terça-feira, 15 de março de 2011

WIKILIAKS SOBRE PORTUGAL

Atualidade Portugal conta tudo antes das reuniões na Europa

Portugal conta tudo antes das reuniões na Europa

Há 30 telegramas entre 2006 e 2009 que mostram como, antes de cada Conselho Europeu de ministros dos Negócios Estrangeiros, Portugal informa os EUA sobre o que lá se vai passar. (Aceda aos telegramas na íntegra através deste texto)
Luísa Meireles (www.expresso.pt)
13:20 Segunda feira, 14 de Março de 2011





Durante três anos seguidos, entre 2006 e 2009, os Estados Unidos obtiveram regular e sistematicamente informações sobre a política externa portuguesa e europeia, seguindo de perto alguns dossiês e pressionando os que consideravam mais "sensíveis". É isto que se conclui da análise dos telegramas oriundos da embaixada americana em Lisboa durante aquele vasto período (e, ao que se sabe, depois disso) que relatam, mês a mês e ponto por ponto, as reuniões dos seus diplomatas com homólogos portugueses.

Aos americanos interessa-lhes tudo, das questões europeias em geral a questões da política externa em particular. Uma obsessão, todavia: o Kosovo e a sua independência, declarada unilateralmente a 17 de fevereiro de 2008 e só reconhecida por Portugal em outubro desse ano. E um interesse especial: a cimeira UE-África, realizada em dezembro de 2007, no âmbito da presidência portuguesa da União, em cuja unidade de missão esteve previsto participar um diplomata americano, ao abrigo de um programa de intercâmbio.
Em ambos os temas, os EUA fizeram sentir a sua "forte oposição" em relação às atitudes portuguesas, não coincidentes com as suas, como refere o embaixador Alfred Hoffman, ao relatar, num telegrama de 24/10/2007, um encontro sobre o Kosovo com as diplomatas portuguesas Liliana Araújo e Rita Laranjinho. "Respondemos veementemente que as discussões da troika não podiam ser inconclusivas e que adiamentos sucessivos só contribuiriam para a instabilidade", diz, a propósito da informação de que o relatório sobre a situação naquele território, que seria entregue posteriormente, não seria considerado "o fim" do processo.





O tom é semelhante num outro documento, de 18/7/2007, desta feita sobre o Zimbabwe, quando o diplomata americano Daniel Fried se reúne em Lisboa com os diretores políticos dos 27 Estados da UE. Narrando a reunião, escreve Hoffman: "O embaixador Fried elogiou os esforços portugueses para realizar uma cimeira UE-África, mas expressou a sua esperança de que Portugal enviaria um forte sinal de apoio à boa governação, não convidando o Presidente do Zimbabwe Robert Mugabe". A resposta portuguesa foi lapidar: "Portugal encontrará uma solução". Como se sabe, Mugabe veio à cimeira, mas o convite foi assinado por José Sócrates, "apenas" como primeiro-ministro do país anfitrião, não de presidente em exercício da UE.

Os americanos, reconhecem, aliás, que "os portugueses estão determinados em realizar com êxito uma cimeira UE-África" (telegrama de 28/3/2007) e que Portugal "aguenta firme" quanto a Mugabe. "Não controlamos quem representa África, isso é com a União Africana", responde o assessor diplomático do primeiro-ministro ao embaixador Hoffman, quando este lhe "expressa a profunda preocupação" com a eventual presença do líder africano, num telegrama de 5/11/2007.
Curiosamente, o Tratado de Lisboa, a maior 'conquista' da presidência portuguesa, nem sequer é referido nos telegramas a que o Expresso teve acesso.
Porém, muitos outros temas são abordados, ao ponto de nos indagarmos se os próprios deputados portugueses seguem com tanta atenção os passos da política externa portuguesa.
Small fish

Os americanos querem saber tudo e de tudo dão conta para Washington. Desde os Balcãs ao Médio Oriente (com realce para o Irão), passando pela Rússia e Geórgia, a propósito de cuja guerra o embaixador Stephenson acha "interessante que Portugal ainda confie nas promessas de Medvedev". Abordam África, mas também a Ásia, onde conta a China, a Coreia do Norte ou até a Birmânia. Frequentemente, comentam as posições portuguesas, ou fazem a distinção entre o que lhes parece ser a posição oficial e a pessoal do seu interlocutor.
Sobre a cimeira UE-Rússia, por exemplo, que Portugal organizou em outubro de 2007 e que mereceu grande atenção à parte americana, diz Hoffman: "Os portugueses estão atentos em marcar os mesmos pontos que nós, embora não tão assertivamente como gostaríamos". E comenta: "Sócrates e outros funcionários governamentais caracterizaram a cimeira como um sucesso... mas parece-nos a nós de pequena monta (small fish)".
Mais tarde, num texto sobre um encontro com Jorge Rosa de Oliveira (ex-assessor diplomático do PM), o embaixador anota que este lhe afirmou que o "objetivo de Portugal era garantir que as relações com a Rússia fossem melhores no fim do que no princípio da cimeira". "Não me surpreende" - escreve - "a satisfação de Portugal em ter cumprido objetivos tão pouco ambiciosos". Sobre o próprio Rosa de Oliveira, é mordaz: "Apesar de amigável e acessível, tende às vezes a inclinar-se para uma inútil retórica socialista".
Nestes telegramas não se estranha que tantos e variados assuntos da política portuguesa e europeia sejam referenciados. Os encontros onde tais assuntos são conversados fazem parte da rotina diplomática. O que surpreende é a sua regularidade e intensidade. Praticamente todos os meses, sempre antes das reuniões do antigo Conselho de Assuntos Gerais e Relações Externas (CAGRE) e, muitas vezes, das reuniões informais dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, há um encontro... e um relatório para Washington sobre as opiniões portuguesas e as posições europeias.
"Fora do quadro da União, falamos com vários países amigos, a seu pedido, mas os americanos praticamente institucionalizaram estes encontros e aparecem sempre. Os outros só de vez em quando". comentou ao Expresso fonte diplomática portuguesa. Os americanos não brincam em serviço.

