre o euro, disse que não nos podemos esquecer que a Europa é sempre um campo de investimento prioritário para a China.
E há ainda outro cenário que é o "escocês"...
Esse é apenas se houver descobertas de petróleo e de gás no nosso off-shore, o que provocaria uma grande mudança. Mas mesmo não havendo petróleo, esse cenário não é impossível. Utilizei a ideia da Escócia porque ela se desenvolveu muito fornecendo serviços de engenharia para o Mar do Norte. Desse ponto de vista, a bacia da África Ocidental podia ser o nosso Mar do Norte. Essa função podia ser desenvolvida aqui e o Brasil pode ser um parceiro fundamental.
No outro cenário, o da "ponte atlântica", estamos com o Brasil mas mais numa posição subalterna. É a ideia de que a CPLP pode ter indonésios, australianos - é aquele em que podemos tentar fazer do mundo de expressão portuguesa uma força. Penso, no entanto, que só temos interesse nisso se conseguirmos alinhar mais o mundo de expressão portuguesa com o mundo de expressão anglo-saxónica. Porque o primeiro, sozinho, nunca tem muita força.
O que também há de comum é a ideia de que deveríamos aproveitar melhor a globalização...
Estes cenários são do DPP, mas são feitos por mim. Se o DPP tivesse de se pronunciar hoje, preferiria que eu nunca os tivesse feito. Está numa posição muito melindrosa. A maneira como encaram isto, os mais novos, é diferente. Tudo isto foi feito por uma geração - a nossa - que foi ensinada desde pequena na gestão dos conflitos e na paixão pelos conflitos. A geração deles é a geração da procura da felicidade.
Só que a crise mundial obriga-nos a pensar no que pode correr mal.
O grande problema é que a adesão à moeda única teve como consequência uma fuga generalizada perante a globalização. Quem se endividou mais não foi o Estado, foram os bancos, para alimentar o consumo interno. E esse consumo é uma forma de alimentar as exportações alemãs e italianas, etc. Isso teve duas consequências: facilitou as importações e criou uma atracção enorme pela terra e pelo investimento no imobiliário como grande forma de obter lucro. As famílias podem consumir importando porque têm financiamento bancário e o sector empresarial tem uma oportunidade enorme em torno da terra - da terra para os portugueses e depois, pelos PIN [Projectos de Interesse Nacional], a terra para estrangeiros. Foi esse o esquema que nos levou a uma situação muito complicada. Temos cada vez menos para oferecer para o exterior. O facto de deixarmos de importar não acho mal, o problema é que se criou um sector de emprego muito grande à volta daquilo que se importa. Basta ir aos centros comerciais.
E os grupos económicos e a banca vivem do mercado interno.
No ano passado, a ANEOP [Associação Nacional dos Empreiteiros de Obras Públicas] fez uma publicação maravilhosa que dizia o seguinte: a construção, ela própria, representa 8 por cento do PIB em 2009; o cluster da construção no sentido mais alargado - matérias de construção, promoção imobiliária, serviços ligados à habitação, obras públicas - representa 18 por cento do PIB e absorve 72 por cento da totalidade do crédito concedido pelo sistema bancário. O que sobra é para as PT, as EDP e o resto é nada. É um problema diabólico.
Precisamos de atrair investimento, o que pode implicar várias coisas, entre as quais um sistema fiscal mais competitivo.
A fiscalidade não é tudo. Trouxemos cá o presidente da Infosys [empresa indiana líder mundial nas tecnologias da informação], o senhor Murty, para uma coisa sobre as tecnologias da informação. Queríamos trazer alguém de topo no sector e que fosse indiano. O senhor foi capa da Time mas aceitou vir cá com muita facilidade, trouxe a mulher e umas amigas da mulher que eram goesas, foram aos Jerónimos e tudo isso. A certa altura, quando o trazíamos do aeroporto, perguntámos-lhe porque é que nunca tinha investido
Quando foi isso?
Em 2007. Levámo-lo à Agência de Investimento, onde foi muito bem recebido e lhe explicaram que Portugal era fantástico, não tinha greves, era flexível, o IRC era de 25 por cento. Ele ficou calado todo o tempo. Até que lhe perguntaram o que é que achava. Ele respondeu mais ou menos isto: "Achei tudo muito interessante, mas só quero fazer uma pergunta: eu posso premiar os melhores ou não?"
Essas quatro coisas que ele mencionou têm todas a ver com o capital humano e nada com fiscalidade.
Absolutamente. E a outra, tem a ver com o processo de organização social. O que estou a dizer é que, por exemplo, para uma fábrica de automóveis a questão dos impostos é chave. Mas para ter empresas informáticas ou clínicas de alta qualidade, pode não ser tão importante. Isso obrigaria a ver, em primeiro lugar, o que é que queremos atrair nesta fase e o que podemos atrair. E até podemos concluir que é muito mais importante no futuro não ter um IRS muito pesado sobre os quadros do que ter um IRC baixo para as empresas. O cenário da Florida, por exemplo, tem muito mais a ver com talentos.
Já produzimos alguns talentos mas a tendência parece ser a de se irem embora.
Essa questão só se resolve com investimento estrangeiro. E a única alínea da política industrial de um país como Portugal é a atracção de investimento.
Olhando para os cenários que nos projectam mais na globalização, onde é que precisamos de apostar?
Este trabalho que fizemos agora para a ANEOP está muito centrado nas infra-estruturas para lhes chamar a atenção de que, conforme os cenários, assim será a actividade no sector. O cenário da "plataforma asiática" é o mais exigente
Mas não vale a pena pensar em infra-estruturas se não estivermos, ao mesmo tempo, a atrair os investimentos que necessitem delas. É isso que me custa a perceber, não sermos capazes desse exercício... Temos de encontrar quem são os actores que estão interessados em vir para aqui. E isso não se pode definir à partida, embora haja coisas que se podem saber. Penso, por exemplo, que devemos olhar para Estados intersticiais como Singapura ou o Qatar, com pouca base territorial, mas ligados ao mundo e que precisam de bases. Devíamos olhar para eles como aliados para fazermos aeroportos ou portos de águas profundas ou para termos parceiros para a TAP.
Onde é que vamos encontrar os actores políticos, económicos, sociais para conseguirmos isso?
O que vai tornar este período mais difícil é ainda não se saber exactamente a natureza desta crise. Se esta crise for uma crise de rearrumação da globalização, quem estiver cá a governar vai ter de exercer funções que antes não eram precisas por causa da Europa. Vamos demorar tempo até nos adaptarmos a esta nova realidade e vai levar tempo a que a classe política evolua. Isso não quer dizer que a Europa não tivesse sido boa. Mas criou, em simultâneo, um modelo de funcionamento que não gera as exigências que agora vão ser precisas. As pessoas espantam-se que os dirigentes políticos tenham perdido qualidade. Era inevitável. Era um grupo que devia apenas seguir o que se decidia em Bruxelas, não era preciso mais.
Agora, vamos atravessar um processo dramático onde vão aparecer muitos falsos profetas mas em que o nível vai mesmo ter de acabar por subir. Imagino que sim.
Por Teresa de Sousa
Fonte: Jornal Publico