sexta-feira, 22 de abril de 2011

RASPANETE FMI POR TOLERANCIA DE PONTO

Tolerância de ponto: FMI dá-nos um raspanete

Conselheira Portuguesa do Fundo diz que estamos a dar imagem de país que «não quer encarar realidade»

O Governo deu tolerância de ponto na quinta-feira à tarde e o Fundo Monetário Internacional não gostou. O país leva assim um raspanete, mas de um membro que sabe muito bem do que está a falar: trata-se da única portuguesa conselheira no FMI.

«Estamos a dar uma imagem de um país que não quer encarar a realidade. Um sinal de que pelos vistos não é preciso trabalhar», criticou Estela Barbot, em declarações à TSF.

Ou seja, Portugal está a dar um exemplo errado à troika do FMI, BCE e Comissão Europeia que está por cá a negociar o pacote de ajuda externa e que não vai parar de trabalhar na Páscoa.

Já milhares de funcionários públicos - e também houve empresas privadas que alinharam na proposta do Governo - ficaram com direito a quatro dias e meio de mini-férias, já que à tolerância de ponto se junta o feriado desta sexta-feira, o fim-de-semana de Páscoa e o feriado do 25 de Abril.

Ora o FMI não gostou da atitude do Governo e Estela Barbot dá um sermão ao país: «Acho que é muito importante a imagem que nós queremos dar do país e se todos estamos já conscientes de que a situação é muito complicada, todos devemos dar sinais de que nos estamos a esforçar para ultrapassá-la e não dar exactamente sinais ao contrário».

Desculpa: manter a tradição

O gabinete do primeiro-ministro justificou a decisão de dar folga esta tarde como uma forma de manter a tradição dos anos anteriores. Mas estas paragens - tolerância de ponto e feriados - custam 92 milhões de euros ao país, numa altura em que o mealheiro está vazio à espera da caridade do FMI e dos parceiros europeus.

A decisão do Governo logo suscitou reacções: Passos Coelho disse que o Governo fez mal, o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa classificou-a de um mau exemplo e até o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado se manifestou contra.

O mesmo aconteceu com alguns autarcas que decidiram isso não dar folga aos seus trabalhadores.

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