Porque Portugal não reconhece o Kosovo?

Portugal tardou a reconhecer o Kosovo - em outubro de 2008, oito meses após a sua declaração unilateral de independência - por uma tripla conjunção: porque Cavaco Silva punha reticências; porque o Governo temia que "os partidos à esquerda e à direita se unissem contra o PS e o PSD" (PC, BE e CDS eram contra); e para preservar o entendimento com a Sérvia e evitar que esta cortasse relações com Portugal. Quanto ao ministro Luís Amado, queria, primeiro, evitar a declaração unilateral, depois conseguir o consenso na EU e, finalmente, reconhecer o Kosovo logo "na primeira leva". É assim que o embaixador Thomas Stephenson vai comentando, em sucessivos telegramas, o "incompreensível" atraso de Portugal no reconhecimento. Só em julho o diplomata obtém a garantia de que o processo é "uma questão política, mais do que legal", uma afirmação que lhe é feita pelo então diretor de política externa, Nuno Brito. O tema é objeto de uma atenção obsessiva, ao ponto de o embaixador questionar o próprio Presidente sobre o assunto até admitir, ironicamente no próprio dia do reconhecimento (7/10), que "só acreditará quando o vir".
L.M.


Texto publicado na edição do Expresso de 12 de março de 2011






WikiLeaks Portugal, EUA, diplomacia, LUIS AMADO, Actualidade












Comentário mito sucinto:

Entre 2006 e 2009, quem estava no governo ?
Era o PSD, ou o PS ?
É que de momento, tive uma falha de memória !









Re: Portugal conta tudo antes das reuniões na Euro



Samm

Perante a pergunta "terei orgulho em ser português", a minha resposta tende, de dia para dia, a ser "não particularmente".
O patriotismo é um sentimento de filiação, emocianal e subjectivo.

Para mim é humilhante saber que os nossos governantes se prestam a estas submissões, a não passarmos de sabujos que tentam agradar aos donos.
Fala-se em perda de soberania com a vinda do FMI. O Sócrates vai à Alemanha receber indicações e fala-se em soberania? Somos umas prostitutas vendidas (e com dívidas) a tudo e a todos os regimes do mundo, e falamos em soberania?

Comecei por pensar que eramos uma nação valente, capaz dos maiores feitos, mas depois cresci...







O "infiltrado".Luis Amado,isso não se faz



águiadois

Confiança é o que se exige ao Ministro dos Negócios Estrangeiros de um País Livre.







Papagaios europeus


CãodaRosa

O papel de Portugal na Europa é triste a fazer fé na notícia, não passa de um país dirigido por delatores, por bufos de meia tijela, por gente sem nível e sem vergonha que tudo fazem em nome do dono. Se houver uma réstea de vergonha esta gente demite-se toda e foge para onde ninguém os veja.







AFINAL,O PORTUGAL JÁ NADA MANDA,NEM NADA REPRESENTA



Tibiriçá....

É O FIM DUM PAÍS,QUE JÁ NASCEU MORTO.???ATÉ QUANDO AÍ EM MEU AMADO PORTUGAL COMEÇAMOS A TER GOVRENANTES CAPAZES,E COM VERGONHA NA CAA.??ATÉ QUANDO.>?/CPTS.KANTIFLAS GARIBALDI.







Zangados :)


PASe7e

Que zangados devem andar certos comentadores. Depois de terem negado fosse qual fosse o mérito às revelações da Wikileaks eis que o "Expresso", que não é propriamente o órgão central do BE, acha que os telegramas são relevantes e toca a publica-los!!! Que chatisse :-)




Re: Zangados :)


Samm




E sobre o Freeport?



Joaquim Marques Cruz

Já disse, em notícia anterior, que a divulgação, do que tem sido divulgado, não tem interesse nenhum.
Agora... se os Senhores jornalistas pesquisarem bem, benzinho mesmo, é provável que achem alguma informação, alguma opinião, e qui ça facto, que a Embaixada dos States tenha informado a Secretaria de Estado, sobre o caso Freeport.
Ora, dediquem lá o vosso tempinho a pesquisar coisas interessantes.
Agradecido







governantes "tótós"


sergio vieira

De duas coisas tenho certeza: Os EUA estão mais bem informados de todos estes assuntos ( e que nos dizem respeito) que os nossos próprios ministros; e que acham que todos os nossos governantes são "tótós". E teem razão!





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